quinta-feira, 29 de julho de 2010

O Melhor e e o Pior de... Eddie Murphy.

O MELHOR: Os Picaretas/ Dreamgirls. Juro, eu não consigo dizer qual das duas interpretações é a melhor de Eddie. O primeiro é uma comedia maravilhosa com Steven Martin em que ele faz dois papéis e ao contrário de outras produções como O Professor Aloprado nesta Eddie não faz uso de maquiagem alguma. Lembro que ri muito com os dois papéis dele neste filme de 1999 dirigido pelo magnifico Frank Oz.
Já o segundo, como todo comediante que se preza a fazer papel dramático arraza, Eddie entrega o seu melhor papel como James "Thunder" Early cantor magnifico que se vicia em drogas e acaba na sarjeta. Se Eddie tomasse juizo com Thunder ele acertava o seu caminho com o sucesso, mas desandou de vez novamente.


O PIOR: Um Vampiro no Brooklin Esse pode ser considerado uma das piores comédias de todos os tempos. Ou o pior filme de terror de todos os tempos. Depois do fracasso de Um Tira da Pesada 3 em 94 o ator entrega ao público o que pode ser considerado o seu pior filme até hoje - e olhe que ele tem outros que concorrem duro a este posto. O filme não se decide entre terror, terrir ou comédia. E Eddie está péssimo neste filme, aliás o filme inteiro é ruim. A direção ainda por cima é de Wes Craven (A Hora do Pesadelo, Série Pânico, Vôo Noturno) que não sabe se faz o que faz de melhor - terror - ou o que não nasceu para fazer - comédia.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Aperte o Play!!!!!!... Sheron Menezes: Dança dos Famosos.

Bem, chegou ao fim mais um Dança dos Famosos - uma das poucas, se não a única, que presta no Faustão - e Sheron Menezes perdeu o concurso. Não vou nem entrar no mérito racial dessa vez e ressalto um outro ponto, não saindo muito desta questão racial... Sheron ao contrário de outros atores - até daqueles que conseguem despontar no cenário artístico nacional - não baixava a cabeça nunca. Todo mundo sabe o lugar subalterno que o ator negro tem na dramaturgia nacional e nem vem me falar de Lazaro Ramos que ele é UM caso em um milhão. O mesmo ator que está fazendo papel principal em filme de sucesso pode virar o mordomo apagado na próxima novela das oito... Sheron foi derrotando um por um dos convidados e sempre melhorando, se superando. Dava pra ver que ela estava ali para ganhar. Torcia por Sheron, não pelo fato de ela ser negra, mas por que ela era uma baita negona que estava dançando super bem e que tinha tudo para ganhar. Mas não deu... Isso eu digo que foi muito por culpa dos jurados e não necessariamente do público. Sua concorrente errou muitas vezes como Carlinhos de Jesus disse e naquela dança não merecia levar tanta nota 10,0. Fica aqui a homenagem para uma atriz talentosa, que se superou, comprou briga com Deborah Secco (adorei!) e chegou a final. Sheron brilha dançando.


domingo, 25 de julho de 2010

Sete Ventos

Para que serve um espetáculo teatral? Um espetáculo serve para divertir a platéia, informar, provocar, instigar, desmistificar, abalar, fazer sorrir, emocionar, incomodar, quebrar modelos, surpreender, embasar, armar o espectador, um espetáculo serve para um monte de coisas e é esse monte de coisas que Sete Ventos , espetáculo em cartaz em Salvador somente neste fim de semana, inspirado no mito de Iansã, vai fazer você sentir. Perfeito em sua execução, com texto versátil e mirabolante, o espetáculo explode para todos os lados provocando, informando e divertindo como um bom espetáculo teatral compromissado deve fazer.

Por que compromissado? Por conta que Sete Ventos, na verdade um monólogo, feito pela atriz (antiga Cia dos Comuns) Débora Almeida, é fruto de muitas pesquisas por parte da atriz, que ao construir o espetáculo se revezou entre o oficio de atuar, dirigir e escrever. Sete Ventos é o resultado de um trabalho de muito tempo de pesquisas, sobre o mito de Iansã, sobre identidade negra, identidade de mulher negra, sobre a transformação do mito no século XXI, depoimentos de mulheres negras, dentre outras. Desse caldeirão de pesquisas nasce, em meio a improvisações e estudos, o espetáculo que fala sobre Barbara e sua trajetória de vida. Simples assim. Só que como toda pessoa, como toda mulher, como toda mulher negra, sua identidade transita entre varias outras vidas também. Como deixa muito claro em vários pontos da peça, Barbara, não é somente dela, ela é mãe, é filha, é irmã, é neta, é filha de santo e um monte dentro dela mesma.

E nesta mostragem de identidades é importante destacar o texto, que costura como poucos, tantos personagens vivenciados pela excelente atriz. E o melhor, você se identifica com todas as personagens, por que o texto transcende. É um monologo, feito por uma mulher negra, para mulheres negras, mas não tem como os homens (acho que só os mais insensíveis) não se identificarem, não verem uma mãe, uma filha, uma irmã sua ali, vivenciada no palco. Além que o texto tem momentos de pura magia, lirismo e de puro humor escrachado. Tem piadas que bolem com antigas identidades negras, novas identidades. Pena que não dá para contar aqui algumas pois faz o riso perder a graça.

