Eu sempre fui fã de musicais, mas nunca vi nada como Dreamgirls! A sensação de ver na tela um filme como este é inexplicável. Tudo bem, o gênero não é novidade para ninguém neste mundo. Depois de um limbo de mais de 10 anos os musicais voltaram a Hollywood de forma arrebatadora com Moulin Rouge (2001) de Baz Luhrmann fazendo sucesso no mundo inteiro e incentivando outros estúdios a apostarem no novo filão, perfeito para as mentes americanas traumatizadas – pós 11 de setembro – por ser um gênero leve, alegre, aparentemente “apolítico” e passageiro para os espectadores.
Dreamgirls vai um pouco à contra mão do que rege a “cartilha” dos musicais. É um filme alegre, coloridíssimo, com visual extravagante, números de dança perfeitos, músicas de primeira qualidade, interpretações seguras. Está tudo no lugar como um bom musical deve ser. Mas vai além. Dreamgirls é o primeiro musical da “nova era” do cinema americano legitimamente popular, é sofisticado, mas não elitizado como Chicago, por exemplo. Também é o primeiro musical negro hollywoodano a fazer realmente sucesso – ficou restrito a pouquíssimas salas, mas fez mais de 90 milhões em bilheteria só nos EUA. Um outro ponto é o cunho histórico muito bem conduzido pelos roteiristas, evidenciando o período de ascensão do movimento liderado por Luther King nos EUA e da fúria da população negra lutando nas ruas pelos direitos negados há tanto tempo.
Baseado no musical de sucesso homônimo da Broadway de 1981, o filme passeia por duas décadas da black music – 60 e 70 – e é através dela vai conduzir o espectador ao universo da musica negra norte americana, do começo em pequenos bares localizados nos bairros negros, passando pelos primeiros festivais ao sucesso e estouro em todo mundo, incluindo na bagagem apropriação indevida de artistas brancos transformando a musica negra em um “novo” produto dissolvido a ser degustado pela população branca.
O enredo adapta a história de um famoso trio nas décadas de 60/70, as Supremes. Não oficialmente é claro, mas trocam-se os nomes, as músicas, floreia-se um pouco a historia e alguns números para evitar problemas futuros com caros processos judiciais – algo que esta na moda em Hollywood, vide o também elogiado O Diabo Veste Prada. O trio é descoberto com seu doo-wop leve e despretensioso em um festival, é integrado ao time do cantor James Thunder (uma mistura óbvia de James Brown e Marvin Gaye) e com o sucesso, logo desfaz a parceria e passa a ser um trio independente despontando nas paradas musicais com seu incrível sucesso. Depois vêm os conflitos internos do grupo, inveja das integrantes, cobiça dos empresários e a decadência do grupo com a mudança do cenário musical negro, chegando a Disco Music.
O filme tem outros pontos fortes, como o elenco de primeira linha. Jamie Foxx, a cantora Beyonce (em sua primeira grande experiência nos cinemas), Eddie Murphy, Danny Glover, Anika Noni Rose, Keith Robinson e Bobby Slayton dão vida ao filme de uma forma única e surpreendente. Mas é Jennifer Hudson quem coloca fúria no filme e faz a tela balançar de verdade. Sua personagem é a destemida Effie e quando canta transmite toda a fúria e indignação que sente em meio aos acontecimentos que norteiam o grupo. Tanta entrega acabou em reconhecimento no Oscar e no Globo de Ouro, além de outros prêmios.
Até chegar no time final, astros da música como Usher (previamente escalado para viver o coreógrafo C.C. White) foram cotados a participar do filme e muitos testes foram feitos para a escolha de Effie White, além da longa negociação com Eddie Murphy para viver o papel de James Thunder Early.
Dreamgirls não é o tipo de filme para ser visto uma só vez. É impossível enxergar todas as referências musicais e históricas de uma só vez, de reparar nos números musicais e todos os seus detalhes. Assistir a Dreamgirls é mais que uma experiência maravilhosa. É absolutamente fantástico! O que está fazendo na frente do computador, que ainda não foi pegar o dvd na locadora? Dreamgirls é um filme com um gosto especial...
