quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Power de Courtney Kemp Agboh

Se tem uma coisa que 50 Cent gosta de falar é sobre poder. Seus filmes, sua música, falam muito sobre este assunto. Nada de muito profundo. O rap do cantor não é do tipo que vai fazer o público transgredir. É fútil, esnobe, violento e faz sucesso! Não estranho nada o fato do assunto principal de uma série produzida por ele ser o poder a qualquer custo. E o produto final é bom.
Mas o trunfo da série não está no rapper, que faz um personagem na trama, mas está longe de pertencer ao núcleo principal. A forma como a roteirista Courtney Kemp Agboh conduz a história é que faz toda a diferença. Kemp pega elementos clichês e conduz isso num ritmo totalmente sedutor. O roteiro não mostra reviravoltas espetaculares, mas entrega informações que pouco a pouco vão conduzindo o espectador a perceber relações chaves na história.
Em Power, Omari Hardwick, vive o bem sucedido empresário James St Patrick, dono de uma das melhores boates da cidade de New York. Bonito, rico, elegante, chefe de uma família bem estruturada, James mantém por baixo dos panos outra vida. Uma carreira, também bem sucedida, no tráfico de drogas. Neste novo mundo ele é o traficante Ghost. Um negócio serve para acobertar o outro. Mas James, logo no começo da série, já demonstra sinais que para ele a carreira de traficante precisa chegar ao fim.
A cada capítulo vemos a tentativa de James se afastar do mundo do tráfico, que se intensifica com a chegada de um antigo amor, a latina Ângela. Ele não sabe, mas esse amor que chega (E claro, começam um caso! Rs) é na verdade agente da C.I.A e investiga uma organização de traficantes que age na cidade de New York controlando várias frentes do crime...
Ou seja, a velha história dos amantes que pertencem a mundos diferentes, não poderiam estar juntos, tudo pode acabar da pior forma possível, mas seguem firme e forte. A formula de manter essa historia aberta ao público desde o começo, instiga o espectador de ver o que acontecerá quando os dois souberem um do mundo do outro...
Mas não se engane com o romance... Ninguém, eu disse, ninguém presta nessa série. Brancos, negros, mulheres, homens, héteros, gays, ninguém vale nada e muitos são do pior escalão possível de periculosidade. Aliás, me surpreendi quando o pior de todos é um homem gay, efeminado, que é levado a sério e todo mundo se caga quando fala o nome dele...
Nature Noughton, bela interpretação e o
ator principal da série Omari Hardwick
Além do roteiro, que apesar de batido é bem conduzido, o elenco é bom também. Omari foi feito para fazer o tipo de homem que por mais que a situação tenha saído do controle, mantém a pose direitinho. Sabe o tipo, atormentado bonitão? Pois é! Esse tipo de papel ele faz muito bem. 50 Cent vive uma variação de si mesmo. Mas quem se destaca realmente, são Nature Naughton, atriz que vive a esposa e mãe dos dois filhos de James e o amigo e sócio dele, encarnado pelo ator Joseph Sikora. Os dois encarnam os melhores diálogos, as melhores performances e a construção dos personagens deles é milimétrica e crescente. Muitos atores começam e terminam a primeira temporada da mesma forma, mas esses dois atores, conduzem tudo num arco muito bem feito.
Bom frisar também sobre as cenas de sexo da série. Sem grandes moralismos. No começo fiquei me perguntando se era um artifício para conseguir audiência (e sim era!), mas depois vendo a primeira temporada toda e o desenvolvimento dos personagens, as cenas realmente cabiam. É bom notar como James faz sexo com cada mulher. Como ele começa de forma extremamente bruta com a esposa e depois com a amante. Nos outros capítulos, ele está presente na cama de forma diferente com cada uma e a forma também como é filmada as cenas de sexo vai mudando capitulo a capitulo. Essas cenas também desaparecem, conforme a história fica mais concisa. E sim, todo mundo nu!

A primeira temporada de Power teve 8 episódios. Cada um com pouco mais de 50 minutos. Tem seus altos e baixos na trama. Mas a boa condução fez com que a série fosse renovada para a segunda temporada, onde terá dois episódios a mais que a primeira. Mas só em 2015. Gostei de saber da renovação, pois o final deixa brechas grandes de todos os personagens, além da promessa do crescimento do personagem feito pelo seu principal e mais famoso produtor...