domingo, 27 de fevereiro de 2011

APERTE O PLAY!!!! Mohombi - Dirty Situation (French Version) ft. Akon

Ele vem do Congo e está fazendo maior sucesso na Europa. Filho de pai congoles e mãe sueca, Mohombi tem 24 anos e em seu primeiro cd já tem duetos com Akon (aquele que canta parecendo que tem um ovo na boca...) e Nicole Scherzingere. O som dele é um regaae eletronico feito para divertir, azaração e só. Os clips dispostos no you tube são muito bons e o cara dança legal. Não vai mudar sua vida, em nada. Mas uma boa festa com Mohombi é garantida!

BEYONCE BRANCA????

A notícia não é nova, mas choca mesmo comentada dias após suas primeiras publicações... Beyonce está branca! Completamente mais clara. Está em tudo quanto é site sendo comparada a Michael Jackson e choca dez entre dez admiradores do seu trabalho. Não é a primeira vez que a pele dela chama atenção, Beyonce é a primeira artista negra a chegar a um patamar tão alto no mundo da música. Homens negros, alguns, já estiveram no topo do pódium, mas mulheres, pouquissímas. Depois sua pele foi novamente assunto já que comerciais da L"Oreal e revistas internacionais foram acusados de enbranquecerem sua pele. Na época, ninguém quiz falar sobre o assunto, mas agora aconteceu o que ninguém previa.
A artista está ficando branca realmente!

Tudo bem, pode até ser um truque de imagem, muitos fãs dizem isso em comentários em sites que publicaram a foto abaixo, mas que a nova aparencia da cantora é chocante isso ninguém tem dúvida. Em seu último DVD, Beyonce aparece em todas as imagens negona como sempre foi e a mudança dela (se for real) foi feita muito rápido.
E o pior nem é isso. Se você der uma pesquisada na net e der valor aos comentários brasileiros, verá que muitas pessoas acharam o novo visual lindo e bradam em caixa alta em negrito e itálico que ELA TEM TODO DIREITO DE FICAR MAIS BONITA, uma outra máxima que encontrei foi que "bronzear a pele não tem problema algum! Por que clarear gera um maior auê?". Olhe, nem vou comentar este tipo de frase. Minha paciência pra gente louca tá estourada estes tempos. Não vou aqui explicar o óbvio entre clarear a pele artificialmente com "sei lá que objetivo" e branzear o corpo.
Aguardem as cenas dos próximos capítulos, pois essa novela ainda vair render... e muito...

sábado, 26 de fevereiro de 2011

APERTE O PLAY!!! Jennifer Hudson Performs 'Where You At'

Olha só o que essa mulher é capaz de fazer ao vivo!!!!!!!!!! No Programa Ellen Degeneres, Jennifer Hudson, uma das melhores cantoras que surgiram na década passada, bota pra quebrar com sua nova música. Sim, já tem clip oficial e tudo, mas ver que os "efeitos de estúdio" são na verdade a voz dela sem efeito algum, é muito melhor. Jennifer, agora, nesta canção que compõe seu segundo cd I Remmember Me, educou muito mais a voz e não grita mais tanto para provar que canta ao estilo norte americano. Afinal de contas ela não é mais caloura do Ídolos, nem promessa do mundo da música. Não! Agora tornou-se DIVA! E canta como uma.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

APERTE O PLAY! Homenagem a Aretha Franklin GRAMMY 2011!

Não tenho muita coisa para falar não. Só que esta é a apresentação do Grammy 2011 homenageando, logo no começo, nada mais nada menos que a diva da black music (já que ela se envolveu em tudo que é ritmo de música preta!) Aretha Franklin - que já levou este prêmio para casa 19 vezes!!!... E para fazer esta justa homenagem, "novas" divas vieram ao palco cantar alguns de seus sucessos, Jennifer Hudson, Yolanda Adams, Florence Welch, Martina McBride, Christina Aguilera, botaram pra quebrar! Achei que poderiam gritar um pouco menos, mas valeu a pena. A apresentação é só elas, a banda e os sucessos. Sem coreografia espalhafatosa, dançarinos, efeitos especiais, nada... Para provar que música de verdade não precisa de trambeleques para se manter.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Super Heróis Negros nas Telonas... Um Sonho Distante?