E como transitar sem medo por tantos gêneros em um só monologo? Com talento! E isso Débora Almeida tem de sobra. A atriz diz coisas olhando pra você, olhando para o espectador, buscando o interesse dele, não deixando pensar no mundo lá fora. Ela quer você junto dela, compartilhando de tudo aquilo que ela fala. É uma das melhores atuações que já vi na vida, parece uma prima sua querida que você não vê a um tempão e ela começa a te contar historias da vida dela a você contadas somente para aquela conversa.

A peça tem pontos negativos? Hum... Tem. Não gostei da luz. Parece que o iluminador do dia não estava inspirado ou não estava familiarizado com a parafernália do Cabaré dos Novos por que a luz não estava casando com os movimentos de Débora no espetáculo. E olha que o desenho de luz é perfeito. Mas muitas vezes vi, ou não vi, Débora no escuro. Dentro do marco de luz, mas opaca. E isso necessariamente não é culpa do iluminador. Alguns atores insistem em ser membros da “Escola do Escuro”, mantendo-se fora de foco achando que o público vê eles perfeitamente. Um recadinho de quem estava na platéia: Não vê não viu?! Recentemente fui a um espetáculo no Gamboa, também um monólogo, que o ator ficava tão na beira do palco e fora da luz que sua cabeça era completamente decepada pelo escuro. Fica a pergunta: Manter-se no escuro – e dar o texto todo nele – é uma nova técnica teatral que a platéia ainda não se familiarizou nem alcançou? Ainda bem que estes dois exemplos são de fora da cidade...

Do mais, Sete Ventos é ótimo. Prepare-se para ver um monólogo cheio de qualidades, com texto afinado e feito por uma atriz emocionada em apresentar em Salvador. Destaco também a iniciativa da SEPROMI em trazer o espetáculo em meio às comemorações do dia da mulher negra. Ótima iniciativa. O espetáculo assim como O Dia 14 fica em cartaz apenas dois dias, INFELIZMENTE (com maiúsculas mesmo!!!). Se você não tem nada para fazer neste fim de semana, vá ao Cabaré dos Novos, pegue seu ingresso uma hora antes do espetáculo começar (as 16 horas, pois a peça começa as 17) e vá assistir este espetáculo maravilhoso. Mas se você já tem algo interessante para fazer... Véi, na fé, desmarque, por que esta é uma das únicas oportunidades de se ver algo imenso dentro do teatro. Peças sobre negritude, com compromisso, sem liberalismo frustrado, é algo difícil, então não perca a oportunidade.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Aperte o PLAY!!!!!!... Janelle Monáe - Tightrope ft. Big Boi.

Meu Deus eu descobri um tesouro!!!! Já ouviu falar em Janelle Monáe? Eu até hoje não, mas vi um só clip e estou fascinado simplesmente! E o melhor, Monáe não é apenas uma simples contora, aos 24 anos e em seu primeiro álbum podemos dizer que nasce uma diva, completa! Ela é filha de faxineira e motorista de caminhão, sempre anda com um moicano todo ajeitadinho, de terno preto e branco, dança como ninguém loucamente, mistura tudo quanto é tipo de música preta e renova o tão batido R&B norte americano, agradou a crítica e o público norte americanos, tem como referências Walt Disney, Alfred Hitchcock, James Brown, Judy Garland, Stevie Wonder, Salvador Dali, Puffy Daddy - seu empresário - e largou a Broadway para tentar a carreira de cantora sendo descoberta por Big Boi, do OutKast. Quer mais? Só assitindo o clip. Agora não vá esperando mais uma diva fabricada, cópia de Beyonce, Alicia Keys, Andie Arie... Essa negona tem outra pegada. O som é diferente, as roupas são diferentes, o comportamento é mais livre, sem marcações, a coreografia também distinta, sem maquiagens estremamente elaboradas, cabeleiras clichês... Eu simplesmente adorei. Tava precisando de uma pegada assim... diferente! Muito bom.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Aperte o PLAY!!!... Brenda Fassie - Sing for Mandela.

Brenda Fassie com sua canção para Mandela, acho que é uma das minhas favoritas. E também é o meu clip preferido dela. Simplesmente amo esta música. Barack Obama utilizou esta canção na sua campanha para presidente dos EUA. Brenda é super querida na África do Sul, diva total pelas bandas de lá. Não está mais entre nós, mas continua reinando. Na Copa da África do Sul foi homenageada por Alicia Keys. Lembro do reporter da Globo (louco!) vendo a diva norte americana cantar e pensando tratar-se de uma nova música, na verdade era uma homenagem da cantora a super estrela sul africana. A seguir, resolvi postar também a versão de Alicia, cantando no show da Copa a música To Late For Mama de Brenda... É impressão minha ou Alicia tá lendo a letra da música enquanto canta?... Hum, ficou feeeeeeeeeio...



alicia canta brenda fassie...
http://www.youtube.com/watch?v=g9H1Rgx5VVU&feature=related

terça-feira, 20 de julho de 2010

Um comentário, sobre outro, que gera outro...

Dando uma passada pelo Blog do Teatro Vila Velha, que reune um misto de produções e interesses dos funcionários do teatro e seus grupos residentes, dei de cara com uma postagem sobre uma postagem daqui do Blog. A primeira coisa que me veio a cabeça foi "Nossa, eles lêem meu blog?" ou melhor "Alguém de lá de dentro lê meu blog?!", passado o bac (risos), continuei lendo o post que incentiva as pessoas que acessam o blog do Vila a lerem a postagem do PELICULA NEGRA, em meio a provocações que achei ótimas. Será mesmo que no teatro baiano atual o nível de produções caiu?... Será?... Eu tenho minha opinião, eles a deles, e você caro leitor... a sua!

