quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

domingo, 27 de dezembro de 2009

UM BAÚ DE DESCOBERTAS...

Fim de ano. Arrumação de gavetas, um monte entulho que você não precisa mais colocado pra fora de casa... Um ano novo começa e não queremos deixar nada desarrumado para quando 2010 chegar... Estou tentando fazer isso também no computador. Arrumação geral. E na minha pasta de música, que tem dentro dela trocentas mais outras pastas com muitos CDs, percebi que por conta de nossa Senhora da Web consegui este ano descobrir muita coisa boa. E que se não fosse por ela estaria ouvindo os badauês da vida, clichês da música ou algo pré fabricado pela malfadada industria do entretenimento. A primeira grande descoberta foi o afro caribenho Medhy Custos que durante todo o ano esteve presente no meu som. Tornou-se trilha sonora obrigatória de todos os dias. Um zouk gostoso de ouvir, com influências do hip hop. Ainda no zouk, descobri no mesmo caminho do Medhy Custos um trio de meninas lindas as Lês Desses, espécie de “Destiny Child afro caribenho francês do zouk” (rsrs). O cd com o nome do grupo contagia e também embalou bastante meus dias em 2009.

Saindo um pouco do caminho dos grupos novos, também velhos interpretes voltaram a tona de forma glamurosa. Donna Summer com seu Crayons e Lionel Ritchie com o álbum Just Go voltaram com muito gás e muito botox também para abater a velhice... Mas no quesito música os CDs estão muitos bons, mas quem ganha na corrida final é Ritchie com romantismo na medida certa. Seguindo a moda, a mistura com hip hop está presente, mas não agride as melodias, nem enjoa quem ouve.

Já essa é para você que tem mais de 25 anos e na adolescência ouviu ininterruptamente rádios como Jovem Pan, Transamérica afins e dançou até não querer mais o fenômeno que durou quase toda década de 90, o “glorioso” Eurodance. Se você acha que perdeu todos os seus exemplares de “As 7 Melhores” em fitas cassetes mofadas que não tem mais lugar neste mundo virtual, está enganado. A Eurodance, com seus exemplares Haddaway, Corona, In Vogue e La Bouche, está mais viva do que nunca na internet. Consegui resgatar tudo o que fez parte da minha adolescência e estou agradecendo desde já que a internet mantém vivo o que a anos atrás poderia estar condenado ao limbo.

Indo um pouco para o caminho do rock, tem o trio inglês Noisettes que fiz postagem toda especial para ele logo mais abaixo. As musicas grudam que nem chiclete pode acreditar.

Deixando o caminho internacional um pouco de lado e vindo parar aqui no Brasil, descobri umas raridades ótimas através da net fruto do nosso país. Primeiro: toda a discografia da cantora Margareth Menezes está disponível para qualquer um baixar a hora que quiser. Desde seu primeiro disco em 1988 até o último gravado na Concha Acústica. A obra de Maga é irregular em alguns momentos, mas a cantora baiana símbolo mestre do samba reggae tem coragem em mesclar MPB e o ritmo afro que a gente só vê aqui. Outra cantora que “descobri” pela net este ano foi Jovelina Pérola Negra. Meu Deus simplesmente maravilhosa!!!!! Suas músicas são de uma simplicidade e um lirismo que assusta. Retrata a vida dos negros brasileiros com uma visão toda particular e faz isso um divertimento inexplicável.

Para finalizar, estou descobrindo neste finalzinho de ano Aretha Franklin... Ah! Antes tarde do que nunca. E estou adorando! Minhas preferidas são Shoop Shoop Song, Rescue Me, Respect, além de Thing que acho já nasceu clássico. Ela tem uma baita voz que me deixa feliz quando ouço. E acho que musica é para isso. Para te fazer sorrir, colocar para cima e Aretha faz isso, lamenta as vezes, mas até nos lamentos é forte como uma tempestade.

Que venha 2010 com mais descobertas negras no mundo da música.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

SOLIDÃO.

Ligo para um amigo, já na rua, ele atende... Onde você está? Aqui no Porto da Barra rapaz, um restaurante aqui em frente à praia... Ele me diz o nome e logo depois pergunto. Onde você está? Não se preocupe, não vai ter trabalho de me achar, sou o único negro do restaurante. Estranho a resposta do meu amigo, desligo o telefone e sigo em frente. Quando chego ao tal restaurante, vejo que clientes e garçons são brancos. Me sinto estranho, não sei por que, mas continuo. Almoço com meu amigo e combinamos de ir ao cinema. O ônibus demora e daqui a alguns minutos a sessão do filme vai começar. Passa então o que aqui em Salvador chamamos de frescão – microônibus com ar condicionado que geralmente custa o dobro da passagem normal – entramos no veiculo e em um ônibus quase lotado somos os únicos negros, a maioria eram turistas...

Saímos do ônibus, em frente ao cinema, um artiplex charmoso no centro da cidade, na verdade um antigo cinema de 700 lugares com parte superior e inferior que foi totalmente transformado em 4 salas, uma livraria, cafeteria e restaurantes, pegamos a sessão a tempo. Quando entramos no cinema, ainda com suas luzes acesas somos eu, meu amigo e mais duas moças no centro da sala de negros. Cerro os olhos, estranho novamente, mas desvio minha atenção para o filme que começa. Saímos do cinema uma hora e meia depois. Ele diz que tem que passar em um shopping, mesmo longe resolvo acompanhá-lo... Depois das compras, na praça de alimentação, sentamos e vejo entre uma batata frita e outra que existe uma parte da praça em que o ar condicionado é bem mais forte que o resto do shopping e que a maioria das pessoas são... hum... digamos, não negras...

Fico pensado onde está a Salvador da mistura de raças, ou melhor, a Salvador que o IBGE me afirma ter 83% da população negra... Onde está?... Acredito que a população negra não somente trabalha, ela também se diverte, seja onde for. Tem direito de ir ao cinema (localizado no centro da cidade), ao shopping e comer, ao restaurante... Em nenhum lugar vi escrito “proibido a entrada de negros”... A cabeça martelava, mas sei que até em certos ensaios que antecipam o carnaval a presença de brancos é bem maior que a de negros...

Não é a primeira vez que noto isso. Varias vezes já constatei ser um único ou o participante de um conjunto de dez negros dentro de um estabelecimento de diversão qualquer aqui em Salvador. E nem todas as vezes fui fazer o programazinho de “linha burguesa”, mas também fui experimentar produtos da cultura negra e me senti de uma certa forma sozinho. Como da vez que fui ver o maravilhoso espetáculo AFRICAS do Bando de Teatro Olodum, ou mais recentemente quando fui ver a primeira princesa negra da Disney, Tiana... O publico ali era majoritariamente branco. A partir desta postagem deixo aqui muitas perguntas, são obvias então nem perder tempo expondo-as por aqui. Se acompanha este blog, sabe muito bem minha opinião sobre o que escrevi acima. Eu tenho minhas conclusões. Tire as suas...

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

A Princesa Sapo: O sapo que vira Princesa ou a Princesa que vira sapo?