Já virou praxe ir ao cinema e antes do filme começar, sendo mais exato nos trailers, ser exibido a chegada de mais um super herói dos quadrinhos em breve, invadindo um bom numero de salas, com grande lançamento, orçamento multi milionário, efeitos surpreendentes e um grande astro dando suporte no papel principal. Hoje já me assusto quando não vejo mais um super herói chegar ao trailer alheio. Desde 2000, quando X-Men de Brian Singer chegou aos cinemas, ao lado de uma 20º Century Fox tremendo nas bases do filme não dar certo, todo ano chega mais um super herói nas grandes telas. Filme de super herói é o novo câncer de Hollywood, assim como filme sobre a Segunda Guerra Mundial mostrando os judeus como vítimas e era (?) anos atrás.
Todo mundo sabe que não é de hoje que os quadrinhos é fonte inesgotável para Hollywood. Vários super heróis já aportaram nas telonas, mas foi com Batman de Tim Burton que a máquina registradora do cinema comercial norte americano começou a tilintar. Com o filme só Jack Nicholson embolsou 60 milhões de dólares, pois foi esperto o suficiente para enxergar no homem morcego uma mina de ouro, abdicou de seu cachê habitual e disse que trabalharia por porcentagem na bilheteria. Pronto, em menos de um ano ficou ainda mais rico.
Depois de Batman vieram outros, Hollywood sempre tenta fazer com que seu vírus se alastre na cabeça de todo o mundo, mas nada igual ao sucesso do homem morcego em sua primeira aventura. Só em 1998 que um certo vampiro, que nem era tão super herói assim, fazia mais as bases de anti-heroi, chegou as telas e chamou atenção. Dirigido por uma tal Stephen Norrington, responsável pelo departamento de efeitos especiais em Alien 2, 3 e em O Destruidor (!) o filme chamou atenção e os empresários em Hollywood disseram “Olha, isso pode ficar ainda melhor... pro meu bolso!”. A partir de então, só alegria a Fox com o sucesso de Blade resolveu apostar em X-Men, a Sony com Homem Aranha e a Warner com Batman reformulado. Pronto! O resto todo mundo sabe, até a Marvel agora é estúdio de cinema e super herói de quadrinho só não faz sucesso se os responsáveis forem muito burros.
Mas é curioso, apesar da retomada do “cinema de quadrinho” ter começado com um negão vampiro empunhando sua espada e dando pulos fenomenais nas telas, os super heróis negros – que já são poucos – não aportam nos cinemas de forma alguma. Os heróis que chegam aos papéis principais, estampando os pôsteres e grandes lançamentos mundiais são brancos. O por que? Hum... Tem um monte de porquês... O primeiro é que a maioria esmagadora dos heróis que hoje chegam aos cinemas, foram criados nos EUA entre os anos 20 e 50... Não é preciso ser formado em história para saber que durante esta época dar destaque ao Poder Negro nem pensar, não é? Super heróis negros somente com a chegada do Movimento dos Direitos Civis e olhe lá. uma outra coisa, é o fato dos super heróis negros serem geralmente membros de grupos como Vingadores, X-Men etc. E como só ganha revista solo e futuramente filme solo quem alcança mais sucesso, os negros geralmente são deixados de lado. Não que seu público não tenha poder de compra, é que suas histórias geralmente são tratadas como pontos antagonistas em meio a Super Homens e Thors da vida.
O super herói negro foi acrescentado nos quadrinhos por conta de um movimento de coação (Movimento pelos Direitos Civis e inserção do negro ao “sonho americano”) e um ajuste da indústria ao politicamente correto. É mais ou menos o que acontecem com os gays hoje nas revistas. Estão lá por livre e espontânea pressão e não naturalmente! E por conta de terem nascido nesta época, toda sua vida/construção é perpassada pela raiz do racismo e contra o racismo. A negritude não é vista como algo normal, corriqueiro, a branquitude/branquidade esta perpassa por todos os lugares, mas o negro está extremamente ligado ao movimento contra a discriminação. Ele se envolve em outras tramas, é claro, mas a raiz dele está ligada a este ponto. Repare, por exemplo, que Pantera Negra, Tempestade, Blade, dentre outros tem um comportamento essencialmente violento, dando vazão à visão do negro radial nos conceitos e violento por conta de uma causa maior.
Fico me perguntando hoje com tanto super herói
chegando aos cinemas quando verei mais um negão inspirados nos quadrinhos invadindo a tela grande? Imagine, caro leitor, uma filme solo da Tempestade, ou quem sabe uma nova aventura de Blade – diferente da 3º, Blade Trinity, da qual ele virou coadjuvante da própria série – ou sei lá, um Pantera Negra – O Filme, herói criado por Lee e Kirby em 1966. Melhor seria ver Luke Cage, primeiro super herói negro dos quadrinhos a ganhar revista própria, sei lá feito por Will Smith. Ou quem sabe um Super Choque, negão que controla a eletricidade e mora no Harlem, vizinho de Luke Cage, até. Rsrs. Isso realmente seria interessante. Mas vamos por os pés no chão e ver que a única possibilidade remota de vermos nos próximos anos um negro nas telonas é com o segundo ou terceiro Lanterna Verde, já que John Stewart é substituto de Hal Jordan no setor 2814.
Como não custa nada sonhar, ainda penso (e muito!) em um Tempestade – O Filme (!), dirigido por Spike Lee (!!) e protagonizado por Jada Pinkett Smith (!!!) com cabelo branco gigantesco, uniforme ressaltando suas curvas, voando pelas ruas, enfrentando o crime em metrópole qualquer... E eu comendo pipoquinha com um sorriso grande vendo o filme em 3D. Ai ai...