O Melhor e o Pior de... Lázaro Ramos.


O MELHOR: Cidade Baixa. Fiquei em dúvida... Madame Satã... O Homem que Copiava... Meu Tio Matou um Cara... Lázaro é muito versátil e consegue convencer o espectador em tudo que faz, mas preferi dar destaque ao filme Cidade Baixa de 2005, do diretor Sérgio Machado. Ele faz um homem que trabalha com transportes marítimos e se envolve em triângulo amoroso com os personagens de Vagner Moura e Alice Braga. A força que Lázaro mostra em atuar, dá vida a um de seus peronsagens mais fortes, neste filme intenso sobre uma outra Salvador, sem o glamour dos points turísticos.
O PIOR: Cinderela Baiana. É uma comédia? Um conto de fadas pós moderno? Um filme terror involuntário? Um musical trash pop de oxente music? Que diabos é isso?... Lembro até hoje da estréia de Carla Perez nos cinemas. O povo daqui dava altas gargalhadas e ia ao cinema somente pra ver "o filme ruim da dançarina do É O Than". O filme tem diálogos toscos, figurinos horrendos, direção equivocada, planos malucos, músicas nada haver e o pior de tudo é ver Lázaro Ramos ( que dizem, utilizou o dinheiro que ganhou com o filme para se manter enquanto fazia artes cênicas em Salvador) no meio de todo aquela loucura desbaratinada! Acho que ao lado de Super Xuxa Contra o Baixo Astral é um dos piores filmes feitos no país, pois até a própria dançarina nem quer ouvir falar dele...

sábado, 17 de julho de 2010

O Teatro Afro Centrado...

Não é novidade dizer que o teatro baiano está às moscas. As grandes produções presentes na década de 90, nos anos 2000 completamente foram desaparecendo até que hoje não existem mais grandes bons exemplos de espetáculos teatrais no estado. É uma pena, pois durante a década de 90, muita coisa boa surgiu nos palcos, principalmente em Salvador. E “grandes bons exemplos” não significa peças gigantescas, com atores globais, ou clássicos revistos em super produções, não, não... O teatro construído na Bahia, na década de 90, foi algo incrível de se ver. E foi em meados da década de 90 que comecei a fazer teatro, portanto, vi de perto os melhores anos e com certeza as melhores produções baianas quando era adolescente.

O negócio era tão bom a ponto de ver colega meu preferindo ver espetáculo da terra ao assistir peça com ator global que aportava no Teatro Castro Alves a preços exorbitantes. Lembro muito bem de ter presenciado espetáculos como Abismo de Rosas (uma das melhores coisas que vi até hoje), Lábios Que Beijei, Nada Será Como Antes, Quartett, A Ver Estrelas, Chá de Cogumelos, O Alienista, A Megera Domada de Teresa Costalima... Sim, também tinha coisas horrendas, até hoje não esqueço a experiência medonha que foi ver o “espetáculo” Anjos no Espelho no espaço Xis. Mas a maioria das produções eram ótimas, a platéia, lembro, ficava animada antes de o espetáculo começar, mesmo que você fosse ver um texto dramático em cena.

Hoje é tudo muito diferente. O teatro soteropolitano caiu e muito. Onde estão as idéias mirabolantes, os espetáculos que tiravam meu sono, que me faziam sorrir durante muito tempo, que eu retornava pra ver de tão bons? Sumiu tudo! Diretores, atores, escritores bons desapareceram ou entraram em colapso. Sim, não é culpa da nova geração somente, que muitas vezes é acusada de não manter a boa qualidade dos espetáculos de antes. Mas também dos “velhos” profissionais que não fazem lá muita coisa boa pela cidade.

Mas em meio a toda esta falta de imaginação teatral o que vem motivando a cena soteropolitana, e por que não dizer a baiana, dando um gás novo, diferente, são os espetáculos com temas e técnicas advinda da cultura afro brasileira e africana. Não são muitos, a crise teatral que atinge o “teatro branco” também aporta no teatro negro, mas o que chega as casas de espetáculo com os dois pés na negritude são de ótima qualidade.

Primeiro cito o mais famoso e o mais duradouro dos grupos, o Bando de Teatro Olodum que voltou aos palcos com sua mais nova versão de Cabaré da Raça, espetáculo de maior sucesso do bando. O bando está se preparando para lançar Bença, espetáculo sobre o respeito aos mais velhos, que promete balançar a cena baiana. O grupo também revolucionou o jeito de fazer teatro infantil com Áfricas, coisa linda de se ver. Há tempos não saia do teatro tão empolgado quanto da vez que fui ver Áfricas. O CAN – Coletivo Abdias do Nascimento, também é destaque, com suas montagens que mesclam provocação e informação na medida certa. Destaco duas; A Casa dos Espectros e O Dia 14, uma sobre a loucura que o racismo pode provocar na mente de uma mulher negra e a outra sobre o que aconteceu com os negros após o dia 13 de maio de 1888. Outro destaque vem da Cia de Teatro Nata, vinda do interior da Bahia, mais precisamente da cidade de Alagoinhas, que baseados na pesquisa cênica de “Ativação do movimento ancestral”, construiu com seus 10 anos de vida nas costas, o espetáculo Shire Obá – A Festa do Rei. Para a Cia com certeza foi um diferencial enorme, já que o espetáculo além de fazer sucesso, concorreu ao premio Braskem de Teatro, inclusive de melhor revelação para a diretora Fernanda Julia e ousou também ao sair do espaço cênico tradicional e foi apresentado em terreiros de candomblé em alguns lugares. Também tem a Cia Arte em Sintonia Cia de Teatro (12 anos de história) com a montagem Se Acaso Você Chegasse musical sobre a vida de Elza Soares, muito bom.

