quarta-feira, 30 de junho de 2010

APERTE O PLAY!!!!!!! - Perle Lama - Aime moi plus fort

Perla Lama veio da Ilhas do Caribe direto para encantar o mundo. Seu zouk é realmente diferencial. Primeiro que foi uma das cantoras a dar substancia ao ritmo, lembrando que a msuica francesa também pode ser cantada em crioulo e fazer sucesso em várias partes do mundo. Outra característica sua misturar o zouk não só ao R&B (quase todo cantor famoso de zouk faz isso hoje), mas também o soul e o reggae. Além disso fala de amor, de resitencia, das misérias da guerra em suas canções... Mas também é sensual como ninguém. Eis um exemplo de um de seus clipes bem feitos. O único mal de Perle é passar anos sem gravar nada. E olha que o jejum dela já dura uns três anos... Mas é uma diva do zouk. Simples e talentosa. Muito diferente da americanada que vemos todos os dias na tv...

terça-feira, 29 de junho de 2010

Uma Prosadora de Mão Cheia! Entrevista com Cidinha da Silva (PARTE 1)

Ao receber as respostas da entrevista com a escritora Cidinha da Silva tive instantaneamente a mesma sensação da menina que consegue o livro tão sonhado no conto clássico de Clarice Lispector, Felicidade Clandestina. Cidinha me pediu calma semanas atrás para responder as questões que lhe enviei e eu (não muito) calmamente esperei. Estava ansioso por suas respostas, confesso. Cidinha da Silva é prosadora de mão cheia, organizadora de Ações Afirmativas em Educação: experiências brasileiras (Selo Negro Edições, 2003, 3a edição). Co-autora de Racismo e Anti-racismo na Educação: repensando a nossa escola (Selo Negro Edições, 2002, 4a edição)e Racismo no Brasil (Peirópolis, 2002). Tem dois livros de histórias curtas publicados pela Mazza Edições: Cada Tridente em Seu Lugar (2007, 2a edição)e Você me deixe, viu? Eu vou bater meu tambor! (2008), além de outros trabalhos. Na entrevista postada abaixo (dividida em duas partes) ela fala sobre o ato de escrever, como se dá a construção de seus textos e também sobre literatura, cinema, outros escritores, racismo, cultura negra e uma infinidade de assuntos... Já li e reli essa entrevista antes de posta-la, descobri universos, aprendi muito a cada linha escrita. Ler Cidinha da Silva é sempre um aprendizado. Aproveite.
  1. A literatura tornou-se um caminho para expor suas idéias a partir de que ponto na sua vida? E o porquê escolheu a prosa como o seu caminho na escrita?

Eu comecei a publicar literatura em 2006, 1a edição do Tridente, aos 39 anos. Minha paixão pela leitura e pela escrita, entretanto, teve início quando comecei a ler, aos 5 anos. Os quadrinhos foram a primeira descoberta e mesclaram-se (continuam a se mesclar) com diferentes livros e autores ao longo da vida. Eu me sinto fluida, feliz e confortável ao escrever prosa. Os poemas doem muito, prefiro lê-los. Aliados à dor que me afasta (tenho pouca resistência para sofrer ao escrever), faltam-me talento poético e técnica para criar poemas. Ao contrário do que muita gente professa por aí, escrever um poema é algo dificílimo. Lapidar a palavra até alcançar a precisão da expressão não é para muitos. Tenho me contentado em pescar a poesia da vida vivida para a minha prosa.

  1. Existe muita informação vinculada no Brasil que o próprio Brasil não lê, não se mostra interessado pela literatura, por um arsenal de motivos, mas o principal que geralmente citam são os altos preços das publicações. Como autora de livros infantis, crônicas, além de volumes ligados a área da Educação, como você enxerga a relação da literatura com o brasileiro?

Antes de qualquer coisa é preciso investir na formação de público-leitor. Diversos são os fatores que dificultam a promoção da leitura, o gosto pela literatura, e são anteriores ao preço elevado dos livros. Vejamos: inexiste, no Brasil, uma cultura de valorização do livro, do(a) leitor(a), do conhecimento e do prazer de ler. Falta incentivo ao contato das pessoas não intelectualizadas com o objeto-livro, principalmente por parte das elites intelectuais e dirigentes, que seguem, ao longo de séculos, tratando o livro como um bem destinado a um grupo de pessoas eleitas. O número de bibliotecas públicas nas cidades, com programas massivos e atraentes para convidar as pessoas a freqüenta-las é insuficiente. Não existe também um número satisfatório de bibliotecas nas escolas públicas, quando existem, possuem acervos ultrapassados e pouco dinâmicos no sentido de fomentar a circulação de livros. Graça o desestímulo à leitura na maior parte do ensino de Português e Literatura nas escolas públicas brasileiras, no qual se privilegia aquilo que supostamente “o autor quer dizer” e que o professor (onisciente) sabe o que é, restando ao pobre estudante encontrar “as respostas certas” no processo de interpretação de texto, que, por si só, deveria ser algo subjetivo e pessoal. Por fim, o preço dos livros de literatura no Brasil não é competitivo comparado a outras opções de entretenimento. O alto preço das obras é definido por fatores agregados, tais como: baixa tiragem de cada edição, circulação lenta dos livros na venda a varejo (em livrarias e similares) e ausência de uma política de popularização e valorização da leitura.

3. Nos últimos anos a literatura infantil no Brasil teve uma grande mudança com a chegada de vários exemplares com histórias envolvendo a temática da cultura afro brasileira e africana sem estereótipos. O curioso é observar dois movimentos que se vê na compra desses exemplares; o adulto que compra o livro para a criança (público alvo) e adultos que compram os livros para si mesmos. Para você, escritora também de uma novela juvenil, qual o impacto que esta nova literatura negra tem sobre adultos e crianças negras?