Fui ver a primeira princesa negra e a volta dos desenhos em 2D da Disney ansioso. O estúdio do ratinho mais famoso do mundo nunca foi de acertar muito quando o quesito é a diversidade. De todas as princesas e contos de fadas passados para a tela somente três, Pocahontas, Mulan e Jasmim eram de outra raça, o resto foram loiras de olhos verdes/azuis, indefesas na sua maioria e chatas!... A Disney lançava fotos dali, um fiapo de historia daqui para aumentar a expectativa do que estavam fazendo e o que iam entregar. Logo de cara duas gratas surpresas, no time que dublaria as personagens estavam Oprah Winfrey e Anika Noni Rose (de DreamGrils) e a direção de John Musker e Ron Clements (A Pequena Sereia, Alladin) me fez respirar aliviado. Mas o selo Disney ainda me incomodava...
Uma outro fator de incomodo era a historia. Princesa, que não era bem uma princesa, virava sapo após beijar outro sapo acreditando que seu beijo o transformaria em um príncipe... Que historia seria essa de uma princesa que viraria sapo? Ao contrario de outras princesas que tinham o poder de transformar sapos horrendos em belos homens a primeira princesa negra da Disney daria o beijo no sapo e ela era quem viraria sapo? Medo!!!!!!! Além disso, começaram a chover criticas da militância negra norte americana e também de alguns críticos de cinema antes mesmo do filme estrear... Estava apreensivo com o lançamento do filme e via cada noticia com uma forte expectativa. Até que vi o filme no cinema...
É claro que o produto, apesar de correto, leva a marca Disney e o desenho tem bastantes problemas. A história apresenta Tiana, moradora da cidade de Nova Orleans, menina que sonha ter um restaurante grandioso e trabalha feito uma condenada para realizar seu sonho. Ela só pensa no trabalho, tem dois empregos e quer realizar seus sonhos fazendo todo esforço possível. Do outro lado, está o príncipe Naveen (um porre!!!), um playboy de ultima categoria que perdeu a mesada dos pais e vem para os EUA tentar casar com um ricaça qualquer para que sua boa vida não cesse de vez. Em uma reviravolta que mistura vodu e seu criado ressentido, o príncipe vira sapo, encontra Tiana, pede a ela que o transforme em príncipe novamente e ela quando o beija... vira sapo.
E é este o fiapo de historia! Mas desenhos animados infantis nem sempre tem roteiros mirabolantes (principalmente os desenhos da Disney) que vão mudar sua vida ou vai fazer você pensar em algo mais sério. Retiro o que disse somente vendo filmes da Pixar, que espertamente foi comprada pela Disney que não é boba nem nada de ter em suas mãos o estúdio com colaboradores mais originais de todos os tempos. E o fiapo de historia de A Princesa Sapo é conduzido de forma bastante eficaz, o filme tem ritmo, canções boas e cores muito bem suadas em toda projeção. Mas A Princesa Sapo tem problemas... e nãos ao poucos...
O primeiro que o filme inventa de nunca tocar no assunto cor (!). Parece que Tiana não é negra, mesmo ela vivendo na década de 20, tendo contato com pessoas em um bairro francês, convivendo com pessoas brancas e ricas. Parece que racismo nessa época (pasmem!) não existe e a única coisa que a princesa enfrenta é o preconceito social e também o fato de ter sido transformada em um sapo fruto indireto de um feitiço vodu (!!). Outra coisa é o tratamento dado ao vilão um mestre vodu macabro e ao culto dos ancestrais (os ditos “amigos do outro lado” no filme) que são apresentados em uma musica divertida, coisa bem da Disney apresentar o vilão que mata, rouba, faz chorar mas com muito bom humor... Em contra partida, o desenho mostra uma típica fada madrinha também do vodu, que é absolutamente uma das melhores personagens (se não a melhor) do filme, mas a senhora que quebra qualquer feitiço inventa de cantar uma musica ao estilo gospel com direito a coro e tudo (!!!). E tem coisa pior que apresentar uma princesa negra, mas que nem parece que é, é apresentar uma princesa negra que se transforma em sapo durante muito tempo do filme, ou seja, ela nem aparece direito (!!!!).
E ai vem às perguntas? Para que alardear o mundo inteiro com a propaganda de uma princesa negra, se a princesa negra poderia ser interpretada por uma atriz branca que não faria diferença – ela e Helena seria intimas! Como escreveu certa vez Aguinaldo Silva em um lugar que não me lembro muito bem, não dá para escrever um personagem negro sem levar em consideração tudo que sua cor condiz à sociedade. Uma outra pergunta é por que a fada madrinha para ser considerada legal tem que evocar um coral gospel – uma canção até boa diga-se de passagem... Mas vodu e gospel combinam desde quando?
Por isso, a ultima vez que vi um desenho em 2D infantil que prestasse foi em... Hum... Aladim, no longínquo ano de 1993. Ainda prefiro a Pixar, com seus bichinhos engraçadinhos (Nada é melhor do que Procurando Nemo até hoje) que fazem sorrir, chorar, sonhar na medida certa. Ver Tiana na tela foi lindo, mas o feitiço vira sapo e não chega a se transformar em príncipe, por mais que o beijo seja poderoso!...

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

DE MAURICIO PESTANA: VIOLENCIA HISTORICA.

Revistas em quadrinhos com bons personagens negros que elas quase não existem disso todo mundo sabe. Revistas em quadrinhos com bons personagens negros aqui no Brasil, é para disputar a quebra pau um exemplar. Mas como para toda regra existe uma exceção, Mauricio Pestana publicitário, cartunista, escritor e roteirista de mão cheia, também um dos editores da revista Raça (a nova!) tem um trabalho primoroso junto aos cartuns e diverte o publico com critica, humor e muito talento com os seus desenhos.

Trago desta vez a 2º Edição da “revistona” VIOLENCIA HISTORICA. Retratada em preto e branco conta a historia de Husani, que é morto logo na primeira tira de quadrinho e é levado ao seu passado por Omolu para reconhecer sua trajetória e a de seus ancestrais, desde os acontecimentos na África até aqui no Brasil com a escravidão e demais problemas.

A historia é levada de maneira leve e com discurso bem engajado. De forma simples resumi relações raciais, fatos históricos e passa pelo tempo com muita agilidade. Cumpre os eu papel enquanto provocadora do processo de discussão. Só não concordei com a capa: acho ela muito pesada, para ser trabalhada por exemplo nas escolas, já que trata de um material pedagógico bom para nortear discussões em sala (desculpem mas sou professor e adoro cultura em geral aliada a sala de aula!!! Hehehe).

Mauricio mesmo com primoroso trabalho recebe criticas, muita das vezes sem fundamento. Uma delas é que seu texto é militante demais. Não acho, tudo que vi, desde tarjas soltas, ate historias completas é de uma criticidade incrível e muito bem feita. Um outro ponto que dizem é que seu traço evidencia um estereotipo de negro com traços fortes, nariz achatado, pele extremamente escura, bocão... O que tem problemas com isso? Os negros são dessa forma! Querem o que afinal de contas, negros com traços finos? – Nossa nunca mais usei esta expressão, “negro de traços finos”, enterrei ela junto com a década de 90, onde ela era muito usada!!!! A única minha é o preço salgadíssimo da revista, R4 18,00!!!!!!!!!

Para quem duvida da credibilidade e da força dos argumentos nas tarjas de Pestana, fica o prefacio da segunda edição que tenho em casa. é de nada mais, nada menos que Sueli Carneiro, para mim exemplo de liderança negra aqui no Brasil. além disso para ver mais do seu trabalho Mauricio tem um site: http://www.mauriciopestana.com.br/ onde estão disponíveis muita coisa que ele faz além do mundo dos quadrinhos. É para ler mais de uma vez e passar em frente a historia maravilhosa de Husani e os outros trabalho de Mauricio, este cartunista extremamente comprometido com um belo trabalho.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

O nome dele é Bengala... Kid Bengala!...