Mas é claro que este viés tem seus bons e maus exemplos. Lembro até hoje de Mestre Haroldo e os Meninos, do sul africano Athol Fugard, espetáculo que foca no racismo de forma muito, mas muito estranha! Fugard é conhecido como dramaturgo sul africano mais famoso em todo mundo, mas este exemplo de sua dramaturgia condiz exatamente do lugar de onde vem... Mestre Haroldo parece aquelas peças feitas por liberais frustrados que tentam falar sobre racismo tentando afastar a responsabilidade branca sobre o mesmo. A montagem de Mestre Haroldo me fez ficar incomodado, não um incomodo provocativo, mas estava ali como espectador presenciando algo ruim.

Apesar de não enxergar criatividade em setores teatrais tradicionais, o teatro que me representa como sujeito/espectador negro vem me deixando alegre e com esperança de ver bom teatro na cidade de Salvador. É claro que existem outros grupos, outras montagens, pois citei somente uma pequena porcentagem de tudo. Principalmente que tem muita coisa formulada na periferia da cidade e que não chega aos palcos. Muita coisa boa em bairros como Liberdade, Paripe, Sussuarana, Plataforma, São Caetano, Pirajá, Itinga, bem diferente do que vemos no centro, sem toda aquela pirotecnia, mas querendo passar sua mensagem de forma única.

Vida longa ao teatro, as boas idéias e aos bons e contundentes espetáculos.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Aperte o Play!... Os Crespos em Body White!

O Vídeo já tem um tempo. Mas mesmo assim estou postando pois vale a pena ser visto. Em poucos segundos uma mensagem direta é passada, em chorumelas...

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Os 10 melhores diretores negros em atividade...

Steven Spielberg, George Lucas, Pedro Almodóvar, Glauber Rocha... Os grandes nomes na direção por trás das grandes produções são geralmente de homens brancos. Isso é nítido, não precisa ser amante da sétima arte para saber que aqueles que comandam cinema estão longe de serem negros. Mas o mundo do cinema também é feito de surpresas. A seguir a lista dos 10 mais influentes do cinema negro (ou não) em minha opinião. Engajados ou não, os cineastas negros estão aí mostrando seu trabalho, fazendo bom cinema e remando contra a maré...

Spike Lee. Uma escolha óbvia. É o que mais dirige, o que mais incomoda, o mais famoso entre os diretores negros, o que tem uma filmografia quase perfeita. Spike é amado e odiado por ser ótimo. Inflado até não querer mais, ele expõe das formas mais diversas possíveis como o racismo atinge a população negra, mas também a branca nos EUA e por que não no resto do mundo. Já fez de um tudo, filme histórico, comédia, policial, filme de assalto, filme de guerra, documentário, épico, já concorreu ao Oscar, comprou briga com Clint Esterwood, revelou talentos hoje super reconhecidos como Queen Latifah, Helly Berry, Eddie Murphy, Martin Laurence, Wesley Snipes, Jonh Turturo, é amigo do cineasta Martin Scorsese, é hiper criativo, já dirigiu dois clipes de Michael Jackson. Ou seja, é nada mais nada menos que O cara!

John Singleton. Único cineasta negro além de Lee Daniels a concorrer ao Oscar de melhor diretor em 1992 por Os Donos da Rua – que também concorreu a melhor roteiro. Não ganhou o Oscar, mas acabou vencendo a categoria de melhor diretor estreante no MTV Movie Awards – a única categoria que se pode levar a sério no premio de cinema da MTV. São deles também, Shaft –O filme, refilmagem da sucesso da blackspotation dos anos 70/80, + Velozes + Furiosos (sem comentários!) e o drama policial Quatro Irmãos.

Gina Prince Bythewood. Todo mundo sabe que o mundo da direção é comandado a mãos de ferro pelo poder masculino. Diretoras? Existem poucas. Diretoras negras? Ai, ai. É melhor nem comentar. Mas como toda regra tem exceção, Gina aparece com o ar da sua graça e talento. Tem três filmes no currículo, o drama A Vida Secreta das Abelhas, o romance de basquete Além dos Limites e o drama romântico com Wesley Snipes Sem Vestígios.

Patrik Ian Polk. Diretor, produtor, escritor, ator, editor, ele faz de tudo um pouco. Além de tudo é gay. Por que isso interessa? Por que seus trabalhos têm haver com sexualidade e são muito bem feitos. Filmes ele tem três no currículo: a comédia Punks, a comedia dramática Licks e a versão filmica da serie de sucesso de sua criação Noah Arc – Jumping the Broom. Seus trabalhos são bem “circuito alternativo”, mas Noah foi seu passo mais comercial.