Houve mudanças pontuais e simbólicas, discordo que tenha sido algo grande. A inflexão de impacto na literatura infantil e juvenil no Brasil, de maneira global, ainda está circunscrita aos anos 70 e 80, com a geração dos grandes escritores e escritoras do gênero que vieram após Lobato, a saber, Ruth Rocha, Ana Maria Machado, Lygia Bojunga e Bartolomeu Campos Queiroz, para citar alguns. No que concerne aos escritores negros, no gênero, temos o precursor e largamente premiado Joel Rufino dos Santos, Geny Guimarães com os belos e premiados “A cor da ternura” e “Leite de peito” e contemporaneamente, Heloísa Pires Lima, que vem fazendo um trabalho muito consistente, principalmente movido pelo diálogo com culturas africanas, além de Edimilson de Almeida Pereira, autor de “Os reizinhos de Congo”, “Histórias trazidas por um cavalo-marinho” e “Rua Luanda”, dentre inúmeras outras publicações. Um autor que admiro muitíssimo, cuja produção literária me ensina muito. Dentre a vasta obra da octogenária e ativa Ruth Guimarães, dedicada à cultura popular do interior de São Paulo, há vários títulos que também podem ser lidos e desfrutados pelo público infanto-juvenil, embora ela não se defina como uma escritora do gênero. Em que pese não ser especialista no tema, arrisco dizer que ainda somos poucos escritores e escritoras negros com trabalho consistente no campo da chamada literatura infanto-juvenil. Pululam livros de afirmação da identidade negra e também os de auto-ajuda para crianças negras (sem esquecer que existem os de auto-ajuda para crianças brancas, nos quais o “inimigo” pode ser o “pivete”, o “trombadinha”, o morador de favela ou de rua, o bom de bola delinqüente e perigoso, invariavelmente representados por personagens negras). Livros em que, o mais das vezes, a tal “mensagem para a criança” sobrepuja qualquer lampejo de criação literária. Mas, não sejamos mais realistas do que o rei, existe espaço no mercado editorial e em nossos combalidos corações para essa produção. Eu mesma sou uma compradora contumaz de livros em que personagens negras tenham destaque na trama, em que apareçam na capa ou quarta capa em posições dignas... compro, leio, faço a triagem, vejo o que serve para presentear os pequenos da minha vida, os que servirão como referências boas ou ruins para minhas aulas e textos, e aqueles que lerei duas, três vezes, por prazer ou para estudá-los. Penso que essa produção de prosa afirmativa da identidade negra, por parte de autores e autoras negros é que abunda, mais do que uma produção literária, propriamente. Por outro lado, há autores não-negros com trabalhos respeitáveis de literatura dialógica com matrizes afro-brasileiras e/ou africanas, neste campo destaco Rogério Andrade Barbosa (com altos e baixos) Lia Zatz e Carolina Cunha. Esta última, devo confessar, não consigo saber se é negra ou não, pois não há referências quanto ao seu pertencimento racial no catálogo ou no sítio da editora (SM Edições). Não há fotografias nos livros e nunca encontrei imagens confiáveis na Internet, é uma incógnita. Encontrei apenas uma definição de que é “baiana de Salvador e desde menina é atraída pelos mistérios dos encantos africanos, por isso se tornou pesquisadora de línguas e artes africanas no Brasil”. O trabalho literário, o que mais importa, é de excelente qualidade e as ilustrações também são belíssimas, feitas por ela. A grande novidade, ainda tímida, me parece ser a entrada de escritores negro-africanos no mercado editorial brasileiro: desde o poderoso angolano Ondjaki, que conta com o lastro marketeiro de uma das maiores editoras do país para sua literatura de incontestável qualidade a autores bem menos conhecidos, mas com um trabalho muito bom, tais como: Adwoa Badoe e Meshack Asare, de Gana, Mamadou Diallo, do Senegal e Sunny, da Nigéria, dentre outros.

4. Você tem cinco livros publicados. Como se deu processo de construção deles? É algo que vai acontecendo de forma livre ou obedece um caminho seguro, regras/padrões/prazos, como prefere fazer alguns autores?

Tenho quatro livros publicado, três de literatura e um de ensaios. O quinto livro está pronto, mas ainda inédito. Segue o processo de garimpar editoras e participar de concursos, é também um infanto-juvenil. Normalmente sou uma pessoa organizada para trabalhar, o desenho e organização dos processos é importante para mim, mesmo que vá mudando muita coisa pelo caminho. Gosto de escrever pelas manhãs, meu horário mais produtivo para a vida. Quanto a prazos, depende da demanda, tanto da minha demanda particular, interno-afetiva com o texto em tela, quanto da demanda externa. Um bom exemplo é quando tenho prazo para entregar o trabalho a uma editora ou para inscrever o livro em um concurso. Os prazos e a organização não me atrapalham, ao contrário, me ajudam.

  1. O que muda em Cidinha da Silva a cada livro escrito e publicado?

Creio que são as mudanças trazidas pelas coisas boas que acontecem na vida: às vezes são surpreendentes, outras são presentes esperados e merecidos, às vezes são avatares de alegria, de melhores tempos... um livro escrito e publicado é invariavelmente uma coisa boa e as coisas boas nos tornam seres humanos melhores.

Entrevista com Cidinha da Silva (PARTE 2)

6. Você além de muitos afazeres também é blogueira, pelo que vi ao contrário de muitos blogs por ai, você posta com certa freqüência nele sobre cultura negra, literatura, quadrinhos e sua vida profissional também. Vi pelas postagens que sente às vezes vontade de desistir e tem vezes que parece estar animada escrevendo-as. O que a motivou usar esta ferramenta virtual?

Iniciei o blogue pouco depois de começar a publicar literatura e tinha o objetivo primeiro de dialogar com meu público, de atingir a um público maior e de ocupar uma fatia de espaço virtual pouco ocupado por escritores e escritoras negros brasileiros. Nunca pensei no blogue como um espaço para produzir literatura, vejo-o muito mais como um espaço de expressão política por meio da arte que acredito e gosto. Às vezes oscilo quanto à continuidade dele porque tenho menos tempo para escrever do que gostaria, isso às vezes me frustra muito. Gostaria de postar mais textos autorais do que notícias, de ter tempo para comentar as notícias e desenvolver minhas reflexões.

  1. Foi através do seu blog também que acabei sabendo que obras suas estarão em breve em versões cinematográficas. Instantaneamente lembrei filmes como A Cor Púrpura, que foi odiado inicialmente pela autora Alice Walker até ela, anos depois, compreender que seu livro tinha virado outro produto e também de Paulo Lins cujo seu Cidade de Deus foi reinventado nos cinemas. Quais são as expectativas e medos em relação à sétima arte inspirada na sua literatura?

Primeiro é importante dizer que algumas obras minhas estão em processo de adaptação como curtas de ficção, nada de telona, por enquanto. Segundo, fico muito animada, sempre, porque acho o cinema um grande barato. O Joel Zito Araújo, amigo querido e cineasta que respeito muito, disse certa vez que tenho textos muito “fílmicos”. Pelo que entendi do comentário dele, são textos que se prestam bem ao cinema. Outro amigo querido, o poeta Ricardo Aleixo menciona a agilidade da minha escrita, o que também está relacionado à imagem, não é? Então, esse “coqueteio” com o cinema é algo que me alegra muito. Por fim, pelo menos de forma racional, separo a obra literária das outras expressões artísticas que ela inspira. Mas gostaria muito que meu texto fosse para o teatro, por exemplo, assim como o texto de Marcelino Freire tem ido, ou seja, de maneira integral, sem cacos, sem xistes de ator, sem acréscimos ou cortes na palavra minha. Que a arte do ator apareça pela interpretação do meu texto que se manteria integral, intacto, isso é um sonho de consumo. Neste momento, a Iléa Ferraz, ilustradora do Pentes e também atriz de sucesso, está montando um espetáculo a partir dos textos do livro “Os nove pentes d’África”, com estréia prevista para agosto, no espaço Tom Jobim, aqui do Rio de Janeiro. Vi uma prévia no lançamento do Pentes, realizado em março deste ano, no Centro Afro-carioca de Cinema, também no Rio. Trata-se de uma criação de dramaturgia, música e de expressão corporal a partir do texto, escrito por mim e das imagens dos pentes desenhados por ela, mas ali não estará o texto “Os nove pentes d’África” em sua integralidade. É uma possibilidade interessante, exige um desapego afro-zen. Estou empenhada em abrir o coração para as novas obras que nasçam a partir da minha. Entretanto, há uma coisa que me irrita, é quando atores ou performers dão ao meu texto uma corporeidade espalhafatosa que meu texto não proporciona. Por mais que a pessoa viaje, não cabem efeitos exagerados em um texto econômico como o Pentes, por exemplo. Já aconteceu algo assim e fiquei bastante frustrada. Senti como se a atriz pusesse meu

texto no chão e descarregasse um pente de tiros de metralhadora sobre ele. Pareceu-me uma performance pronta (e talvez eficaz em outros contextos) encaixada no meu pobre texto.