Os filmes pornôs no Brasil tomaram, com a ajuda da internet, um grau de popularização muito forte nos últimos anos. Atores e atrizes pornôs antes reclusos ao ostracismo ou confinados a eventos discretos da própria indústria hoje são reconhecidos e levados a exaustão pela “grande mídia”. Gente como Alexandre Senna, Alexandre Frota, Rita Cadilac, Marcelli Ferraz, Milena Santos, Samuel Bueno, Julio Vidal e Regininha Poltergeist entre outros apareceram na mídia muito além da indústria dos filmes pornográficos.

Apesar de levarem a fama, a realidade dos filmes pornôs aqui no Brasil está bem longe dos grandes estúdios norte americanos e europeus. Mesmo grandes estúdios como As Brasileirinhas – que chega a firmar contratos de R$ 500.000.00 com alguns de seus atores – não chegam nem aos pés do nível de qualidade impresso em estúdios já clássicos como a Private ou a Buttman, por exemplo.

Tudo bem que ninguém esta interessado em uma bela fotografia ou um roteiro impecável quando se vai assistir a um filme pornô. Os atores pornôs nem são elevados a categoria do humano. Não há subjetividade neste tipo de filme. O que interessa ali é a criatura, o objeto que é corpo, o prazer passageiro que ele oferece e somente isso. A imagem do pornô eleva a uma suspensão da realidade pelo prazer da transgressão, o que é proibido, o considerado exótico, o bizarro, o deturpador são elevados com grande valia no mundo pornográfico.
Por isso nos filmes pornôs tudo é elevado a enésima potencia. O prazer, o gozo, os órgãos genitais, as historias, os ângulos, tudo é elevado de tal forma para parecer que aquele mundo sexualmente falando é perfeito e tem atrativos que nenhum outro tem. Por conta desse desejo pela perfeição que os filmes pornôs têm, é muito volátil a carreira de um profissional da área. Atores ou atrizes não passam mais que dois, três anos na carreira, são pouquíssimos que conseguem ir além e construir algo duradouro. Muitos são os motivos. Primeiro que existem jovens iludidos pela carreira de ator/atriz pornô que se deixam levar por qualquer quantia em troca de uma cena em um filme de grande produtora. Outro ponto é que o pornô precisa da juventude e com 30/35 anos a aposentadoria bate a porta com a concorrência de atores jovens batendo a porta. Outro fator é que enquanto uma atriz de filmes convencionais faz três, quatro filmes durante dois anos, uma atriz/ator pornô pode chegar a fazer dez filmes por ano e com esta entrada o publico se enjoa e quer logo novidade. Um outro corpo, uma outra mercadoria é logo procurada.

Apesar dessa carreira extremamente volúvel, um ator vem chamando atenção da cena pornô brasileira nos últimos anos. Não pela sua beleza, ou pelo seu porte físico, mas pelo tamanho do seu membro, algo em torno dos 29 cm!!! O nome deste homem desmarcado é Clóvis Basílio dos Santos ou Kid Bengala. Tudo bem, um ator pornô precisa ter antes de tudo um pênis grande, ele não pode ser como o homem que está assistindo ao filme (que pode ter um com tamanho normal), ele é elevado à categoria de maquina sexual ininterrupta, avantajada. Mas no caso do Kid varias fenômenos de estereótipos vem à tona nos filmes que faz, além da maquina continua de fazer sexo que as produções pornográficas querem passar.

Nem precisa assistir para comprovar o que vou dizer, nas capas dos filmes vários estereótipos são forjados. Kid é negro. Com um pênis enorme, em seus filmes ele transa com mulheres brancas, chega a viajar para outros países em busca dessas mulheres. Nas capas dos dvds é sempre entoada a condição de espanto de um homem ter um pênis tão grande. Estava um dia desses em uma locadora quando reparei que um grupo de homens e mulheres conversavam sobre o tal Kid. Ao contrario dos outros filmes dispostos na seção pornô ninguém procurava kid bengala necessariamente para excitação e sim para (pasmem!!!) o humor. Seria mais ou menos o negão, com membro descomunal que pega mulheres bonitas, pois tem um pênis daquele tamanho e somente por conta disso.

Kid alcançou tal fama que se candidatou a Câmara de Vereadores de São Paulo no ano passado, mas não foi eleito. Totalizou pouco mais de 902 votos cerca de 0,02% dos votos válidos. Kid, que já tem 55 anos (Algo raríssimo nos filmes pornôs), voltou a trabalhar em filmes pornográficos e vem se especializando em filmes, digamos, excêntricos... Ah e sempre sem camisinha, pois é algo que ele não gosta!!!... Que saudável, não?...

Clóvis Basílio dos Santos é nada mais que o maior ator nacional de filmes pornôs no Brasil. um ator pornô que provoca o riso, o espanto, uma maquina exótica de fazer sexo, com mulheres loiras em sua maioria... O pornô é feito disso também, da ridicularização. Ao mesmo tempo que um pênis grande para a figura masculina exime poder, também pode mostrar patifaria. Mas em breve ele deixará a carreira do pornô para se dedicar a política. É seu maior sonho ser vereador de São Paulo. Quem sabe um dia. Neste Brasil todo mundo pode tudo!

A Voz Maravilhosa da Diva Paula Lima os Mano, as Mina Todos de Mãos Pra Cima!!!!!!!!!

Estava ainda dando aula pela tarde, em uma sexta feira, quando passo para meus alunos um exercício. A sala foi tomada por um silêncio e sem muito o que fazer ate esperar o final da atividade peguei emprestado o jornal de uma aluna minha dando bobeira em cima da mesa. Comecei a ler, noticias, mortes, politicagens, fui para a parte cultural e vi uma pequena nota que anunciava algo inacreditável... Show de Paula Lima naquele dia.
Nossa eu fui ao delírio. Eram quatro horas da tarde e o show se realizaria as oito da noite. Tinha poucas horas para me arrumar, me locomover até o Pelourinho em plena Salvador que pára as seis horas da noite e comprar o ingresso. Pura correria. Tava em pânico, minha diva Paula lima em Salvador e eu poderia não vê-la. Isso não poderia acontecer e faria todo o esforço do mundo para ver minha diva de perto. Me arrumei depressa, peguei um engarrafamento filho da mãe, soltei do ônibus, peguei outro, subi elevador Lacerda, atravessei Terreiro de Jesus e finalmente cheguei no SESC Pelourinho comprando o ingresso.
Esperei uns minutos. E ela entrou, passando bem pertinho de mim. Nossa! Que energia. A galera gritando o nome dela, a diva chegando ao palco mandado um salve daqueles pra galera! Gritava feito louco!!!!! Adoro Paula Lima, gosto muito do trabalho dela. Suas musicas me dão energia grande.fora a voz da mulher que arregaça qualquer tristeza. O show começou e Paula destilou todo seu repertorio com uma banda incrível. Animava a galera que dançava feito bailes funks antigos, todo mundo com passinho marcado, swing geral do povão. Reparava em cada detalhe do show, a iluminação perfeita, ao cenário simples e ao mesmo tempo lindo, a banda que botava a musica dentro do coração do publico. Show Perfeito!!!!!!!! A diva deslanchou sucessos como O Olhar do Amor, Negras Perucas (minha musica preferida dela), Tirou Onda, Tudo Certo ou Tudo Errado, Gafieira S.A, Meu Guarda Chuva e mais uma serie de outras musicas. A maioria na versão do cd/dvd samba chic. Cantei tudo! Acompanhava até os na na na...
No final do show aplaudi bastante a diva, ela saiu e tomei coragem indo ate o camarim para falar com ela e tirar mais fotos, agora de perto. Depois de esperar uma fila gigantesca, cheio de fãs querendo falar com ela, foi a minha vez. Na verdade fiquei por ultimo, já que os últimos ficam mais tempo com o ídolo. E ela me recebeu tão bem. Me abraçou, me deu autógrafo (sou um fã deslumbrado!!!). e além do mais lembrou de mim no meio da multidão com a seguinte frase. “Nossa, você é o menino que tava cantando tudo! Meu Deus você cantava até os na na na...” E riu escandalosamente para o delírio dos meus ouvidos.
No final sai do camarim com a alma lavada। Ainda mais fã dessa negona show que tem voz de vulcão. Lembro de tudo como se fosse hoje. Já faz um tempo que vi este show, meses atrás, mas senti vontade de falar sobre ele agora. Não poderia deixar passar esta experiência por aqui, nunca! A música de Paula Lima e seu show vão ficar sempre nas minhas lembranças.