Tyler Perry. Quem acompanha este blog sabe o quanto gosto do trabalho deste diretor. Na verdade gosto muito mais no incomodo que ele provoca do que suas produções em si. Perry é poderoso, seus filmes geralmente arrecadam em torno de 50 milhões de dólares, ele tem seu próprio estúdio, tem contrato também firmado com a Lion Gate Estúdios (uma das “novas” pequenas notáveis do cinema norte americano), é dramaturgo também, ataca de produtor e olha que ele faz cinema para um público restrito: negros norte americanos classe média e geralmente cristãos. Recentemente apareceu no Oscar deste ano provocando a sua presença em plena cerimônia da estatueta dourada mais cobiçada do cinema. Foi também produtor de Preciosa – Uma História de Esperança.

Os Irmãos Hughes. Não dá pra falar muito desses dois rapazes separados. Eles brilharam juntos em Perigo Para Sociedade drama de 1992. Três anos depois estavam novamente nas telas com Ambição em Alta Voltagem tocando na ferida da guerra do Vietnã nunca superada pelos norte americanos. No novo século vieram com recriação dos quadrinhos de Alan Moore em Do Inferno com Johnny Deep e mais recentemente dirigiram Denzel Washington no filme ação/cristão/apocalíptico O Livro de Eli. Esses meninos têm talento.

Lee Daniels. Ele na verdade é uma forte promessa, mas não é de hoje que vem mostrando seu talento. Fez o filme independente evento, bancado por Telly Perry e Oprah Winfrey, Preciosa – Uma História de Esperança e concorreu a categoria de melhor diretor. Se ganhasse seria o primeiro negro a levar a estatueta. Também dirigiu o drama de ação Matadores de Aluguel em 2005 com Cuba Gooding Jr. É dele também o feito de ter contratado Helly Berry para o filme A Última Ceia pelo qual ela ganhou o Oscar em 2001.

Joel Zito Araújo. Não poderia estar de fora não é mesmo? Um dos poucos cineastas negros no Brasil que consegue colocar seus filmes em circuito, mesmo que restrito. Tem filmes nas costas que já nasceram clássicos, para o bem ou para o mal do cinema. A Negação do Brasil é um trabalho exemplar, junto com o curta (super visto) Vista Minha Pele. Só derrapou na verdade com a chance de termos cinema negro de ficção de qualidade aqui no Brasil. As Filhas do Vento promete, promete, promete ser um grande filme, mas não chega a ser muita coisa...

F. Gary Gray. Um grande nome escondido pelo tamanho de suas produções. Seu filme de estréia, Sexta Feira em Apuros (1995) revelou gente como Ice Cube, Chris Tuker e Regina King. Três anos depois, comandou a grande produção A Negociação que juntava Samuel L. Jackson e Kevin Spacey. Foi produtor do primeiro Em Nome do Jogo (filme que não gostei muito) e diretor do segundo. Também fez Uma Saída de Mestre, filme cotado para ter continuação em breve. Ano passado chegou aos cinemas com Código de Conduta dirigindo Jamie Foxx e Gerard Butler.

George Tillman Jr. Apesar de se destacar muito mais como produtor, sua carreira como diretor também não vai mal. Estreou com Alimento da Alma típico drama familiar com Venssa Willians e Vivia A Fox. Depois dirigiu Robert De Niro e Cuba Gooding Jr em Homens de Honra e em 2009 comandou Notorius – Nenhum Sonho é Grande Demais, biografia de Christopher Wallace que deixou a vida miserável para ser um dos maiores nomes do rap norte americano. Esse ano produziu o primeiro filme do cantor Chris Brown intitulado Phenom.

Rita Batista no Boa Tarde Bahia.

Se você é soteropolitano e anda de saco cheio de almoçar na “Cia do medo” com os programas de jornalismo policial, onde reportagens (!) loucas sobre traficantes presos e ridicularizados, mortes horrendas que acontecem pela cidade, divulgação da miséria alheia, pipocam na tela da TV vinculadas geralmente por apresentadores pseudo jornalistas que gritam (dicção vocal, pra quem né?!!!) para chamar a atenção do espectador, mude de canal e corra para assistir ao programa da apresentadora Rita Batista, Boa Tarde Bahia.

Rita pediu demissão recentemente da TV Aratu, por divergências artísticas, e acabou chegando aos braços da TV Bandeirantes. Quem saiu perdendo? A Aratu, afiliada do SBT aqui na Bahia que deixou escapar uma das grandiosas promessas da televisão baiana em anos. Não dou muito para outras TVs como a Rede Bahia não comecem (se isso já não acontece) a fazer propostas para que ela torne-se uma de seus apresentadoras.

O por quê? Primeiro que Rita tem uma forma peculiar de apresentar seu programa, faz o convidado se sentir em casa e conseqüentemente o espectador no conforto do seu lar também se sente prazeroso em assistir ao programa. Segundo, ela é uma apresentadora negra comandando um programa de variedades... Quantas vezes você, caro leitor, teve a oportunidade de ver isso?... Hum é melhor nem pensar, ok? Mas ela não é o diferencial por ser negra apenas, já que não vou ficar gastando meu tempo somente por que tal pessoa negra esta em posto de qualidade, mas por que Rita é uma apresentadora excelente. Ela é rápida, é dinâmica, inteligente, divertida, sabe sair das situações constrangedoras que um programa ao vivo oferece de forma única, instiga o espectador, instiga os convidados, é simples, ri daquilo que a gente ri também, ou seja, nos deixa a vontade, sem cerimônias para assistir ao seu programa que a cada dia vem crescendo e conseguindo maior audiência na TV baiana.