  1. Você é graduada em historia pela UFMG. Só que virou escritora de renome no cenário da literatura negra nacional. Existe lugar para a historiadora Cidinha quando a escritora entra em ação? A historia que estudou na universidade influencia de alguma forma as historias que conta como escritora?

Sua pergunta tem várias partes. Para início de conversa não me vejo como uma escritora de renome em qualquer cenário, agradeço sua manifestação de carinho e apreço por mim e por meu trabalho. Sou uma escritora séria, dedicada, uma pessoa que lê muito, inclusive para enfrentar suas inúmeras lacunas de conhecimento, que estuda para conhecer novas técnicas de escritura e apurar as que tem, além de escrever e reescrever todo o tempo que minha vida de operária do intelecto (de onde vem meu sustento) permite. Eu tenho verve de pesquisadora e isso me acompanha em todas as atividades, não a pesquisa acadêmica, mas a pesquisa movida pela curiosidade de conhecer, pela necessidade de desenhar a planta baixa de uma obra literária, pela necessidade de melhor construir um projeto artístico. Relendo meus primeiros textos, os publicados e principalmente os que não publiquei, seja pelo meu próprio discernimento, seja por sugestão de outrem, percebo que, mais do que a historiadora, a ativista me tolhia. Hoje estou um pouco mais solta, mas às vezes ainda sou lembrada (por mim mesma ou por leitores críticos) de que a ativista deve se recolher quando estou escrevendo literatura. Como disse Nadine Gordimer ao comentar sua produção literária e a luta inescapável contra o racismo na África do Sul dos tempos terríveis do Apartheid, “estamos discutindo assuntos importantes. Agora vamos deixar de falar sobre eles para que eu possa voltar à questão de escrever sobre eles”.

  1. Vi criticas, sempre muito positivas, sobre seus livros, principalmente “Você me deixe, viu?Eu vou bater meu tambor!”. Na maioria delas, evocam um lado profundo, de uma literatura engajada, feminista, quase uma pretensa responsabilidade sua em escrever literatura negra feminina, pois é autora negra. Eu achei sua linguagem muito simples, temas como sexualidade, amor, relações entre homens e mulheres soltam para o leitor de forma despretensiosa. Você se sente cobrada em escrever literatura negra sobre mulheres, pois é uma autora negra? Como lida com as criticas positivas e já recebeu alguma negativa, já que não encontrei nenhuma?

Primeiro vou comentar o preâmbulo para depois responder às perguntas. Você é um afortunado, eu tenho menos acesso às críticas do que você. Nós, no Brasil, inclusive na Universidade, somos pouco críticos, não é? A crítica é tomada como algo pessoal (às vezes o é, de fato) e as pessoas têm medo de ganhar inimigos ao criticar um trabalho. Confesso que vez ou outra, eu mesma tenho medo de criticar, principalmente trabalhos de amigos. Creio que tendo a lidar bem com a crítica séria e fundamentada, mas se forem coisas destruidoras, maldosas ou burras, convoco a dupla dinâmica das estradas e vamos buscar caminhos. Sim, minha linguagem pretende ser simples. Quero alcançar as pessoas, quero ser lida. Além da simplicidade, busco a economia textual, pois sou prolixa e não quero que meu texto o seja. Sim, me sinto cobrada, apenas por homens que pensam saber o que uma prosadora negra deveria produzir em terras tupiniquins. Em geral, eu ouço as sugestões deles, atenta e muda, mas elas entram por uma orelha e saem pela outra, não esquentam lugar no meu cocoruto.

  1. Vi que o livro Cada Tridente em Seu Lugar foi lançado também em formato e-book. Mas muitos autores atualmente publicam somente na web seus escritos, às vezes por conta que não possuem editores ou até por gosto mesmo dessa nova ferramenta. Está em seus planos publicar algo somente no mundo virtual?

O Tridente será lançado como livro eletrônico, em breve. Estou muito contente porque a editora escolheu três autores para abrir esse caminho e eu estou entre eles. Tenho planos de publicar uma obra virtual, sim. Será um trabalho embasado pelo Pentes e em conversas sobre literatura, especificamente sobre a minha produção literária, desenvolvidas com pessoas diversas em comunidades de favela e periféricas da cidade do Rio de Janeiro.

  1. Para Cidinha da Silva ser escritora negra no Brasil, um país com racismo velado, é...

Uai, racismo velado onde, cara pálida? O racismo aqui é virulento - em que pese não haver racismo brando em lugar algum, é só para contrapor o suposto disfarce - e escancarado. Mata, obstrui e aniquila. Eu sou uma mulher negra aqui e em qualquer lugar do mundo. Mais do que uma escritora negra sou uma negra escritora, tal como seria uma negra médica, gari, cozinheira, professora universitária. Ser negra é nome. É substantivo, principalmente em sociedades racistas e racializadas como a brasileira.

O MELHOR E O PIOR DE... Marlon Wayans

O MELHOR: Requien Para Um Sonho. O que dizer de um filme falando sobre drogas, mas com roteiro longe do moralismo? Uma abordagem sublime e nada convencional. Wayans está muito bom no papel do traficante que vive entre o "barato" e a dor da dependencia.O ator apesar de ter uma carreira muito mais consolidada que seus irmãos no cinema, participando de produções pequenas ( Tupac: Resurrection) e outras grandiosas (G.I. Joe - A Origem Cobra), entrega em Requiem a sua melhor intepretação e foge do estereotipo que ele próprio construiu em seus filmes de comédia. É um ator e tanto, pena que ele mesmo não veja isso...


O PIOR: Todo Mundo em Pânico 2. A continuação de um filme "brilhante" que deveria ter parado no primeiro capítulo? Eis então um dos piores filmes paródia de todos os tempos. A única cena que se salva Wayans está longe dela, a primeira cena do filme homenageando o clássico O Exorcista. Além disso, o personagen repetido pelo ator na continuação morreu no primeiro filme e reaparece misteriosamente no segundo capitulo da cine série. Realmente uma das piores coisas que já vi na vida. O resto todo mundo já sabe... Com a volta da série Pânico aos cinemas com seu 4º capítulo, o ator que é também produtor da série Todo Mundo em Pânico já está com o capitulo 5 pronto e com certeza deve arranjar o capitulo 6, 7, 8, 9, 10... Deus nos ajude!...

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Flor do Deserto

Um aviso: Flor do Deserto, filme escrito e dirigido por Sherry Horman, que conta a historia da modelo somali Waris Dirie, faz bem para a alma. E um bem incrível! O filme me surpreendeu do inicio ao fim. Principalmente porque fui ao cinema com poucas informações sobre ele. Digo que foi o maior “risco cinematográfico” que já corri em anos. O filme é divertido, chocante, triste, emocionante, lindo, tudo na medida certa. Um filme leve que toca em assuntos sérios de forma única.