Deus salve a rainha!!!!!!!!!!



A indústria da musica atualmente não vem reservando bons frutos. Seja nacional ou estrangeira os artistas parecem não estar se esforçando como os artistas de antigamente (meu Deus estou virando um saudosista!!!!!!). E a industria fonográfica vê em uma Lady Gaga o top de criatividade. É a chamada nova Madonna, a que choca todos em seus clips, a nova estranha. Para mim Lady Gaga é boa, mas não tudo que dão a ela. Uma mistura de Tim Burton e Cindy Lauper mais nova com um pouco de cultura pop de terceira categoria...

Mas hoje, pensei... O mundo tem salvação!

Estava vendo as atualizações do blog de uma amigo e quando vejo... Nossa! A capa de um cd diferente me chama atenção. Uma cantora negra, com um black bem performático, linda e misteriosa. Fiquei fisgado. Hipnotizado. Tratava-se da capa do segundo cd do trio inglês Noisettes! Resolvi recorrer logo a Nossa Senhora do Google e pesquisar mais. Vieram vídeos no you tube e descobri que parece que EU era o único no mundo que não sabia deste triozinho maravilha. Tem mais de um milhão de postagens em quase todos os seus vídeos. Todos os clipes muito legais e exalando uma mistura entre vários ritmos, desde o soul, ao rock, passando pelo funk ao pop mais descompromissado. Descobri a banda neste segundo cd, intitulado What's The Time, Mr. Wolf, 2007 em breve baixarei o primeiro, estou procurando arduamente. As faixas são de uma intensa criatividade e é impossível ouvir sem balançar a cabeça no swing do álbum. Algumas grudam como chiclete, pode crer!

Estou feliz. Encontrei Noisettes e de alguma forma meus ouvidos ficaram mais leves... Tome essa Lady Gaga!

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

MEIA MENTIRA...

Cinema é uma arte cara! Tenho certeza que mais cara do que qualquer outra arte. Para fazer é uma fortuna, para divulgar outra. Claro que agora com as tecnologias se desenvolvendo mais rapidamente e novíssimos equipamentos chegando a todo momento é obvio que o custo baixou. Mas ainda é muito alto. Gastam-se milhões em boas idéias (um filme geralmente custa em torno dos 25 milhões de dólares no mínimo) , mas com o surgimento das novas tecnologias, câmeras digitais e afins filmes como Atividade Paranormal podem surgir e “provar” que uma idéia na cabeça e uma câmera na mão podem sim funcionar.
Se para os produtores cinema é algo exorbitante, que muitas vezes precisam envolver em suas produções investimentos de dois, três, quatro países, para o público também não sai nada barato ir ver o produto final. Foi-se a época em que ir ao cinema era algo barato, que com vinte reais dava para pagar o ingresso de pelo menos três pessoas. Hoje não dá mais! Não é novidade para ninguém que os multiplex da vida ao mesmo tempo que trouxeram conforto, ótima imagem e som e também filmes que poderiam nunca chegar no circuito brasileiro, trouxeram também um aumento (muitas vezes abusivos) do preço do ingresso. Aqui em Salvador o mais caro chega a custar R$ 23,00.
Vamos às contas: R$ 23,00 reais para uma inteira de um filme 3D, digamos que uma família vá ao cinema, pais e 2 filhos com idade acima de 10 anos (eles pagam meia)... R$ 71,00! Fora pipoca, refrigerante etc... Realmente não sai barato e nem todo mundo pode gastar esta quantia exorbitante e não sentir o abismo no bolso logo depois. Com este fenômeno, muitas vezes o publico acaba migrando para pirataria, R$ 4,00 um DVD lançamento, você acaba economizando uma forte quantia no final das contas. Ganha-se no preço, perde-se na imagem, som, conforto e a magia da experiência de uma sessão de cinema. Vi uma certa vez o diretor Fernando Meireles dizer que já viu cinema de 43 reais. Como assim 43 reais? Que cinema é esse? De ouro? Ou um 3D em que você vê Deus saindo da tela?! Só pode ser...
Também tem um outro lado dessa coisa de ingresso caro, aqui em Salvador, que não atinge somente o cinema, mas também outros tipos de arte. A cultura da meia entrada. Aqui em SSA é muito difícil você ver alguém com idade entre 15 e 35 anos que não tenha carteira de meia passagem, sendo estudante ou não. Com as tecnologias chegando minuto a minuto a pirataria de documentos também se desenvolveu. Quando em uma roda de amigos uma pessoa não tem um comprovante de matricula, uma carteira de meia que seja ela é logo estranhada pelo resto do grupo. Já vi isso acontecendo um monte de vezes. É o jeitinho brasileiro dando as caras! Mas para quem acha que isso é pura vantagem engana-se...
Digamos eu você queira ver uma peça, show, ao preço de 100 reais a inteira. Com sua carteira falsa vai pagar cinquentinha... vai a show curte e ainda pegou meia... Mais ou menos. Os produtores já sabem que aqui na Bahia como em outros estado s a cultura da meia entrada falsa é grande. Então eleva-se o preço da inteira para algo exorbitante e cobra-se uma meia com preço de inteira. Você pensa que sai na vantagem, mas acaba pagando papel de idiota. Perde o sujeito que tem carteira falsa, pois não é inteligente o suficiente para ver a burrada que faz, perde o investidor que poderia lucrar mais se tudo fosse feito corretamente e perde principalmente quem tem a carteira de estudante pois é estudante mesmo, já que esta pagando uma “inteira” camuflada. Acho que por isso, alguns cinemas/teatros/bilheterias em geral em SSA não pedem comprovação da sua carteira quando você pede meia entrada. Para quem, não é mesmo? A maioria é tudo falsa. E diga-se de passagem, a meia também é!
Nem vou me aprofundar aqui em quem perde nesse processo todo. Somos nós, o publico. E por conta do alto preço de meias e inteiras as estratificações das pessoas que vão ao cinema são feitas. Lembro da ultima vez que fui a cinema ver um filme sobre negritude ou com atores negros, ou com gente negra envolvida na direção. O publico era majoritariamente branco. Simples assim. E você que esta lendo vai me dizer o que? Que a população negra não tem cultura? Que não sabe discernir o joio do trigo. A Princesa Sapo vem aí, nas próximas semanas e vocês duvidam quanto que a primeira princesa negra da Disney seja vista mais por brancos que por negros? Pagando quantias exorbitantes o publico vai sempre preferir as desvantagens técnicas e o preço barato da pirataria e o cinema vai continuar divulgando uma só cor. Cinema é uma arte cara. Sempre foi. Tanto para o publico quanto para seus investidores. Precisa-se tornar-se acessível.

domingo, 22 de novembro de 2009

As más línguas nunca metem!...