Além que é linda de morrer e usa um black power maravilhoso! Confesso que estou ansioso para ver seu rosto estampado para todo Brasil ver na transmissão da Band do carnaval da Bahia em que com certeza ela vai ser escalada. Vai ser um sucesso, por que seu trabalho já esta sendo reconhecido pela classe artística de Salvador não é de hoje.

Rita Batista é sinônimo de ótimo entretenimento e para você que achava que desligar a TV na hora do almoço seria a única solução para escapar da loucura dos apresentadores nervosos “virados na 220!” e seus programas policiais que de bom não oferecem nada aos seus telespectadores, fique aliviado. Rita chegou para animar e salvar as suas tardes. Sente no sofá e assista ao Boa Tarde Bahia aliviado!!!!!!

domingo, 11 de julho de 2010

O Melhor e o Pior de... Sophie Okonedo.



O MELHOR: A Vida Secreta das Abelhas. Apesar da maravilhosa interpretação em Hotel Ruanda (2004) que lhe rendeu indicação ao Oscar de melhor atriz coadjuvante é neste drama produzido por Will Smith que Okonedo se saiu melhor. Além de ótima atriz, ela completamente rouba a cena em meio a colegas de peso. Sua personagem encanta e traz dor ao espectador de forma única. Lindo de se ver.
O PIOR: Aeon Flux. Estragaram um dos melhores desenhos adultos de todos os tempos. Produto da era MTV anos 90, quando o canal realmente produzia coisas boas e diferentes, Aeon foi transformada em uma heroina mixuruca! Shophie está lá marcando sua presença acompanhando a personagem principal, neste filme de cenários grandiosos e ação insuportável. Tenho que dizer que fiquei em dúvida entre este Aeon Flux e Ace Ventura - Um Maluco na África no qual ela protagoniza um beijo com Jim Carey, concorreram até a Melhor Beijo no MTV Movie Awards, mas isso não quer dizer muita coisa...

sábado, 10 de julho de 2010

NOVIDADES



Tratando-se de filmes independentes ou filmes do cinema negro, você nunca tem certeza que eles chegarão aos cinemas no Brasil, ou até chegam, mas somente em dvd ou passam longe das prateleiras das locadoras tupiniquis. Mas não custa nada ter esperanças, não é verdade? Por isso estão aqui três promessas. O primeiro Hot Tub com história absurda, é uma comédia onde um grupo de amigos descobrem uma banheira que pode leva-los ao passado. O outro é mais uma comédia romantica com Queen Latifah, Just Wright, conta a história de uma preparadora física que se apaixona por um jogador de basquete enquanto tenta recuperar sua carreira. O último é um drama com 50 Cent e é mais um daqueles dramas que circulam no mundo das drogas ilícitas , seus traficantes e blá blá blá.
É esperar para ver o resultado disso tudo, da comédia com roteiro absurdo, o romancinho com cara de filme de fim de tarde e o drama clichê. Não são grandes promessas, mas vai que sai um tesouro disso tudo?...

Erykah Badu e Lauryn Hill no Brasil.

Vem cá... Os negros norte americanos estão invadindo o Brasil é?... Depois de Beyonce, 50 Cent, Donna Summer, Gloria Gaynor, Akon, (alguns deles chegando aqui no Salvador) as próximas promessas norte americanas a aportar no nosso país são as divas Laurin Hill e Erikah Badu. Devo confessar que não gosto muito da sra. Badu o som dela não me agrada muito, mas Laurin não tem como não gostar. No lugar de Erikah preferia que India Arie fizesse shows por aqui, mas querer nem sempre é poder...
Erikah chega aqui com seu novo cd prontinho e o show vai ser no Credicard Hall, ou seja separe uma boa quantia da sua conta bancária para ver uma das maiores cantoras do R&B norte americano. A Laurin volta a ativa depois de milênios de ostracismo. Tinha tudo para ter muito mais sucesso que já tem, entregar aos fãs músicas maravilhosas, mas prefere ficar quieta no canto dela e só lançar albuns quando tem certeza que aquilo é realmente bom. Por conta disso, tem somente dois albuns um de estreia (1996) e outro acústico - com duas horas de duração e músicas inéditas. A turne de Hill, que liderou o grupo Fugees nos anos 90, chega ao Brasil em 4 cidades, incluindo Brasilia, que é "pertinho" pra quem está no norte nordeste e tem interesse de ir.
É escolher seu show preferido, reservar graninha boa para os eventos e se jogar nas músicas das divas negras norte americanas. Tem muito mais gente prometendo ir ao Brasil, tudo isso aconteceu anos atrás quando Michael Jackson também desejou fazer um "showzinho" aqui, mas infelizmente não deu... Não veio o rei, chegam os príncipes...

terça-feira, 6 de julho de 2010

Aperte o Play!... Chris Rock fala sobre o rap...

Dessa vez eu não vou dizer nada... é assistir e presenciar humor negro de primeira categoria! Isso que é realmente humor negro...

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Cabaré da Raça nova temporada...