A história de Waris Dirie é um conto de fadas da vida real. Tudo que for improvável acontecer na vida de alguém aconteceu com ela e sua história sempre foi um prato cheio para um bom filme que agora transformou-se em realidade. Dirie viveu na Somália, país africano que circucinda suas mulheres quando ainda são crianças no intuito de purificá-las. Fugindo de um casamento arranjado, ela vai ao encontro da avó materna atravessando todo o deserto, passando sede e fome, chegando a Mogadishu, capital da Somália. Lá, passa toda a adolescência vivendo longe da mãe e não é alfabetizada pela família. No final da adolescência viaja para a Europa fugindo de uma guerra civil, acreditando que lá sua vida pode melhorar e vai trabalhar na embaixada do seu país como empregada domestica. Logo depois sair da embaixada e viver perambulando pelas ruas de Londres, comendo lixo e sem ter lugar para dormir é descoberta em um restaurante por um grande fotografo que lança seu nome para o resto do mundo.

Mas não se engane, o filme não é algo leve e despretensioso totalmente. Ele só faz uso de um caminho diferente para contar a historia de Dirie. Ao invés de carregar no drama, de vitimizar a infância da grande modelo, ele vai e volta no tempo equilibrando grandes momentos dramáticos com ótimos momentos de humor. E funciona da melhor forma possível.

Não tem como o espectador não se encantar com a historia de Waris Dirie, que no filme é feita (magistralmente) pela também modelo Liya Kebede (a esquerda na foto acima junto com a Dirie original). Sua interpretação é tão bem feita que o espectador se encanta e torce pela personagem. Na sessão em que estive presente, o público vibrava a cada passo certo dado e murchava a cada drama vivido. E o resto do elenco também está maravilhoso. Além disso, tudo, a Londres do filme transpira realidade, com gente de todos os cantos do mundo, falando um inglês carregando de sotaques diversos.

O filme tem defeitos? Sim tem. A relação entre Dirie e sua mãe quando ela consegue voltar pra Somália é passada de raspão e o filme apela para um interesse romântico que nunca se resolve realmente. Mas é tudo feito tão rápido que não dá quase para reparar. Quando você pensa já está fisgado pela historia da modelo que vira símbolo contra a pratica da circuncisão feminina em todo mundo.

E friso esta característica do filme. Waris Dirie vira símbolo de uma luta contra um costume somaliano que mutila e mata muitas vezes mais de 6.000 mulheres em seu país. E ela fala com propriedade, pois veio de lá. Não é um liberal europeu ou de outra parte de mundo querendo “socorrer” a África. Ela é africana, como diz em seu discurso na ONU, ama sua mãe, o seu país e seu continente e sabe que uma parte mutilada mutila todo o resto de uma pessoa. Ela é o exemplo de uma África chamando atenção da própria África. A cena da mutilação, exibida no final do filme é chocante. Confesso que nem vi muita coisa, pois vi a cena de lado, na maioria do tempo, pois não agüentei o baque.

Waris Dirie é uma personagem e personalidade encantadora. E o filme Flor do Deserto passa sua historia de forma leve e violenta nos momentos certos. É um grande pequeno filme que merece e muito ser visto e revisto.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Aperte o Play!!!!!!!! Jennifer Hudson - And I Am Telling You I'm Not Going

Um dos grandes momentos do cinema negro norte americano. Sem sombra de dúvidas. Uma das melhores canções que o cinema musical já presenciou. É brega ao extremo, assim separada, sem voce ver o filme. Mas cai como uma luva junto ao desespero da personagem Effie que está perdendo tudo que conseguiu na sua vida, principalmente seu grande amor. E Jennifer Hudson realmente é um achado. Perdeu o Idolos estadunidense, mas ganhou o mundo. E ainda por cima, em um musical protagonizado por Beyonce, consegue roubar as cenas todas as vezes que está presente. E rouba com facilidade, seu personagem, apesar de coadjuvante, tem a melhor história do filme, suas canções também são as melhores, além do talento de Jennifer que não tem igual.

Aperte o Play?????? Ultra Nate - Give It All You've Got

Gente o que é isso? Os clipes da cantora Ultra Naté nunca foram lá grande coisa. Gosto de Free, antigo hit dela que virou um clip simples e massa. Anos depois ela engata novo sucesso com Automatic, clip ousado, com direito a aviso do You Tube por conta das suas cenas "pesadas" - homens insinuando masturbação pela net. Mas neste clip, ela exagera, quer ser sensual e diferente, acaba sendo lugar comum e de muito mau gosto. Uma das piores coisas que já vi em minha vida. A música é ruim, o cenário é horrendo e ainda é digital, a maquiagem dela é bizarra, os homens feios, ela ta ridicula... Gosto muito dela, mas neste clip nao! NÃO!... Se tiver coragem dá uma espiada ai em baixo.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

EM MENOS DE DUAS SEMANAS...

Recentemente coloquei o contador, depois de que um dos leitores do blog (Braulio da Bahia rsrs) me chamou a atenção para este tipo de ferramenta. E eis que surge uma supresa, com menos de duas semanas olha a quantidade de visitas neste PELICULA NEGRA. Sei que tem gente que entra aqui e torce o nariz por conta da temática, mas a maioria curte o trabalho desse blogueiro de plantão. E garanto muitas supresas pela frente...
Muuuito obrigado galera pelos elogios, pelas críticas, pelos amigos add ao orkut por conta do blog, pelo apoio enfim. Valeu mesmo!!!!!!!!

O Sol Tornará a Brilhar

Oprah Winfrey, no dvd extra de A Cor Púrpura, relata a desconfiança dos diretores, produtores e atores negros norte americanos sempre tiveram em relação à Hollywood. Na “fábrica de sonhos” norte americana o racismo era lei. É só reparar nos antigos sucessos norte americanos para ver não só como a raça negra, mas como todas as raças diferentes da branca eram configuradas pelo cinema. Não que isso tenha sido extinto. O racismo cinematográfico hollywoodiano apenas mudou sua configuração, ele está lá, é só apurar os olhos e você vai enxergar tudo claramente.

Mas, existiu um movimento de contra corrente, em que atores negros norte americanos reinventavam a forma de olhar o corpo e o personagem negro. Sem sombra de duvidas, este movimento teve com um de seus grandes protagonistas o ator Sidney Poitier. Ele com certeza fez escola e é reconhecido até hoje pelos atores (brancos e negros) norte americanos como precursor do bom cinema negro norte americano. Era um ator excelente? Não! Sidney muitas vezes soava exagerado ou estava ligado no piloto automático. Mas a sua garra como profissional, envolto em filmes que colocassem o ator negro em ponto de igualdade com atores brancos é que faz de seus filmes exemplos natos de ótimos trabalhos. Ele não estava atrás apenas de papéis de destaque, mas de protagonistas desafiadores, que participassem de ótimas histórias, fazendo negros que não estavam sujeitos em hipótese alguma a subordinação. Com essa determinação participou de filmes como Adivinhe Quem Vem Para Jantar, Ao Mestre Com Carinho, No Calor da Noite e O Chacal, todos clássicos.