sábado, 12 de fevereiro de 2011

VOCÊ JÁ OUVIU FALAR EM... Yelling to the Sky?

Enquanto For Colored Girls e Frankie & Alice não chegam aos cinemas no Brasil, somos inundados por mais um lançamento de cinema negro que provavelmente pode não chegar por aqui. Trata-se de Yelling to the Sky com Gabourey Sidibe (Preciosa) e Zoë Kravitz, filha do cantor Lenny Kravitz. Zoë faz o papel de Sweetness, garota com 17 anos, filha de uma mãe negra e um pai branco, agressivo e ausente. O filme mostra como esta adolescente cresce em meio ao bairro pobre, familia desajustada, no colégio onde é agredida pelas colegas populares e para virar o jogo ao seu favor escolhe o caminho mais perigoso, traficando drogas e passando também a ser dona de uma atitude agressiva.
A diretora Victoria Mahoney disse sobre a trama "Eu convivo com pessoas que passaram por isso. Cresci vendo mulheres fortes, poderosas e feridas. Nós nascemos com isso. Essa força pode se perder quando a mulher se torna invisível, ignorada ou machucada, mas é uma característica nata". Pelo trailer o filme lembra o velho Kids, retato fiel da juventude perdida da década de 90 que chocou a todos no mundo inteiro quando chegou aos cinemas. Pelas cenas fica óbvio ser um filme forte, pesado, a fotografia, por exemplo, ressalta o tom de realidade da película. O filme concorre ao Urso de Ouro, prêmio mais importante do festival de Berlim. Tomare que vença e torne-se um sucesso, ao menos no circuito de arte e alguém aqui no Brasil se interesse pelo filme para compra-lo.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

SE ACASO VOCÊ CHEGASSE... VOLTA!


Se Acaso Você Chegasse, espetáculo da Cia de Teatro Arte e Sintonia está de volta, agora no Espaço Xisto que está novinho em folha! Sei que em Salvador a época agora parece ser dos ensaios de verão, cantoria a vontade e axé até dizer chega. Mas reserve um lugar todo especial na sua agenda e vá ver este Se Acaso... Vale a pena! Comece a noite com Elza e depois, aproveitando que o teatro fica no Centro, perto do Pelourinho, um pulo pra Barra e... se jogue negão...