O maior sucesso do Bando de Teatro Olodum está de volta em comemoração aos 20 anos de trabalho de um dos grupos mais sólidos da Bahia. Ninguém duvida da competencia do bando, seus espetáculos nascem clássicos. Vi três deles Oxente Cordel De Novo? - muito bom falando sobre a tradição de literatura de cordel no nordeste, Áfricas, para mim o MELHOR espetáculo do bando até hoje e esse Cabaré da Raça, que já comentei aqui faz um tempinho.
Para você que está na cidade ou é da cidade e ainda não viu, ou já viu e quer ver novamente, já que desta vez cenario e figurino mudaram de novo (!!!) fica aí a pedida de uma das peças mais provocativas do teatro baiano.

domingo, 4 de julho de 2010

Preto Contra Branco

Preto Contra Branco é um filme impactante. Um grupo de moradores se reúne para fazer uma partida de futebol, um time é formado pelos homens da favela de Heliópolis (maior favela da America Latina) e o outro com os do bairro da zona sul São João Climaco. Essa partida de futebol é clássica na região, desde 1972 os moradores se mobilizam e a rivalidade dos dois times já virou tradição. E como fazer parte de cada time? Se auto declarando negro ou branco. Cada jogador escolhe a sua cor e faz parte do seu respectivo time. Dar-se então um time formado por brancos e outro por negros. E é a partir de uma partida de futebol, da paixão que atinge todo brasileiro por este esporte, que o racismo brasileiro – geralmente velado, sorrateiro – aparece da melhor forma possível, sem medo e na sua cara!

E nada disso é ficção. O documentário dirigido por Wagner Moralis mostra o que está por trás de uma simples partida de futebol. A equipe passou uma semana com os moradores das duas regiões antes do jogo acontecer. A partida na verdade é feita para atenuar as tensões raciais que existem, para provar que todo mundo é irmão independente da cor, que não existe essa coisa de preto ou de branco etc. Os dirigentes de cada time a todo momento ressaltam que as piadas, insultos, provocações não tem nada de racista, mas o ritual que antecede o jogo e sua partida acaba por revelar uma faceta “bomba relógio” do brasileiro, um racismo institucionalizado prestes a explodir.

Apesar do tema, a partida de futebol é quase desconhecida, mesmo já acontecendo a mais de 30 anos. Assistindo ao filme vemos muito mais do que um simples jogo. O espectador presencia jogadores/moradores brancos se diferenciando pela cultura dita superior, pelo seu cabelo “bom”, pelo uniforme, por estarem em situação econômica muito mais favoráveis que os jogadores pretos, na partida provocam os negros com adjetivos como macaco, pobre, favelados. Já os negros não se fazem de rogados e chamam os brancos de Parmalat, mauricinhos e colocam que quando vencem as partidas vencem na raça, jogando limpo, mesmo com todas as dificuldades.

Como espectador não da para comprar a idéia dos responsáveis pelo time que afirmam que a partida é feita entre amigos, que não há racismo ali e que é todo mundo irmão ouvindo grito de guerra como “Eu sou branco, tenho dinheiro e os negão passa fome o ano inteiro”. É curioso também presenciar falas de moradores negros que afirmam que se ouvissem, o que eles ouvem no campo, no dia a dia de um homem branco qualquer, não gostariam e partiriam para ignorância. Mas dentro do espaço da partida é tudo irmão, é tudo brother, mesmo o grande brother te chamando de macaco.

Preto Contra Branco também discute a disputa territorial e o que é mais e menos importante dentro da vida de uma comunidade cheio de carências. É um ótimo filme, curto, 55 minutos, muito bem filmado e também muito bem intencionado... É ver e discutir.

Segue abaixo o trailer do filme:


sábado, 3 de julho de 2010

O Melhor e o Pior de... Thadie Newton

O MELHOR: A Bem Amada. Thadie Newton com certeza é uma das melhores atrizes negras em atividade no momento. Junto com Zoe Saldana (Avatar) e Kimberly Elise (Sob o Domínio do Mal) forma o trio de atrizes negras de talento impressionante. Foi dificil decidir entre Crash - No Limite, no qual ela faz a esposa revoltada de Terrence Howard que é salva pelo policial que dias atrás a desrespeitou e também no filme À Procura da Felicidade com Will Smith em que vive a insuportável esposa do personagem principal. Apesar de ter bons trabalhos no cinema, é ainda lá no comecinho da sua carreira cinematografica, mais precisamente no seu "bum" que encontramos sua melhor interpretação em A Bem Amada, projeto de Oprah Winfrey baseado na obra de Toni Morrinson. Thadie é o ponto alto do filme e rouba a cena em todos os momentos que está presente.
O PIOR: Missão Impossivel 2. O que dizer de um filme em que as cenas de ação estavam prontas antes do roteiro?... Thadie foi o interesse romântico de Tom Cruise em um dos piores filmes de ação da história. O filme já é péssimo, com John Woo tentando fazer o que pode com um roteiro burro e o ego de Cruise inchando a tela a cada minuto. Thadie, que aparece em uma cena belissima filmada em câmera lenta, desaparece em torno da trama sem graça e do exagero da produção. E mocinhas em filmes de espionagem servem para que o mocinho a salve do perigo, mas o desejo do público em Missão Impossivel 2 é que tudo aquilo termine logo para o bem da humanidade. Acho que nem a própria Thadie fez questão de esquecer que fez parte desse projeto.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Psicologia Social do Racismo – Estudos Sobre Branquitude e Branqueamento no Brasil

Um livro que reúne artigos falando sobre qualquer tipo de assunto tem sempre seus bons e maus exemplos, não é verdade? Geralmente composto por diferentes nomes que escrevem em torno de determinado tema, essas coletâneas (tão necessárias nas universidades) sempre são compostas de altos e baixos. Tem sempre um artigo que beira a perfeição – quando não atinge totalmente – e aquele que é a vergonha do exemplar, mal escrito, mal estruturado, mas como o autor geralmente é Dr. disso. PhD naquilo está ali marcando sua presença, mesmo que o artigo do cara que acabou de se graduar seja infinitamente melhor que o dele...