E apesar deste O Sol Tornará a Brilhar não ter atingido o status de clássico, por ser um filme não tão conhecido, é com certeza um de seus filmes mais marcantes. O por quê? O filme tem no roteiro, na interpretação dos atores e na direção segura seus principais trunfos. Tudo começa quando os Younger, formados pelo motorista Walter Lee Younger, seu filho Travis, sua irmã Bernie, que estuda medicina, e a mãe viúva, Lena, proprietária do imóvel, recebem um cheque de 10.000 dólares proveniente do seguro de vida do patriarca da família já falecido. Só que Walter já pensa o que fazer com esse dinheiro, abrir um bar junto com outros dois amigos, seu grande sonho. Em contrapartida a matriarca da família pensa em pegar o dinheiro e comprar uma boa casa, em um bom bairro, já que a família passa por dificuldades e isso seria garantia de uma vida melhor para eles, além que ela não suporta a idéia de ver todo esse dinheiro gasto em um “comercio de vícios”.

As dificuldades financeiras e os diferentes destinos para o dinheiro são fundo para discussões intermináveis entre os Younger. E é justamente neste ponto que o filme, baseado em uma peça teatral em cartaz na Broadway, cresce. Quase toda a trama é passada no apartamento da família e é tudo feito com tanta força e impacto que não tem como o espectador não se envolver com a historia desse clã e seus desafios, frustrações, amores, vaidades, orgulhos, vitórias, derrotas e alegrias. A trama toca ainda em temas como racismo, aborto, ateísmo, valores familiares, África, violência, vicio, intelectualidade, tudo de uma forma muito bem feita. Existem horas em que a conversa entre a família esquenta e seus dilemas tornam-se muito profundos, a ponto do espectador sentir-se atraído a voltar os diálogos de tão bem escritos. A direção do canadense Daniel Petrie é segura. E apesar de Sidney Poitier ter o personagem principal em suas mãos, são as atrizes Claudia McNeil e Ruby Dee que roubam a cena, deixando Sidney no chão.

O Sol Tornará a Brilhar de 1968 é com certeza uma das melhores coisas que já vi em minha vida. É simples, sem explosões, sem efeitos especiais, mas tocou minha alma diferente de muito filme atual. Para quem não encontrar a versão antiga, existe uma nova, feita em 2008, com Sean “Puff Daddy” Combs no papel que foi de Poitier. Não assisti ao filme, que é passado nos mesmos anos de 1950 do filme original e é comandado pelo diretor negro norte americano Kenny Leon. Fiquei curioso quando vi a capa do dvd e estou ansioso para ver esta nova versão. O de 1968 está na minha lista de grandes filmes, de grandes clássicos, que já vi na vida. Uma ótima pedida.

domingo, 20 de junho de 2010

Beyonce e Jay Z: Metamorfoses...

Não é exagero afirmar que os dois são os nomes mais falados do momento. Beyonce (mesmo estando de férias) e seu Marido Jay Z são referencias seguras não só no "mundinho" do R&B norte americano como também no mundo do entreteminento como um todo. Ela virou fenômeno com Single Ladies, veio ao Brasil causando maior loucura em várias capitais (inclusive em Salvador), é "atriz" - com aspas mesmo! - e ganhou um grande número de prêmios por seus trabalhos como cantora. Ele? Nada mais que O nome atraz do rap e R&B nos EUA, já fez parceria com quase todo cantor/cantora importante e tem uma fortuna estimada em mais de 100 milhões de dólares... Mas todo mundo, até os super stars, tem seus bons e maus momentos. Até com uso de photoshop e afins aquele astro que aparece lindo pode parecer bizarro em determinadas publicações. Dia desses navegando na net desobri dois exemplos bons e bizarros desses dois ícones e como o PELICULA NEGRA também tem seus momentos de "bom" humor, resolvi postar dois momentos de Beyonce e seu marido Jay Z aqui. Para vocês verem que a fama e o sucesso nem sempre vem para o bem...

1º - Jay Z: capa Rolling Stone. Este não tem como ficar bonito. Repare que na segunda capa - de looooonge - ele tá todo estiloso, poderoso, pondongoso. Mas na primeira, tá estranho, não?... Até hoje não entendo como uma mulher como Beyonce, linda, poderosa, RICA, foi se apaixonar por um filhotinho de Deus é mais como ele... Mistérios da paixão!...


2º - Beyonce: embranquece. Isso constantemente acontece com ela. A maior estrela negra do entretenimento é embranquecida regularmente nas publicações. Eu já postei comentário sobre isso aqui, mas essa da Marie Claire é de se espantar. Será que ela fica mais aceitável para os racistas que adoram ouvir Single Ladies e Halo?... Outro mistério...



Aperte o Play. Sara Tavares.

A cantora Sara Tavares chegou pra mim como um destes milagres da net. De blog em blog, em mais uma noite viajando no universo alheio encontrei "Sarinha" - intimo não?! - e me apaixonei. A música é simples, mas contagiante. De um balanço muito bom. Ela é filha de imigrantes cabo verdianos em Portugal, cresceu musicalmente misturando as influencias ancestrais com o toque pop do país onde vive. Está no seu terceiro album e digo por experiencia própria, suas músicas grudam que nem chiclete.


sábado, 19 de junho de 2010

Mãos Talentosas - A História de Ben Carson

Qual foi o último filme de Cuba Gooding Jr que você viu estrear nos cinemas no Brasil? Norbit, O Gangster? Os dois estrearam em 2007, ao contrário de quase todos os outros lançamentos de Cuba que foram, no Brasil, diretamente para DVD. O que aconteceu com o astro em ascensão que ganhou, nos longínquos 1996, o Oscar de melhor ator coadjuvante por JerryMaguire? O que fez ele seguir o mercado de DVDs dominado por Steven Seagals e Van Dames da vida?

Não que isso signifique necessariamente fracasso na carreira. Quase todos os meses chega as locadoras um filme estrelado por Cuba Gooding Jr e nesse caminho, por exemplo, ele já trabalhou com gente importante como Lee Daniels, diretor de PRECIOSA, e também viveu personalidades negras estadunidenses como neste Mãos Talentosas - A História de Ben Carson. Cuba tornou-se o rei do mercado DVD no Brasil e seus filmes, por algum motivo, chegam aqui somente na telinha, fazendo com que seu talento não seja reconhecido em tela grande. E os filmes dele não são todos ruins. Gente como Eddie Murphy lança ano após ano exemplares de filmes horrendos e todos (!!!) chegam ao cinemas sem dó nem piedade. Para você ver o último filme bom de Eddie nos cinemas foi DreamGirls, isso faz tempo já. Nem todo mundo tem o cacife de Denzel Washington que traz sempre exemplares bons para seu público cativo aqui no Brasil.