Alta temporada começou em Salvador!!! Gente bonita pra todo canto, ruas cheias, show de graça e de todo preço pra tudo quanto é canto e para todos os gostos, ensaios dos blocos bombando, Pelourinho voltando com todo gás, praias fervendo, até nos dias de semana tem festa, pra quem pode, para quem tem carro, para quem agüenta voltar do trabalho cansado e pegar uma festa que só termina duas, três da manhã e no outro dia trampar como se nada tivesse acontecido... Em breve chega janeiro, lavagens, ensaios e ai só esperar um tempinho carnaval...


É nessa época que a população branca de Salvador cresce de uma forma impressionante. Vem de todos os cantos do mundo, cumprir aqui uma infinidade de objetivos ou fantasias... Atrás de cultura, aliada com muita diversão e por que não sexo! Vem ver o que o baiano(a) tem, do que são capazes, se tudo que ouvem lá fora é a mais pura verdade, ou pura balela!

E os turistas, principalmente os gringos, vão em tudo quanto é canto para descobrir este segredo e experimentar dos sabores que seu imaginário tece frente a terra onde está. Ele não quer só desvendar a cultura e os costumes de Salvador que aparecem em postais, campanhas de agencias de turismo etc, ele quer ir além, que fotografar os becos da Liberdade, vem parar em bairros periféricos, a praia de Paripe e outros tantos locais que não aparecem na Salvador destacada pela Bahiatursa. Afinal de contas, para que pagar a prostituta/gp da Manoel Dias se você pode ter a garotinha(o) da periferia, preto(a) e pobre que se encanta com qualquer príncipe do cavalo branco que apareça por ali, de graça?... Por que nos bairros periféricos os estrangeiros (sejam eles de que qualidade for) são vistos com olhos que recebem com encanto e também certa surpresa... “Nossa, mas ele está aqui!” dizem os mais assustados... E o turista percebe com certa graça o encanto que provoca e se aproveita disso. É o cara/mulher que “vem de fora”, “o gringo”, que provavelmente “tem dinheiro”, “banca”, os olhos brilham e todos cobiçam...

Existe um outro tipo de movimento. Um movimento que vai de encontro com os estereótipos do turista mais interessado no sexo que em qualquer outra coisa por aqui e também do negro (a) que se oferece ao tipo de papel sexual a lá clássico entoado por Carmem Miranda... São os engajados. Existem dois tipos deles: o primeiro é o carinha que não se entrega, ele é do gueto, de raiz, só ouve coisa fabricada pela mídia alternativa, deixa os cabelos trançados, black, sempre. Ele tem orgulho da identidade que prega e também prega este orgulho para os demais a sua volta. Ele também não pode namorar, flertar, ficar, com o outro da uma raça diferente da sua, por que se não esta traindo a “irmandade”, os princípios da mesma, da comunidade, esta se afastando de seus irmãos... Ele só ouve certos tipos de musica, vai a certos tipos de lugares, veste certos tipos de roupa e adora deuses demarcados... Não se dá conta que faz dois tipos de movimento, o de desconstrução daquilo que o subalterniza, mas constrói um outro estereotipo, de um outro modelo que não pode ser nunca quebrado para o bem de toda a comunidade.

Ergue-se também um outro tipo. Que faz o mesmo movimento, só que com uma cor diferente... ele também não pode negar suas raízes, se misturar, freqüentar certos tipos de lugares, pois sua vida é regida por códigos de conduta que não podem ser quebrados. Nada de se envolver com gente que tenha a mesma feição da suas empregadas domesticas, nem de ir a lugares perigosos, onde existe muita gente feia cometendo muita bizarrice de uma só vez...

Com toda a mensagem da “mistura ae” que a mídia baiana passa e tenta colocar de forma muitas vezes obrigatória em nossa cabeça é preciso estar atento para a forma como nos misturamos e nos separamos... Nos modelos que construímos e em tudo mais o que dizem.

A cidade está cheia. e a alegria esta na moda. Baiano é tido como alegre, festeiro, amoroso, carinhoso, quente, safado, também como preguiçoso. E aparentemente os de fora e os de dentro se juntam, mas é preciso estar atento e ver que a felicidade, a alegria, a amizade não é tão colorida quanto parece!...

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Helena se ajoelha...

Não assisto a novela das nove, não por que não gosto, mas por que não dá tempo. Ontem cheguei em casa e no final da novela sentei cansado para ver o que sobrava de mais um capítulo do folhetim de Manoel Carlos. Esperava ver as mesmas coisas de sempre: Aquela bossa nova insuportável bombando no seu ouvido, a burguesia carioca experimentando as coisas boas da vida e as vezes comendo o pão que o diabo amassou, personagens tomando um bom vinho e ouvindo “uma boa música”, as praias do Rio de janeiro, aquela filosofia de botequim que só o autor sabe passar... Tomei um choque com uma cena forte que passava na hora.

A cena tratava-se do confronto da personagem principal e a mãe de sua enteada. Taís Araújo e Lilia Cabral, brilhantes por sinal, cada uma a sua forma. A cena parecia que ia dar um bom caldo. Nem consegui ir pro quarto para tirar a roupa, descansar etc. Fui sendo seduzido pelo texto que estava maravilhosamente interpretado pelas duas atrizes. Sei lá, um confronto de gerações, tudo muito bem feito e arrumadinho. A cena estava brilhante, eu La com meu queixo caído de ver a entrega de Taís pela personagem, lindo de se ver o desenvolvimento dela. Ela sem maquiagem, sem nada para evidenciar o sofrimento. Só o choro e a interpretação já estavam ótimos. Por sua vez Lilia Cabral sem chorar em nenhum momento, engolindo o choro muitas vezes para evidenciar uma mulher extremamente amargurada, nossa (!) o que era aquilo? Muito bom!

Mas ai vem... sempre vem não é mesmo, algo para desencadear alguma coisa muito complicada. A helena de Taís perde perdão, PE de perdão novamente, pede perdão mais uma vez e nada da outra personagem (só sei o nome de Helena na novela, por que sempre em toda novela do autor é a mesma coisa...) aceitar. E a personagem de Lilia Cabral traz algo que Helena fez de podre no passado para subir na carreira. Humilhação nº1! Ai ela resolve, aos prantos se ajoelhar. Humilhação nº 2!! E chora daqui e chora dali, nunca vi Taís em uma papel pra chorar tanto... Em seguida depois de pedir perdão, suplicar seria uma melhor palavra... a personagem não obtém o que tanto precisa para levar sua vida normalmente. Há um silencio insuportável no ar. Humilhação nº 3!!! E logo depois um tapa na cara. Humilhação nº 4!

Nunca vi uma helena tão submissa, nunca vi uma helena tão mal resolvida, nunca vi uma personagem tão distante da outras Helenas. Ou seja, nunca vi uma Helena sem ser Helena. As personagens principais das novelas de Manoel Carlos geralmente são tudo, menos submissas. Até hoje não vi uma que por mais atrocidades que passassem fossem tão submissas assim. Fiquei pensando depois se seria por conta da primeira Helena jovem este tipo de atitude ser de uma mulher jovem perante alguém mais velho. Nós que somos jovens fazemos besteiras com nosso próprio eu muitas vezes, por conta da imaturidade... Mas a cena ficou muito complicada aos meus olhos. Gostei, as duas atrizes estavam perfeitas, mas a humilhação em comparação a outras personagens foi de matar.