Essa regra, de que toda coletânea tem seus bons e maus artigos, encontra sua exceção com Psicologia Social do Racismo – Estudos Sobre Branquitude e Branqueamento no Brasil. Trata-se de uma reunião de nove artigos falando sobre branqueamento/branquitude no nosso país e nenhum (eu disse nenhum!) deles é ruim, ou mal escrito ou desinteressante. O livro na verdade tornou-se um clássico, pela sua importância, por ser um excelente trabalho e também por ser um dos poucos estudos sobre branquitude no Brasil que deixaram o “circuito acadêmico” e foram parar nas prateleiras das livrarias. E das livrarias o livro se esgotou rapidinho.

O livro expõe uma fatia da população brasileira que geralmente não é problematizada quando o assunto é racismo, os brancos. Geralmente não são problematizados, pois se omitem da questão enfatizando que toda a responsabilidade sobre o racismo que cai sobre o negro é culpa muitas vezes dele mesmo ou que racismo é coisa de branco preconceituoso e já que aqui no Brasil não existe branco, por que aqui todo mundo é misturado, não existe racismo. A discriminação racial acabou tornando-se um “problema ou questão do negro” e o branco – que também é atingido pela sua invenção – fica imune, vendo tudo de camarote, de braços cruzados. O livro problematiza aquele que nunca foi evidenciado; homens e mulheres brancos, liberais ou não que tem sim sua parcela para o crescimento do racismo.

Não é de hoje que branquitude é discutida. Autores africanos como Steve Biko (Escrevo o Que e Eu Quero) e Frantz Fanon (Os Condenados da Terra) já faziam isso há tempos atrás e com maestria. Mas como a questão brasileira se deu e se dá de forma diferente das demais partes do mundo, teóricos começaram a expor as singularidades da branquitude segundo nosso território.

O livro muitas vezes choca pelas feridas expostas que geralmente são silenciadas em torno do debate. Como por exemplo, a doutora em psicologia Edith Piza que entrevista uma mulher branca da cidade de Itapetinga no interior de São Pulo e esta define o que é ser branco: “Ser branco é não ter de pensar sobre isso. O significado de ser branco é a possibilidade de escolher entre revelar ou ignorar a própria branquitude... não nomear-se branca.”. O livro também problematiza como as pessoas brancas enxergam as pessoas negras, como as dividem em torno de colorações de pele diferentes, os elogios quando encontram alguém negro que mereça louvores “Você não age como um pessoa negra”, como os brancos que se dizem não racistas acabam reformulando o racismo e também como o ideal do branqueamento atinge os negros que acabam por ter vergonha do seu cabelo, da sua pele, dos seus traços negroides, sendo eles no fim culpados pelo racismo que os coloca na parede coma celebre frase “Ah! Mas o negro é preconceituoso com ele mesmo!”

Todo o estudo é argumentado através de teóricos da psicologia (brasileiros ou não), pesquisadores brancos que estudam branquitude pelo mundo afora e também mesclando com conhecimentos de áreas múltiplas como antropologia, sociologia, historia, jornalismo etc. Psicologia Social do Racismo – Estudos Sobre Branquitude e Branqueamento no Brasil é um ótimo livro de gente corajosa que resolveu falar do outro lado. Junto com Aqui Ninguém É Branco, de Liv Sovic, O Espetáculo das Raças de Lilia Moritz Shwarcz e Branquidade – Identidade branca e Multiculturalismo de Vron Ware compõem o quadro das grandes obras que falam sobre a historia da branquitude brasileira. Leitura de impacto com certeza.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

APERTE O PLAY!!! Margareth Menezes - Côco do M

Este é o novo clip da cantora Margareth Menezes. Gravado na feira de São Joaquim e na Ilha dos Sapos, estúdio do cantor Carlinhos Brown, o clip foi dirigido por Wiland Pinsdor. O material faz parte de um dvd que será lançado em agosto deste ano e só está esperando o burburinho da Copa da África do Sul passar para alcançar o devido reconhecimento - se for lançado este mês ninguém olha!!! O clip é muito massa, o diretor conseguiu captar de forma mágica a energia da feira (se vc não é de Salvador é programa obrigatório passar por lá) com as várias culturas afro brasileiras que passam pelo lugar. O material foi filmado em full HD com lentes em 35 mm (chiq a negona!) e tem uma direcão de fotografia primorosa. Estou ancioso pelo dvd, que tem um repertório fantástico que incluem além desta Côco do M, Saudação ao Caboclo, O Quereres, Lua no Mar entre outras e conta com as participações de Gilberto Gil, Luiz Represas, Carlinhos Brown e Roberto Mendes. Se o resto for da mesma qualidade do clip... tudo vai ficar massa!!!!!!!!!!