Dreamgirls) EUA, 2006. Direção: Bill Condon. Elenco: Jamie Foxx, Beyonce Knowles, Eddie Murphy, Danny Glover, Anika Noni Rose, Jennifer Hudson, Keith Robinson, Bobby Slayton. Duração: 131 min.
Dreamgirls vai um pouco à contra mão do que rege a “cartilha” dos musicais. É um filme alegre, coloridíssimo, com visual extravagante, números de dança perfeitos, músicas de primeira qualidade, interpretações seguras. Está tudo no lugar como um bom musical deve ser. Mas vai além. Dreamgirls é o primeiro musical da “nova era” do cinema americano legitimamente popular, é sofisticado, mas não elitizado como Chicago, por exemplo. Também é o primeiro musical negro hollywoodano a fazer realmente sucesso – ficou restrito a pouquíssimas salas, mas fez mais de 90 milhões em bilheteria só nos EUA. Um outro ponto é o cunho histórico muito bem conduzido pelos roteiristas, evidenciando o período de ascensão do movimento liderado por Luther King nos EUA e da fúria da população negra lutando nas ruas pelos direitos negados há tanto tempo.
Baseado no musical de sucesso homônimo da Broadway de 1981, o filme passeia por duas décadas da black music – 60 e 70 – e é através dela vai conduzir o espectador ao universo da musica negra norte americana, do começo em pequenos bares localizados nos bairros negros, passando pelos primeiros festivais ao sucesso e estouro em todo mundo, incluindo na bagagem apropriação indevida de artistas brancos transformando a musica negra em um “novo” produto dissolvido a ser degustado pela população branca.
O enredo adapta a história de um famoso trio nas décadas de 60/70, as Supremes. Não oficialmente é claro, mas trocam-se os nomes, as músicas, floreia-se um pouco a historia e alguns números para evitar problemas futuros com caros processos judiciais – algo que esta na moda em Hollywood, vide o também elogiado O Diabo Veste Prada. O trio é descoberto com seu doo-wop leve e despretensioso em um festival, é integrado ao time do cantor James Thunder (uma mistura óbvia de James Brown e Marvin Gaye) e com o sucesso, logo desfaz a parceria e passa a ser um trio independente despontando nas paradas musicais com seu incrível sucesso. Depois vêm os conflitos internos do grupo, inveja das integrantes, cobiça dos empresários e a decadência do grupo com a mudança do cenário musical negro, chegando a Disco Music.
O filme tem outros pontos fortes, como o elenco de primeira linha. Jamie Foxx, a cantora Beyonce (em sua primeira grande experiência nos cinemas), Eddie Murphy, Danny Glover, Anika Noni Rose, Keith Robinson e Bobby Slayton dão vida ao filme de uma forma única e surpreendente. Mas é Jennifer Hudson quem coloca fúria no filme e faz a tela balançar de verdade. Sua personagem é a destemida Effie e quando canta transmite toda a fúria e indignação que sente em meio aos acontecimentos que norteiam o grupo. Tanta entrega acabou em reconhecimento no Oscar e no Globo de Ouro, além de outros prêmios.
Até chegar no time final, astros da música como Usher (previamente escalado para viver o coreógrafo C.C. White) foram cotados a participar do filme e muitos testes foram feitos para a escolha de Effie White, além da longa negociação com Eddie Murphy para viver o papel de James Thunder Early.
Dreamgirls não é o tipo de filme para ser visto uma só vez. É impossível enxergar todas as referências musicais e históricas de uma só vez, de reparar nos números musicais e todos os seus detalhes. Assistir a Dreamgirls é mais que uma experiência maravilhosa. É absolutamente fantástico! O que está fazendo na frente do computador, que ainda não foi pegar o dvd na locadora? Dreamgirls é um filme com um gosto especial...
Dreamgirls) EUA, 2006. Direção: Bill Condon. Elenco: Jamie Foxx, Beyonce Knowles, Eddie Murphy, Danny Glover, Anika Noni Rose, Jennifer Hudson, Keith Robinson, Bobby Slayton. Duração: 131 min.