No minuto seguinte a cena já estava repercutindo no twinter, no you tube, no Orkut, no faceboobk, salas de bate papo, MSN sites de fofoca e no mais que você imaginar aí. Todo mundo comentando que Tais estava ótima, ou sem sal, que Lilia Cabral era uma diva, que a cena foi chocante, que isso, que aquilo... A cena não tinha nem dois minutos vinculada na TV e já estavam dizendo tudo sobre ela... E eu também não podia escapar do meu comentário!

Espero ver o desenvolvimento da novela. Como a Helena de Manoel Carlos irá se comportar... Se levanta o nariz e segue em frente, trabalhando muito bem essa culpa dentro de si ou continua a mulher submissa que vi na ultima cena da novela no capitulo de ontem...

domingo, 1 de novembro de 2009

Besouro (parte 1): Visões de um garoto no corpo de um homem...

Fiquei pensando enquanto saia da sala que exibia Besouro, relembrando as cenas de ação e as dos orixás protegendo o herói na minha cabeça, como seria a recepção de um filme desse quando eu era garoto. No cinema que estava vendo o filme a maioria esmagadora era de adultos, até porque a sessão era a noite, iria acabar tarde e “já era hora de criança ir dormir”. Sai do cinema ao som de aplausos (!!!) com caras de trinta e poucos anos vibrando parecendo moleques de doze. Só faltavam dizer que iriam comprar o boneco do personagem principal. Confesso que se tivesse a venda comprava de todos os personagens...

O filme é correto e pronto. Não trata-se de um filme magnífico, cumpre algumas promessas e foge de outras de fininho como quem não quer nada, mas mesmo assim é um bom filme. Mas o que BESOURO tem a oferecer acho é o que vem depois de assistir, é quando a tela para de projetar o filme e a historia ganha a força do boca a boca do povo, da imaginação dos meninos repetindo as cenas do filme, do herói que cresce na cabeça de cada espectador.

O filme do jeito que foi feito, com as frases de efeito, técnicas, roteiro passando determinado tipo de mensagem não poderia ser feito em outra época. Não poderia ver este tipo de filme na mesma época que, por exemplo, Jurassick Park. O Brasil não estava preparado, as pessoas não estavam preparadas para um filme onde os Orixás e os negros tem uma resolução tão bem acabada e respeitosa. Naquela época o movimento negro denunciava os abusos da mídia com os afro brasileiros, hoje seu poder já sai do discurso engajado da academia e chega até as ruas. De uma forma completamente diferente, muitas vezes modificada até para o melhor, mas hoje o brasileiro por conta de inúmeras iniciativas anti racistas tem uma outra perspectiva do processo brasileiro contra a desigualdade.

Mesmo assim ainda existem pessoas que não estão preparadas. Estavam lá as pessoas rindo pois achavam divertido as frases de um dos vilões do filme e se divertia a cada episodio que BESOURO pisava na bola. Acho que este numero de pessoas anos atrás poderia ser melhor. Hoje já não se manifestam tanto (nem todos tem coragem de explicitar seu pensamento, mesmo dentro de uma sala escura) ou construíram uma outra Idea sobre a cultura africana e afro brasileira.

Besouro não poderia ser feito anos atrás, seria muito avançado e até o cinema nacional não funcionava naquela época como funciona hoje. Era tudo invertido. Mudamos do avesso para o direito e hoje os molequinhos podem continuar as aventuras de Besouro e Dinorá quando o filme acabar...

Besouro (parte 2). Voa aí Besouro que eu quero ver...

Vamos logo com foco no resultado: quando acaba a projeção do filme Besouro o espectador tem a sensação de que experimentou de um belo prato, mas que não esta saciado totalmente. Ainda sente fome, ainda quer mais. Ou seja, Besouro, filme de João Daniel Tikhomiroff promete, promete, promete e no final das contas não cumpre muita coisa. O trailer lembro a primeira vez que vi no you tube, fique impressionado. Depois de ver ao filme inteiro você se dá conta do trabalho aprimorado de construção do trailer juntando partes de todo uma película em um só ponto. Mas como trailer é só promessa sem muito fundamento, quando o filme passa pelos seus olhos a sensação é de que falta algo para que o sorriso no rosto do expectador não fosse amarelo e sim um sorriso vasto e bonito.
O filme conta a historia do lendário capoeirista homônimo que por conta de um erro seu torna-se herói para proteger os eu povo negro que ainda é tratado como escravo pelo sistema coronelista no século XIX. Protegido pela força dos Orixás Besouro torna-se um herói que joga capoieira, que voa, torna-se invencível e líder de uma revolução. Misturado a todo este contexto existe romance, comedia, ação, uma mistureba boa que todo filme de aventura tem que ter.
BESOURO seria a primeira tentativa do cinema brasileiro de quebrar vários tabus construídos durante anos: o primeiro é do de o cinema brasileiro não se dá bem com a linguagem comercial। Parece que tudo fabricado no Brasil para ser considerado bem feito tem que ter um pé no alternativo, não foi feito para vender e somente vender e entreter। Mas Besouro,a lém da mesnagem que passa foi feito para divertir tanto a molecada quanto o povo adulto. O filme apesar do discurso engajado tem um objetivo formar um herói produto para toda a família, algo genuinamente brasileiro que pudesse repercutir por todo país। Um segundo fator, seria a loucura do cinema nacional dos últimos anos, ter um pé (ou melhor os dois pés!!!) em gêneros manjados; denuncismo, temática violenta, comedia, comedia romântica, policial, imitação de roteiro hollywoodiano, filme passado em favela। Besour neste quisito é bem mais resolvido, pois é uma aventura jenuinamente brasileira. E por último, o filme traria um personagem negro, herói, forte, com um par romântico da sua cor, ele também orgulhoso da sua raça e da sua cultura. E do jeito que as coisas vão no Brasil com “Zés Pequenos” e afins, Besouro é um personagem realmente diferencial.

O filme infelizmente acaba pecando em vários pontos. Poderia ter mais lutas, mais ação, um roteiro mais conciso, sem tantos erros de continuidade, um herói mais decidido, direção mais pé firme e atores mais bem preparados. Compromete o resultado confesso, a atuação mesmo do ator principal chega às vezes a constranger e os efeitos especiais não são tão especiais assim. Mas trata-se de um produto tão distinto no imaginário brasileiro que mesmo com certos defeitos o filme ganha pontos em se mostrar diferente para a platéia. Diferente ao respeito dado aos personagens negros e a toda mitologia afro brasileira. É neste ponto que Besouro cresce, lindo e voando.
No final saímos do cinema não saciados. Tive a certeza que tinha ingerido um produto de boa qualidade, mas queria mais, mais, mais , quem sabe da próxima vez...

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

This is It.

O rei do pop, mesmo depois de morto, ainda tem um grande poder sobre as pessoas. entrei na sala de exibição para assistir o documentário “This is It” sobre o que seria o ultimo show de Michael Jackson, o homem que revolucionou a industria da musica no mundo inteiro. Sim ele um poder muito forte. Afinal de contas quem arrastaria aos cinemas de todo mundo multidões (e o cinema que fui em particular estava cheio!) somente para ver um documentário, na verdade um grande making off do show, que provavelmente viraria uma faixa bônus ou até mesmo um segundo disco quando o dvd oficial do show fosse lançado? Quem? Acho que só Madonna atinge o mesmo impacto mundial atualmente no mercado da música.