Voltando a Cuba Gooding Jr, este Mãos Talentosas - A História de Ben Carson também só veio ao Brasil disponível em vídeo. Infelizmente, tenho que dizer que não era digno de chegar aos cinemas, não que seja ruim, trata-se de um filme, feito para televisão bom e só. O filme conta a história do médico Ben Carson (ao lado do ator na foto postada), desde sua infância difícil em Detroit até quando faz sua grande operação mudando drasticamente o mundo da neuro cirurgia.

É um filme simples, com seu protagonista sendo interpretado de forma segura por Cuba. O roteiro na verdade passa boa parte do tempo concentrando-se na infância e adolescência do médico e no papel da sua mãe como base fundamental para seu crescimento enquanto homem e estudante exemplares. Aliás, esta personagem é o grande trunfo do filme, interpretada pela atriz Kimberly Elise (O Diário de Uma Louca/ A Bem Amada/ Sob o Domínio do Mal). A mãe de Ben brilha a cada momento. A atriz faz toda a interpretação de uma forma extremamente contida, sem precisar de exageros para sobressair-se em cena. Tem, a seu favor, as melhores frases do texto e os grandes momentos do filme também.

O filme só tem um defeito, crucial até. Não sabe se opta em contar a historia do grande médico, ou a historia dele através do ponto de vista da mãe. No primeiro ato do filme, muitas vezes dar-se atenção demais a mãe e isso não seria problema, se no segundo ato o filme continuasse assim, já vimos isso dar (e muito!) certo em Os 2 Filhos de Francisco. Mas no segundo ato a mãe do médico quase some e o filme dá mais importância nos feitos dele como cirurgião.

Mãos Talentosas - A História de Ben Carson é um filme bom. As lições da mãe de Carson são ótimas, o filme centra-se também na fé em Deus que ela passa aos seus filhos e passa voando pelas dificuldades e conflitos existentes na vida real de Carson. Se um filme simples, sem mirabolantes reviravoltas e grandiosas atuações te satisfaz, Mãos Talentosas - A História de Ben Carson é uma boa pedida. Fica também a dica para conferir a carreira de Cuba Gooding Jr em DVD, não é toda de se jogar fora.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Seria mais um homossexual hétero?...

Estreou recentemente, no horário nobre da Rede Globo, o seriado Lei e Orde... digo, o seriado Na Forma da Lei. Dirigido por Wolf Maya, claramente a micro série, com episódios que vão ao ar durante oito terças feiras, pega carona nos seriados de investigação norte americanos. Até a abertura parece saida da cabeça dos membros de produção do CSI. Não que isso seja um pecado horrível, trata-se apenas de um pecado rotineiro, já que não é de hoje que vemos a Globo imitando algo de fora para se dar bem. e mais ainda por conta que ela está perdendo terreno para os gringos imigrantes; CSI, House, Supernatural, Grey's Anatomy, estão roubando a audiencia global fazendo a alegria das emissoras, principalmente da Record.
E para você ver que trata-se de uma imitação (quase) perfeita, o personagem negro presente em todos estes seriados está lá também, o jornalista Ademir. Interpretado pelo ator Samuel de Assis. Mas, olhe bem, este tem mais um significante, Ademir é homossexual. Um personagem negro, gay na Globo? Nossa, não vejo isso desde... hum... Xô vê... pera deixa eu pensar... hum... é... pera, hum... a... hum, lembrei, A Próxima Vítima, nos longíquos 1995. É... Quase que deixo Jefferson, interpretado por Lui Mendes, namorado de Sadrinho, de fora. Se lembra dele?...
E tem mais, é um personagem negro, gay e faz parte do elenco principal. É realmente um achado. Mas não vá comemorando não, que o seriado é feito por uma televisão aberta e ainda por cima é a Globo. Por tanto, não espere um personagem com vida ativa, principalmente por que ele é gay. Desta forma, nada de beijo, nada de cena de sexo, por que os personagens gays da dramaturgia brasileira são quase que heterossexuais.
E ainda mais ele sendo negro!!! Imagine, o protótipo de virilidade brasileiro tendo comportamentos homossexuais?... Até por que o personagem da série não é efeminado. Isso é quase contraditório na televisão do Brasil, personagens homossexuais que não servem de chacota para o público rir.
Mas se não vai ser construído como palhaço, pelo menos o público homofóbico tem uma garantia: o personagem gay negro não vai ser construído completo dignamente. Levando também em conta as recentes declarações de dois autores fixos da emissora, Aguinaldo Silva e Silvio de Abreu, que deixaram claro que beijo gay na Globo nem pensar. Portanto, se estiver querendo algo mais construtivo, assista a série Noah's Arc tratando-se de homossexualidade negra vista de um prima diferente.
O personagem gay da nova série global como em toda sua dramaturgia é um quase hétero, evidenciado que é "gay" por conta de um texto sem diretriz e insinuações de um corpo subalterno que quase não tem protagonismo sobre si mesmo. Seu desenvolimento é fruto de um olhar da audiencia homofóbica. Ele progride até onde ela deixa...A heterossexualidade é igual a branquitude, só consegue enxergar ela mesma.

terça-feira, 15 de junho de 2010

O Pornô Inter-racial.

Vou logo avisando, se você for moralista não continue lendo o post, ok? Já falei de pornografia em dois momentos aqui no blog, uma sobre o mundo do obsceno como um todo e outro sobre o nome masculino mais famoso do pornô nacional Agora ela é assunto novamente aqui. Dado os devidos avisos, continuo.

Todo mundo sabe que a indústria de filmes pornográficos no Brasil deu uma catapultada nos últimos anos. O mundinho pornô brasileiro geralmente se manteve restrito a ele mesmo, mesmo depois da popularização do pornô pelo vídeo cassete, do DVD e atualmente da internet, já que ninguém precisa mais sair de casa para ir a um cinema ver pornografia. Mesmo com toda essa “discrição” e comodidade, a pornografia conseguiu sair nos últimos anos do seu mundinho e ir além. Hoje seus artistas aparecem em programas de TV aberta, falam do seu oficio em entrevistas, desmistificam muita coisa. Isso se deu com certeza também por conta da passagem de personalidades e atores famosos do maestrean nos últimos anos para o mundo da pornografia. Também os filmes pornográficos no Brasil se profissionalizaram e muito. Hoje existem produtoras que se preocupam e muito coma qualidade de suas películas e apostam na carreira dos profissionais e na rede de relações presente no pornô.

Mas, mesmo com toda esta renovação e da abertura, o pornô continua tradicional em alguns aspectos. Logo ele, que colocou para fora fantasias trancafiadas há séculos entre quatro paredes, para todos no século XX e XXI observarem atentamente. Na verdade no mundo do obsceno, realidade e “ficção” se misturam; não se sabe muito bem quem inspirou quem, se a realidade serviu de exemplo ao pornô, ou o pornô guiou a realidade. Sabe-se hoje que o pornô é um gênero fílmico consumido a exaustão, que movimenta muito dinheiro, se sustenta basicamente hoje pela net e pelos DVDs e que as fantasias expostas por suas lentes estão na cabeça de cada um dos brasileiros espalhados deste país. E como estamos no Brasil, país que é conhecido internacionalmente como (e faz até hoje propaganda desse aspecto “ímpar”) miscigenado, misturado e como aqui também, como em outros países da America, existiu todo um processo de escravidão negra, temos como característica nacional uma das fantasias mais trabalhadas pelo pornô: o sexo inter-racial.