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

ENTREVISTA: Fernanda Julia.

Diretora de incrível talento e ousadia, Fernanda Júlia veio do interior da Bahia, mais precisamente da cidade de Alagoinhas, para brilhar! De suas mãos sairam espetáculos como Perfil - Só Vendo Para Crer, A Eleição, Shirê Obá - A Festa do Rei e Ogum Deus e Homem (na foto ao lado Fernanda na estréia de Ogum em seu discurso de agradecimento com elenco e referenciais no palco). Em tão pouco tempo de trabalho em Salvador trabalhou em espetáculos que foram marcos no teatro baiano, seja a frente como diretora geral ou em outras funções que exerce como assistente de direção ou operadora de luz e som. Fernanda, é um "novo" talento que se aprimora a cada dia, cada montagem. Digo novo entre aspas, pois em sua cidade como uma desbravadora (algo que todo artista é!) trilhava seu caminho, seu talento junto a Cia de Teatro Nata fundada por ela. Essa menina de 31 anos tem uma alma encantandora e na entrevista abaixo nos abre um pouco de suas visões (sim, são várias!!!) sobre o teatro, academia eurocentrada, cultura negra, teatro em Salvador e outras coisinhas...
Você já foi baiana de acarajé e professora. Ao mesmo tempo em que estava nestas carreiras, na cidade de Alagoinhas, trilhava os primeiros passos como diretora da Cia de Teatro Nata, fundada por você. O que ficou da Fernanda Julia deste tempo de trabalhos paralelos, do tabuleiro e também da sala de aula na nova, hoje diretora de teatro “recém” formada pela Escola de Teatro da UFBA?
A Fernanda Júlia que possuía trabalhos paralelos ainda continua, pois apesar de ter me formado e já algum tempo está vivendo exclusivamente de teatro é necessário ter muitas atividades para garantir o salário no final do mês, a diferença é que hoje trabalho exclusivamente dentro da área teatral. O fato de ter sempre me desdobrado em funções díspares como baiana de acarajé, professora e diretora forjou o meu caráter profissional, estas atividades influenciaram todo o meu curso na Escola de Teatro, pois a disciplina e a seriedade que é necessária para ser baiana de acarajé e professora me fizeram encarar o teatro com a mesma seriedade e respeito. É o meu ofício, o que escolhi pra mim, o que quero e gosto de fazer.

A Cia de Teatro Nata tem dez anos de existência, é uma Cia que vem do interior da Bahia, enfrentando toda a invisibilidade que os artistas do interior enfrentam, mas conseguiu se sobressair finalmente. A partir de qual trabalho você sentiu que a Cia tinha amadurecido e poderia trilhar outros caminhos e por que você escolheu este momento?
Na verdade tudo é muito processual, o Nata em 2004 começou a enfrentar desafios maiores, pois quando fomos selecionados pelo Teatro Vila Velha para participarmos da mostra a Arte do interior na capital, resultado do projeto Teatro de cabo a rabo e pela primeira vez nos apresentaríamos num palco em Salvador e ainda mais num teatro que tem a história que o Vila tem, percebemos que apartir daquele momento o próximo passo seria definitivo. Ou assumíamos o teatro efetivamente ou não faríamos mais nada. Optamos por assumir o teatro e mergulhar em todas as camadas necessárias para sermos profissionais da cena. Então tudo que veio depois foi a confirmação disso. Estávamos amadurecendo... Mas o momento mais preciso dessa maturidade tem haver com montagem do espetáculo Shirê Obá “A festa do Rei” esta montagem é um divisor de águas para a Cia Nata.
Nesta montagem o Nata ganhou seu primeiro edital público de montagem, trabalhou com profissionais de peso em Salvador como Fernanda Paquelet, Jarbas Bittencourt, Marcelo Jardim, Marilza Oliveira, Thiago Romero. Realizou pela primeira vez em Alagoinhas uma temporada de um mês no Centro cultural da cidade, antes da Cia Nata nenhum espetáculo havia ficado tanto tempo em cartaz o máximo eram três dias. Recebeu três indicações no Prêmio Braskem de teatro 2010 a de melhor espetáculo adulto, direção revelação e recebeu prêmio na categoria especial pela trilha de Jarbas Bittencourt. A Cia afinou o discurso artístico e político e a linguagem estética debruçando-se sobre a cultura africana com foco e inspiração primordial no Candomblé.
A partir dessa montagem o grupo entrou numa nova fase a de profissionalizar-se efetivamente ao ponto de em 2010 ganhar o I Prêmio Nacional de Expressões Afro brasileiras patrocinado pelo MINC e Fundação Cultural Palmares. Na verdade não escolhi o momento ele foi resultado de uma confluência de fatos que nos levou até onde chegamos. Mas a invisibilidade do artista do interior ainda persiste, nós ainda encontramos barreiras enormes para realizar as atividades da Cia, principalmente na nossa cidade.