Aliás, o documentário parece e muito com o da rainha do pop Im Going to Tell You a Secret que desnuda a turnê da cantora que virou dvd duplo no Brasil. O começo vamos dizer que é idêntico, mostrando o teste dos dançarinos e seus respectivos depoimentos e neste ponto sobra rasgação de seda para tudo quanto é lado, afinal de contas é dançar na turnê, ultima como diz Michael no meio do filme, do artista mais consagrado de todo o planeta. O inicio serve para dar pressão antes de Michael aparecer e fazer e acontecer no palco em meio aos ensaios do grande show.

A primeira coisa que deve-se notar é que o show iria revolucionar sim, seria o primeiro a usar 3D, Michael voltaria cantando ao vivo (ele tinha 51 anos se lembra? Nem todo mundo consegue fazer isso), as coreografias dos clássicos interpretados por ele viriam misturadas a novos passos, tudo certinho. Mas também... sempre tem um porém não é mesmo?... o show se parece com muitos que vemos por aí. A pergunta que fica no ar é... Michael revolucionou tantas pessoas, tantos artistas, mas será que ele revolucionaria novamente?... Será que ele poderia revolucionar a sis mesmo e a indústria da musica? Ok, deixo essa pergunta no ar, não me atrevo a falar muita coisa, pois o que vemos no show são seus preparativos e segundo o próprio cantor, nem ele está cantando pra valer ali nos ensaios.

O documentário, ou grande filme de bastidores, chame como quiser... é um filme correto apenas, cresce por conta do rei que a cada cena quer se superar, quer dançar de uma forma sempre diferente e que faz a platéia delirar. O show prometia ser uma revolução... Mas o rei do pop, Michael Jackson revoluciona mesmo depois de morto.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

ORI.

Qual a sua perspectiva quando o assunto é negritude no Brasil?... É... a pergunta é essa mesmo, sem embromações, nem muitos desvios. Quando você pensa no futuro do país em relação à negritude o que vem a sua cabeça? Mas antes que você comece com a avalanche de teorias e probabilidades sobre o assunto, sobre o futuro que tal começar olhando para dentro de si para depois enxergar o jardim do vizinho?...

A pergunta veio em mim, logo depois de assistir ao filme ORI semana passada. Dirigido por Raquel Gerber o documentário traça um perfil dos movimentos negros a partir do final da década de setenta. O filme traz depoimentos de ícones do movimento negro no Brasil e imagens reveladoras. Infelizmente como se trata de um documentário ORI não vai ter uma carreira extensa como um filme de ficção qualquer e olha que a copia disponível aqui em Salvador é digital, qualidade boa, presente em um excelente cinema Espaço Unibanco Glauber Rocha, conforto e o cine ainda é barato. Um evento raro.

Ao mesmo tempo em que constrói um panorama sobre alguns movimentos negros brasileiros ORI traz algo extremamente diferente de outros documentários: o não didatismo! Diferente de outros documentários que vemos por ai o filme com narração de Beatriz Nascimento (ativista do movimento negro e historiadora) não tem um tom explicativo durante sua projeção. Não é um documentário qualquer... Trata-se de um registro, na voz de Beatriz Nascimento, sobre negritude, diáspora, sobre a força do negro africano que foi escravizado e teve sua cultura efetivada em território brasileiro através da resistência... Apesar de ORI pecar em vários momentos, edição fraca, trilha sonora mal construída, projeção longa demais, o que sustenta o filme realmente é a voz incansável de Beatriz Nascimento. Não é sobre ela o filme, mas quando surge na tela você tem a certeza que a película é toda ela!...

E com a narração de Beatriz o filme cresce, ao mesmo tempo que surge na tela movimentos negros, debates, conflitos, negritudes das mais distintas, surge também a negritude da própria Beatriz Nascimento que revela-se ao longo do filme mostrando o processo de construção e reconstrução da sua negritude conforme o tempo. Ao final da projeção pude entender que ORI pode ir além e nos convidar para um processo de autoconhecimento. A narradora do filme foi assassinada anos depois, mas deixou sua marca na cinematografia brasileira, além de muitos outros trabalhos para o desenvolvimento da comunidade negra no Brasil. ela fez algo! E algo que valeu a pena. E eu? E você? O que fazemos?

É certo para todos nós que a comunidade negra brasileira precisa de várias coisas e apesar de varias políticas afirmativas funcionando no país a população negra no Brasil ainda precisa de mais. E quando assisti ao filme me veio à cabeça que nos congressos, nos simpósios, seminários etc as pessoas que estão lá querem o que na verdade?... Ascender individualmente? Coletivamente? Fazer a tese de doutorado em universidade de renome e publicá-la? Dizer que o sistema está errado, que ele é racista, que segrega e ficar de braços cruzados esperando que a solução caia do céu? Ou transformar o mundo começando por si mesmo?

Confesso que a coragem de Beatriz Nascimento de oferecer ao publico o seu processo de descoberta, de formulação de uma identidade negra forte, me surpreendeu. Existem momentos em que a película revela a pessoa Beatriz com sues entraves, suas descobertas, suas duvidas e não a heroína/ícone que ouvia tanto falar em congressos, seminários, palestras... Ela mostrou-se gente como eu e não um exemplo como mostram os outros...

Depois de ORI e tudo o que vi durante o filme tenho capacidade de crer não em uma negritude universalista. Mas em identidades negras que não são fixas, que se transformam a todo momento, pois a cultura negra é uma cultura de resistência e as estratégias são sempre diferentes com o tempo que muda a cada minuto. Creio em uma identidade negra formulada de diferentes formas, sem modelos pré estabelecidos do que é ser ou não ser negro, que dê valor a tradição, mas também ao novo. Que saia do gueto e da sua proteção e se expanda por outros territórios. Nem tudo esta acabado. Beatriz afirma uma identidade negra sempre em construção, África, America e novamente Europa e África, Angola, Jagas... Como diz sobre si mesma, trata-se de uma mulher atlântica. E nós também somos!

domingo, 18 de outubro de 2009

DISTRITO 9. Pregando peças...

Às vezes o cinema prega peças na gente... Vamos a uma sala somente para se divertir e saímos chocados, com queixo no chão, espantados com o que acabamos de ver... A primeira vez que isto aconteceu comigo foi quando eu tinha uns doze anos e fui ver Jurassic Park. Sai do cinema sem noção, como um moleque que ganha a primeira bicicleta, ver todos aqueles animais daquele tamanho... Nossa! E a tela no BAHIA era gigante, pelo menos naquela época. Anos depois em 1999 em um multiplex desses da vida sai novamente de queixo caído vendo um tal “escolhido” para derrotar o poder das máquinas em um mundo paralelo. Matrix fez com que eu não falasse de outra cosia durante toda a semana. No ano seguinte, vi minha segunda experiência no mundo construído por Spike Lee, A Hora do Show uma das melhores coisas que já vi na vida, meus olhos arregalavam a todo momento, ficava boquiaberto com o texto, a direção perfeita, os enquadramentos, tudo me fascinava. Em 207 um documentário me deixou perplexo, OLHOS AZUIS tirou meu sono, minhas idéias não conseguiam se controlar, o filme é tão bom que ganhou que tem sua própria postagem aqui no blog.

Este ano, o cinema me apronta uma novamente. Distrito 9 balança minhas idéias e torna-se uma das surpresas mais incríveis e doloridas que já tive. O filme é uma ficção cientifica, muito bem feita, de um diretor estreante, com orçamento reduzidíssimo, passado na África do Sul, com efeitos de primeira, história impecável, atores maravilhosos, texto equilibrado, emoção no lugar certo. E ainda de Peter Jackson... Sou fã dele desde Almas Gêmeas e Os Espíritos (meus filmes preferidos dele!). Ok, só elogios para Distrito 9? Sim! Claro que o filme tem seus defeitos como exagerar as vezes na sacarina, mas conta sua historia de forma explicita sem rodeios... Tá tudo ali na sua cara, se vire para assistir, se puder...