O pornô é um estilo que é feito para expor o proibido. Sem o proibido ele não existe. E quer algo mais proibido nas Américas que uma relação inter-racial? Você pode estar achando que isso aqui no Brasil nunca foi tabu, que aqui todos se amam e tudo é liberado. Engano seu. As relações inter raciais foram feitas de formas, digamos, suspeitas. Pela exploração do corpo negro pelos brancos na época colonial, com objetivo de embranquecimento da população brasileira no final do século XIX começo do século XX (acreditava-se que a mistura entre negros e brancos com o passar das gerações fizesse do Brasil um país branco e assim ele atingiria o desenvolvimento), e no Brasil contemporâneo arraigando todos os tipos imagináveis de estereótipos ligados ao corpo negro. Portanto, o sexo inter-racial é sim uma fantasia, desde o senhor de engenho que saia sorrateiro pela casa grande para pegar as negras da cozinha ou da Senzala, até hoje. Brancos e negros, gays ou héteros, se envolvem sim, mas o corpo negro é visto como um objeto ótimo para o sexo e também um tabu. Isso também se deu em países com regimes segregacionistas ferrenhos como EUA e África do Sul, mesmo lá existindo proibição perante a lei, negros e brancos se envolviam e a miscigenação virou uma fantasia proibida no coletivo das populações.

Como as relações raciais tornaram-se tabu, o pornô fez questão de assumir e transpor em forma de filme. Primeiro que o corpo negro no pornô brasileiro é configurado de acordo com as exigências do mercado. No pornô heterossexual existem empresas que trabalham com elenco negro em sua maioria, como por exemplo, As Panteras. Já outras fazem uso do corpo negro somente em filmes inter-raciais e também em gang bangs, filmes com vários homens e uma só mulher, geralmente loira. No pornô gay brasileiro o negócio fica um pouco mais restrito, já que não existem empresas que trabalham com este arquétipo e poucos são os casos de pornôs nacionais onde o negro esteja em evidencia, mesmo com os estereótipos existentes, apesar da fileira inter-racial conseguir algum destaque nos últimos anos. No caso das travestis, a diversidade é a principal característica, louras, morenas e negras com a pele mais clara são recrutadas, mas é preciso ter em mente que muitas travestis de peles mais escuras e feições mais próximas do negro, freqüentemente transformam seu visual mediante o uso de longos cabelos louros e de cirurgias faciais.

Os corpos negros no mercado pornô são simbolicamente associados com imaginários que falam de potência sexual, de tamanho, de extrema lascívia e da virilidade no caso masculino. Já o corpo branco é um objeto do desejo, de alcance, do belíssimo, do perfeito. Juntos, o protótipo de beleza + o protótipo de lascívia dão uma boa mistura, diz o mercado. E existem técnicas especiais para lhe dar com o desempenho dos dois corpos juntos. A luz, por exemplo, é uma delas. Há certa dificuldade em filmar pornôs inter-raciais, por conta do contraste dos dois corpos e os desafios técnicos devido ao ajuste de luz. Alguns câmeramen dizem que a luz para o inter racial tem que ficar perfeita, bem mais que filmes convencionais, se não a pele branca na imagem pode estourar, ou a pele negra pode ficar feia como mancha borrada, o aumento de luz etc. estes profissionais dizem também que no contraste das peles o pênis do ator negro que fica maior do que ele é realmente.

Também a forma de distribuir o filme pornô inter-racial é bem diferente dos demais. No pornô heterossexual, por exemplo, a mulher é o grande mote e o homem um mero objeto, aparecendo em muitas filmagens parte do seu corpo, pênis principalmente. No inter-racial o homem negro também é evidenciado, na divulgação geralmente é destacada sua virilidade, com fotografias que destacam o tamanho do seu pênis. O recurso de programas como photoshop são fundamentais já que o corpo no pornô não pode parecer em hipótese alguma com o corpo “normal”. Outro fator são os títulos e as legendas, já que é por eles e as imagens que o consumidor basicamente verá o que vai levar para casa. E para atingir esta meta, tudo é valido, desde o uso de palavras chulas, até o de humor, objetivando sempre uma ação, através do exagero, outra marca básica do pornô. Como a relação inter-racial é uma fantasia, o pornô dá sua exagerada para vendê-la conforme seus padrões.

Então, não se vêem somente corpos, mas corpos incríveis, não somente loiras comuns, mas loiras que vão deixar você louco, não qualquer tipo de homem negro, mas aquele que tem um pênis gigante, grosso. E para divulgação destes corpos ilustres, envoltos nessa fantasia, como em um espetáculo circense, são de uso freqüente frases como: “as maiores picas do Brasil”, “a perfeita combinação de inocência e safadeza”, “as loiras mais perversas do cinema pornô, se mostram taradas por negros viris e extremamente dotados”, “filme imperdível, com anal inter-racial em todas as cenas, além de DPs e ejaculações faciais”, “É um pássaro, é um avião? Não, espere, é o pau gigantesco de Shane Diesel”, “Negras deliciosas mostram quanto prazer elas podem dar aos apreciadores de sexo com mulheres da cor do pecado “É um site dedicado ao sexo inter-racial. É pornô puro e duro com homens negros com picas gigantes a fuder mulheres brancas doidas por fazer mamadas e por foda”, “Muitas mulheres tem vontade de dar para um negro pauzudo e este filme vai mostrar como eles seduzem suas vitimas sexuais”. Para o titulo destes filmes, é colocado em evidencia o papel bestial que o corpo negro adquiriu ao longo da historia chamando atenção para sua virilidade e safadeza exacerbada. Títulos como Blackzila, Rola Monstro, Só Negros Comem Assim, Negras Fogosas 2, pipocam nas locadoras e nos sites de todo Brasil.

Os produtores dos filmes pornográficos consideram os múltiplos fetiches do seu mercado consumidor antes de executarem os filmes. E o fetiche do sexo inter-racial é ver o animal cheio de volúpia (negro) a fornicar o objeto perfeito do desejo sexual (corpo branco). Também os antigos papéis sócias se reafirmam, o branco como objeto perfeito do desejo está em um lugar de poder e o negro aparece somente para satisfazer a fantasia do outro por um tempo determinado. No pornô inter racial somos meros coadjuvantes disfarçados de protagonistas mambembes, voluptuosos, como fome animal por sexo, somos senhores do poder ali na cama e somente na cama. Somos tidos como os reis do sexo, pois este é o único lugar onde podemos ser reis, devidamente coroados pelos brancos, que desejam nosso corpo como fantasia. Em terra de racista, quem tem um pau negro é rei!

sábado, 12 de junho de 2010

Novidades...