Dentro do histórico da Cia de Teatro Nata, do repertorio escolhido por você e os componentes da Cia, existem fatores fixos como a cultura nordestina, permeada pela negritude e as religiões de matriz africana. Ao mesmo tempo você já montou textos da Cia de Teatro Os Melhores do Mundo, Nelson Rodrigues, Plínio Marcos... O que motiva você a escolha de determinada temática ou texto para ser abordada em seus espetáculos?
Antes de qualquer coisa temos que pensar o que queremos dizer, porque falar de tal tema e o que queremos com o espetáculo. Após respondermos estas questões é que vamos procurar o texto que caiba no nosso discurso. Existem as nossas preferências temáticas, mas o discurso político, ou seja qual é a utilidade deste espetáculo para o espectador fala muito mais alto do que os nossos devaneios cênicos. Mas devaneamos também.

Nesta estrada percorrida estes dez anos, você com certeza cruzou o caminho de outros diretores. Destes qual você ressalta o trabalho, virando referencia na sua forma de fazer teatro?
Eu sou uma privilegiada com tão pouco tempo de carreira tive a oportunidade de conviver com grandes mestres do teatro. São artistas que para além de referências o seu fazer artístico forjaram os pilares estéticos da Cia de Teatro Nata. São eles: Márcio Meirelles, Chica Carelli e o Bando de Teatro Olodum, Hilton Cobra e a Cia dos Comuns, Luiz Marfuz, Ângelo Flávio e o CAN.

Como você enxerga hoje o teatro afro-centrado na Bahia? E como o público de diferentes raças está enxergando esse “novo” teatro em Salvador?
O teatro afro-centrado é necessário, urgente e ainda escasso. O povo negro precisa ver-se representado em todas as mídias disponíveis e isso ainda não acontece plenamente, somos muitos, na verdade somos maioria e são as nossas histórias, conflitos, mitologia enfim cultura... que deveria nortear o padrão estético do que é feito no teatro, cinema, tv etc... O público de teatro em Salvador em sua maioria ainda estranha espetáculos como Shirê Obá e Ogum, mas por outra lado há uma gama de espectadores ansiosos e desejosos de montagens como Bença, O dia 14, Silêncio só pra citar alguns, estes espetáculos possuem um elenco majoritariamente negro e abordam temas referentes a afrobrasilidade.

Os diretores que lidam com a temática centrada na cultura africana e afro brasileira geralmente são tidos como radicais, polêmicos, chatos, difíceis. Esse seu viés dentro da cultura africana incomodou gente na Escola de Teatro da UFBA e seu arquétipo obviamente eurocentrado? Por quê?
Nada nunca foi claro, tudo sempre sutil, um racismo camuflado por comentários jocosos tipo: Menina monta um texto pronto consagrado construir uma dramaturgia dá muito trabalho... Se formos analisar o conceito de consagrado já já chegaremos as referências aprovadas pela academia. Tive alguns embates, mas fui uma aluna muito estimulada no que tange a defesa de um discurso, pois na Escola neste período que passei lá a maioria dos alunos diretores entram sem um discurso estético e político, muitos descobrem lá, outros terminam o curso e não sabem o que querem dizer com o teatro. Então uma aluna tão jovem e com um discurso tão forte chocava alguns e estimulava outros. Encontrei grandes parceiros que me instigavam a querer mais e melhor, Marfuz, Marcos Barbosa foram decisivos nesta caminhada.