Distrito 9 fala sobre uma nave alienígena que para em uma cidade da áfrica do sul e o governo do país decide averiguar o que existe por lá. Acham então uma imensidão de aliens subnutridos e descobrem que a nave na verdade quebrou e eles não tem como voltar para casa. O que o governo faz? Aloja esses seres em um local bem em baixo da nave e este logo vira, devido a total falta de organização do governo, uma favela aos moldes das brasileiras. A criminalidade cresce no lugar, junto coma prostituição e outras mazelas. Forma-se então um novo apartheid entre humanos e aliens que são tratados pela alcunha de camarões. Com o tempo a população do distrito chega a um tamanho exorbitante e o descontrole entre população humana e alien é geral. Convoca-se então um novo distrito o 10 que abrigará longe da cidade os aliens tão indesejados por todos.

A partir dessa pequena história o filme cresce de tal forma que não tem como você se envolver com o que esta sendo posto na tela. Dirigido por Neill Blomkamp e com elenco desconhecido para aumentar o estilo documental do filme DISTRITO 9 choca pela violência, pelo politicamente incorreto vomitado na tela e por descascar o ser humano em toda sua individualidade, egoísmo, desespero, agressividade, revelando que o quanto nós somos hipócritas. Em alguns momentos do filme, concordei com a critica Isabela Boscov (Revista Veja) quando diz que ficou envergonhada de pertencer à raça mostrada em DISTRITO 9. realmente o filme impacta o espectador com uma historia absurda, mas que usa de uma alegoria para provocar suas idéias e pensar o que realmente acontece entre seres humano de raças, sexualidades e religiões diferentes.

Sai da sala de exibição meio perplexo, meio triste, mas definitivamente fascinado com o espetáculo que acabei de ver. Infelizmente assisti ao filme mas não volto a vê-lo tão cedo. É forte demais, não chorei, mas tive vontade de sair do cinema varias vezes. Não por que fosse ruim em alguns pontos, mas realmente me incomodava com algumas falas e acontecimentos que corriam pela tela. Mas tenha a sua experiência, veja o ótimo DISTRITO 9e prepare-se para ser exposto pelo filme, com certeza você não vai se arrepender.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Entre Helenas, Camas de Gato e apresentadores de jornal...

Responda rápido. Qual a emissora de TV no Brasil nos últimos anos mais é bombardeada quando o assunto é maus tratos a comunidade negra do país? Ganha um doce quem responder certo... Sim é a TV Globo. Isso não é novidade para ninguém. Quando o assunto é telenovelas a Globo é campeã de catástrofes em relação a comunidade negra. Inúmeros trabalhos por todo o Brasil evidenciam isso. Até filme já fizeram colocando a Globo em xeque com os padrões de beleza e talento que ela vem divulgando ano após ano.
Mudando um pouco de assunto, trazendo mais para a área do jornalismo, a Globo ganha também. O chefão do departamento de jornalismo da emissora Ali Kamel é abertamente (o livro NÃO SOMOS RACISTAS prova bem isso) contra as cotas, dando espaço as pérolas ditas por Ivone Maggie e um certo Movimento Negro Socialista. Quando a população negra aparece nos jornais da emissora são em índices do IBGE que evidenciam a total discrepância entre a população branca e a negra no Brasil ou para falar que o preconceito (por que racismo é uma palavra muito pesada para se dizer com a presença de toda família brasileira assistindo o jornal!!!) no país existe e ponto final.
Além disso, outros programas da Globo também são acusados de evidenciar mais a porção branca da população brasileira que as outras que compõem nosso país. Propagandas, seriados, filmes, programas de auditório, educativos, tudo na Globo já foi alvo de criticas e a emissora já virou símbolo de racismo a brasileira no quarto poder. Também, é a emissora mais vista (até hoje!) no país, tem que arcar com as mancadas que comete cada vez que coloca um programa no ar.
Mas ninguém pode dizer que a Globo não está mudando, coitadinha!... Até protagonista da novela das oito negra ela tem... Numa jogada de marketing bruta a emissora resolveu também jogar uma protagonista negra na novela das seis... Além de Heraldo Pereira primeiro comentarista negro da Globo, Zileide Silva apresentadora do jornal Hoje nos dias de Sábado e todos os dias no Bom Dia Brasil, o programa Sagrado, curto, vinculado de manhã cedo, mas está lá mostrando as visões de várias religiões (entre elas as afro brasileiras), com a presença até de Makota Valdina, sobre temas variados da atualidade।
Até apresentador negro em programa infantil agora já tem.Sei que nem todo mundo assiste TV Globinho, mas eles estão lá, tem negro, japonês,
tem pra todo mundo e pra todas as raças... Também marcando presença no politicamente correto, existe protagonista negro no seriado Malhação. Além dos seriados como Ó Pai Ó, Antonia e Cidade dos Homens. Só faltam agora despedirem Xuxa e colocarem no lugar uma menina negra com a pele bem escura, de tranças nagô ainda por cima. Aí eu desmaio de vez...
É... a Globo vem mudando... Aos trancos e barrancos. Da maneira dela, uma forma peculiar que só a globeiros de plantão entendem, mas a comunidade negra que antes era renegada a figuração de favelas e papéis domésticos ou marginais hoje tem o seu lugar na emissora...
Ok, a Globo vem mudando... Mas e as outras emissoras?... Pense em cinco apresentadores, atores, contra regras famosos, na grade de programação da BAND... Não conseguiu? Então vamos ao SBT! Eu a Patroa e as Crianças não vale... Na Record tem um “bom” número de atores negros... E na TV Cultura, conhecida como TV do governo, de onde surgiu a personagem Biba do Castelo Ra Tim Bum, que virou a primeira boneca negra inspirada em uma personagem de um programa de TV no Brasil. Ficou difícil? Pois é, um novo fenômeno precisa ser evidenciado, a Globo mudou por livre e espontânea pressão... E o resto?...
Como a maioria das emissoras de canais abertos de televisão vivem de imitar a Globo não é de se espantar que os padrões de beleza da mesma sejam imitados a exaustão. Além disso, todo mundo sabe que todo mundo sabe quem realmente tem poder nessas emissoras e o que deseja vincular como modelo de belo e inteligência. Mesmo em tempos de crise Global, com a emissora perdendo campo para mutantes evangélicos, programas humorísticos em outros canais e babás eletrônicas com seu cantinho da disciplina, ela ainda é o canal que é referencia de qualidade. Seu passado é motivo de orgulho por parte da população brasileira que deixava de fazer muita coisa para assistir sua programação. Por que não imita-la?...
A Globo não é santa e nunca foi. Mudou de cara para tentar calar a boca das várias entidades do Movimento Negro Brasileiro e também por conta da crise efetivada pelo crescimento da Record e suas novelas, a BAND e seu lado esportivo... Ela não é mais a única em entreter com “qualidade” agora. É mais uma no mercado. Está desesperada e mostra agora um lado mais tolerante com a diversidade. A primeira protagonista negra do horário nobre está lá, no terreno global... Precisamos agora assistir tudo isso entendendo o porque que da mudança acontecer e o que está acontecendo em outras emissoras. Continuamos invisíveis ou tudo mudou realmente?...