Mais uma de Tyler Perry. Dessa vez ele dirige For Colored Girls Who Have Considered Suicide When the Rainbow is Enuf, filme baseado em uma série de 20 poemas que contam histórias de amor, abandono, violência doméstica aborto e outros problemas enfrentados por mulheres negras. O drama cômico é inspirado na peça de Ntozake Shange, de 1975, e consiste em uma série de poemas declamados por mulheres sem nome, conhecidas apenas por sua cor. A peça virou livro em 1977 e em 1982 um filme para televisão. A atração maior da versão cinematográfica fica por conta do elenco, que reune nada mais que Janet Jackson, Whoopi Goldberg, Phylicia Rashad, Jurnee Smollett, Kimberly Elise, Kerry Washington e Macy Gray. As filmagens já começaram no mês passado. Recentemente, a atriz e cantora Mariah Carey - que já conhecia o trabalho de Perry por conta do filme PRECIOSA produzido por ele - acabou saindo da produção. Tem gente que não está vendo com bons olhos a mão de Perry no projeto, já que a diretora Nzingha Stewart estava envolvida no filme com roteiro de sua autoria. Com certeza por conta que essa poderá ser a 4º colaboração do Perry ao estúdio que produz o filme (LionsGate) e principalmente depois de PRECIOSA ganhar 2 Oscar com produção do diretor. Alguns fãs já se mobilizaram na internet deixando claro que preferiam ter uma das poucas diretoras negras em evidencia em Hollywood comandar uma produção falando sobre mulheres negras que um diretor que pode transformar o livro em um filme piegas. É esperar para ver. O filme ainda não tem data de lançamento oficial.

Quincas Berro d'Água

Assistindo dia desses ao filme Quincas Berro D’Água, filme nacional recém chegado aos cinemas e que está fazendo sucesso nas salas do país, dei-me conta de mensagens subliminares que às vezes o cinema traduz na sua cara, mas elas continuam sendo subliminares para alguns, mesmo com todo aquele contexto sendo traduzido em imagens que você não pode deixar de ver.

Pense junto comigo. Todo conhecimento cientifico tem como objetivo virar censo comum, tipo de conhecimento tido como vulgar e prático que no dia-a-dia orientamos as nossas ações e damos rumo a nossa vida. O que é produzido pelos cientistas é feito para chegar de alguma forma (para o bem e também para o mal) a população leiga. Essa é uma das características da ciência atual de um novo paradigma que emergiu lá pelo começo dos anos 80 e, mesmo encontrando barreiras, se mantém hoje nas universidades. É algo produzido para ser libertador, tentando livrar a ciência da exclusão que antes acontecia em larga escala. Mas engana-se que a “lei” formulada acima foi introduzida somente nos últimos anos do século XX. O objetivo da ciência em traduzir-se em censo comum já é costume desde muito tempo e um desses exemplos é a propagação do racismo na cabeça de cada um de nós.

E chega de uma forma que você não repara, pois ele é dissolvido na mídia, literatura, revistas, comerciais de TV, filmes, música, fotografia, pintura. Pega você no momento mais frágil, em que você está pensando em nada e os códigos que ele quer revelar podem entrar na sua cabeça sem problema algum. Estou conspirando demais? Não mesmo!

O filme Quincas Berro D’água, que foi inspirado no livro A Morte e a Morte de Quincas Berro d'Água do escritor Jorge Amado, mostra uma Bahia, mais precisamente a cidade de Salvador, da forma peculiar como Jorge Amado sempre esteve disposto a vender. Salvador é uma cidade dividida. Uma parte, organizada, limpa, bonita e sem graça, é neste lugar que geralmente vivem o povo branco, que constituem na maioria, a burguesia da cidade com seus comerciantes, funcionários públicos, políticos e afins. A outra é uma Salvador suja, feia, desvairada, escura, periférica, recanto da boemia, da sacanagem, da descaração, roubalheira, onde residem a maioria dos personagens de Jorge, marinheiros, prostitutas, meninos de rua, moleques de recado, devotos do candomblé, bêbados, sambistas, dentre outros, na sua maioria negros.

E é curioso reparar como Jorge Amado vê a sua cidade. A Salvador suja é onde os negros e mestiços moram e esse povo em particular é louco, maltrapilho, bêbado, vigarista, que gosta de sexo, cachaça e vadiagem mais do que qualquer outra coisa. Repare, por exemplo, no delegado feito por Milton Gonçalves (sempre ótimo por sinal) e nas pérolas que ele solta. Já a cidade habitada pelos brancos é frustrada, católica, moralista e se desloca para a outra cidade pra se divertir e extravasar, na manhã seguinte retornando para o conforto do seu lar na cidade frustrada. Bom também é reparar que Quincas e Jorge Amado muito se parecem, já que o mesmo sujeito que freqüentava os puteiros da Montanha, beberitava com os marinheiros, freqüentava os candomblés nos subúrbios de Salvador era o mesmo que tinha ótimas relações com a elite da cidade e recebia gente como Sartre e Simone de Beauvoir em casa.

E o cineasta Sérgio Machado traduz a linguagem de Jorge Amado diretinho pro cinema. Estão lá os bêbados, a negra baixo astral violenta, mas que já fez homem morrer por conta do seu “rabão”, os mestiços desengonçados, as prostitutas, os travestis, os negros maltrapilhos e os brancos que se infiltram naquele mundo louco, mas quando amanhecer e tudo voltar ao normal, vão retornar para casa sem nem olhar para trás. E o filme faz isso tudo de forma muito bem feita. Não tem um ator ruim. A maioria é baiano e pra quem anda vendo as peças e programas de TV da Bahia, dos últimos dez anos vai reconhecer meio mundo de gente. Os globais também estão em ótima forma, Marieta Severo como sempre arrasando, Mariana Ximenes ótima, Milton Gonçalves interpreta como ninguém e Paulo José, que merece aplausos de pé e muitos prêmios por este papel – o homem esta lutando contra o mal de Alzheimer atuando e da melhor maneira possível exibindo energia máxima. Que continue assim! Além do elenco ótimo, o diretor Sérgio Machado (o mesmo de Cidade Baixa) parece não ter culpa de construir cinema comercial no Brasil. E isso é ótimo! O filme é comercial mesmo, não tem intuito de ser em nenhum momento filme de arte intelectualoide e isso no Brasil é ótimo por que a maioria dos cineastas tem medo, pois traduzem “comercial” congruente a produto mal feito de Hollywood.

E o filme corre bem feito, fazendo (muita) graça para o público que se diverte aos montes e come o racismo de Jorge sem problema algum. A mensagem está ali, subliminar. Principalmente na teoria da mestiçagem benéfica, celebrada em todos os livros de Amado, um discípulo óbvio de Gilberto Freire e Sérgio Buarque de Holanda . Aquela onda que todos nós nos misturamos, que aqui no Brasil não tem racismo por que o branco, o negro, o índio se resolvem, nem que este lugar seja na cama. Repare que o filme todo coloca uma Salvador que é separada, mesmo os personagens que habitam ela vivendo juntos, mas que esta separação é resolvida no final com uma boa foda! E é por conta disso que volto novamente ao conceito lá de cima, que o racismo foi algo formulado pelo conhecimento cientifico que se espalhou pelo censo comum. Ele se prolifera pela nossa cabeça e nós (brancos e negros) o espalhamos atualmente sem às vezes nem reparar no que estamos fazendo. Ate por que ele está em tudo quanto é lugar. Até quando você vai a um cinema assistir a um filme de um morto que não morreu direito...