Em OGUM DEUS E HOMEM, seu último espetáculo, os atores passaram por um intenso processo evidenciado no blog da produção. O quanto foi importante fazer estes rituais para que o projeto desse certo?
Sou capaz de dizer que se não houvesse esses momentos não haveria espetáculo. Faço um teatro calcado no teatro-físico ritual e não dá pra fazer de conta o ator tem que sentir efetivamente a energia, a atmosfera do candomblé, ouvir os cantos, comer as comidas, ver os Orixás, pra transmutar tudo em arte. Nesse caso tem que subir a montanha pra saber que é alto.

Luiz Marfuz, Fernando Guerreiro, Marcio Meirelles são alguns dos nomes que conseguiram manter o teatro baiano em pé e com qualidade. Mas com o tempo surgem novos talentos. Quem você poderia ressaltar o trabalho como grande promessa do teatro baiano atualmente?
Existem figuras que já estão trabalhando já algum tempo e que me inspiram um exemplo é Ângelo Flávio, outro é Thiago Romero agora como promessa para o teatro baiano eu diria Diego Pinheiro um jovem diretor negro que possui um grupo de investigação cênica, é dramaturgo e recentemente ganhou um prêmio de dramaturgia pela Fapex e está atento as novidades do teatro contemporâneo.

Existe, não só em Salvador, uma diferenciação do teatro “comercial” para o teatro “engajado”, “pura arte” e que é aparentemente consumido por pessoas distintas. Você acredita que esta diferenciação distancia o teatro como um produto a ser consumido como o cinema e a TV, por exemplo?
Não, acho que há espaço pra tudo. O teatro é mais uma possibilidade de entretenimento disponível para a sociedade. O maior barato é que ele seja diverso. È bom saber que existe o teatro do Bando, o de Marfuz, o de Guerreiro, o meu, o da Cia Baiana de Patifaria, todos muito diferentes, mas ainda assim teatro. A classificação só funciona na academia, na vida real o público quer ver bons espetáculos independentemente de ser engajado ou comercial.

O que você ressalta de bom no conhecimento formulado pela academia para um diretor/ator/profissional de teatro que queira prestar vestibular para a área de artes cênicas e quer seguir a estética da cultura afro brasileira?
A academia possibilita o contato direto com a teoria e teóricos que influenciaram o teatro de forma contundente, o fato de se ter contato com a obra de Brecht, Eugênio Barba só pra citar alguns é fabuloso. Mesmo fora da academia você pode conhecer estes teóricos, mas os mecanismos utilizados na academia para a absorção dos conteúdos desses teóricos, as discussões com variados pontos de vista e experiência de diferentes professores estimula entendimento. Algo que você levaria talvez anos pra conhecer e entender sozinho numa pesquisa auto didata, ás vezes a depender do professor você leva um semestre. A quantidade de material disponível o diálogo com um profissional da área que pesquisa este ou aquele teórico e a cima de tudo a reflexão dão a possibilidade de ampliar quantitativamente e qualitativamente a sua percepção. A academia é o lugar privilegiado para o exercício do pensamento, da elucubração, da conjectura. Mas um artista não se forja na academia ele é uma das possibilidades de formação. No que tange a estética da cultura afro brasileira estamos longe de sermos uma presença efetiva. Existe um sistema para nos invisibilizar, é sutil ás vezes sorrateiro, temos que estar atentos Já ouvi de algumas pessoas que o trabalho que faço é catequético no mal sentido, que as pessoas pra conhecerem o candomblé devem ir a uma festa e não ao teatro.
Bom esse tipo de discurso já denota a ignorância e o racismo que muitos expressam quando vêem a nossa cultura colocada no foco. Por isso temos que mais e mais falarmos de nós, dos nossos, sem nenhum pudor, temos que nós mesmos contar a nossa história e impedir que o estrangeiro continue nos estudando e ganhando dinheiro com a nossa cultura. Se alguém tem que falar que sejamos nós mesmos.