Eu assisti a esse OLHOS AZUIS numa madrugada de Sábado para Domingo. Comecei a assistir esperando um filme chato ou quase que me trouxesse sono mais rapidamente. No final do filme, estava com meus olhos mais que abertos. Parecia que tinha tomado uns doze litros de café... Não dormi logo depois, nem depois de uma hora, nem depois de muito tempo... O filme e a experiência que a professora Jane Eliott nos mostra deixaram-me atordoado! Assistir a OLHOS AZUIS é uma experiência única. Para os brancos, serve para verem (melhor!!!) aquilo que são responsáveis todos os dias e aos negros, para acordarem do sono absoluto da boa convivência!...
Após a morte de Luther King, a senhora Eliott passou o seguinte exercício para seus alunos, todos eles crianças brancas de uma pequena cidade norte-americana: ela os dividiu em dois grupos, os de olhos castanhos e os de olhos azuis. As crianças de olhos castanhos, ela colocou um colar verde de pano, para que ficasse mais evidente a cor dos olhos destes a uma longa distância. Ela diz então, que a partir daquele momento as crianças vão julgar umas a outras pela cor dos olhos. Ela diz também, que como é a professora e tem olhos azuis, as crianças de olhos azuis vão ser bem tratadas, pois são mais inteligentes, mais limpas, mais educadas e as que têm olhos castanhos não... Que quem tem olhos castanhos só pode usar bebedouro num copo descartável e não podem brincar com as de olhos azuis, pois não são tão boas quanto às de olhos azuis. Aparentemente uma brincadeira, a “pedagogia” de Jane Eliott revela-se, logo depois, algo diabólico...
Logo no recreio, as crianças de olhos castanhos ficam tristes, sem amigos, sem a liberdade que toda criança merece para brincar. Começam também a brigar com os meninos de olhos azuis, estes por se acharem superiores batem nos outros meninos, instaurando um clima de conflito na escola. A professora faz uma reflexão em sala de aula: se os garotos e garotas de olhos castanhos gostaram de serem tratados daquele jeito? Eles dizem que não. Que se sentiram burros sendo julgados dessa forma, eles sabem que na verdade não são burros, mas se mantém calados, pois todos estão dizendo e tem um momento em que eles acreditam naquilo que inventaram sobre eles. as crianças começam a evidenciar também que estão vivendo como negros, humilhados, zombados, separados... e viver como um negro, para elas, não é uma coisa boa...
A partir desse exercício, a professora Eliott começou a fazer vários workshops por todo o EUA com esta mesma temática. Sempre usando aprendizes brancos. Variando, entre jovens e adultos. O documentário propriamente dito, centra-se em um desses workshops em que adultos brancos são separados pela cor dos olhos e tratados como pessoas de QI dispares.
Revelam-se as várias naturezas existentes no racismo. Os pequenos detalhes, as relações de poder que não são vistas abertamente no dia a dia, a forma como o racismo coloca o homem branco num lugar superior na sociedade e dizimam aos poucos todos os outros que vão diferente de sua fisionomia. Evidencia de onde vem o racismo, para que ele serve e quem precisa da existência dele. E de como o racismo é algo tão bem formulado que chega um momento que não precisa mais de seus inventores para se propagar, pois ele se instaura como uma praga no outro e faz com que os subalternos briguem entre si em favor dos considerados superiores.
O filme OLHOS AZUIS surpreende pela sua protagonista, uma mulher branca, professora que aplica um teste violento em outros brancos e cria uma validade por falar que são os brancos os grandes propagador-responsáveis e usufruem de todos os mecanismos alcançados pelo racismo e são eles que não querem que o racismo deixe de existir. Muitos falam que não são responsáveis por tudo que acontece com negros, gays, latinos... Mas ela chama os liberais à responsabilidade com mãos de ferro! Em vários momentos vemos adultos (homens e mulheres) chorando, abatidos, por serem separados, humilhados. A seguir o argumento da professora: vocês não agüentam por uma hora o que toda pessoa negra vem agüentando desde quando nasce?... Isto é no mínimo, arrebatador.
Algo extremamente interessante é o complexo que os subalternos estão sujeitos. O racismo convence o sujeito que ele é incapaz e que está numa situação subordinada, pois é diferente. E aqueles que pensam de forma diferente, que também são inteligentes, que também são capazes, devem ser silenciados.
Após a morte de Luther King, a senhora Eliott passou o seguinte exercício para seus alunos, todos eles crianças brancas de uma pequena cidade norte-americana: ela os dividiu em dois grupos, os de olhos castanhos e os de olhos azuis. As crianças de olhos castanhos, ela colocou um colar verde de pano, para que ficasse mais evidente a cor dos olhos destes a uma longa distância. Ela diz então, que a partir daquele momento as crianças vão julgar umas a outras pela cor dos olhos. Ela diz também, que como é a professora e tem olhos azuis, as crianças de olhos azuis vão ser bem tratadas, pois são mais inteligentes, mais limpas, mais educadas e as que têm olhos castanhos não... Que quem tem olhos castanhos só pode usar bebedouro num copo descartável e não podem brincar com as de olhos azuis, pois não são tão boas quanto às de olhos azuis. Aparentemente uma brincadeira, a “pedagogia” de Jane Eliott revela-se, logo depois, algo diabólico...
Logo no recreio, as crianças de olhos castanhos ficam tristes, sem amigos, sem a liberdade que toda criança merece para brincar. Começam também a brigar com os meninos de olhos azuis, estes por se acharem superiores batem nos outros meninos, instaurando um clima de conflito na escola. A professora faz uma reflexão em sala de aula: se os garotos e garotas de olhos castanhos gostaram de serem tratados daquele jeito? Eles dizem que não. Que se sentiram burros sendo julgados dessa forma, eles sabem que na verdade não são burros, mas se mantém calados, pois todos estão dizendo e tem um momento em que eles acreditam naquilo que inventaram sobre eles. as crianças começam a evidenciar também que estão vivendo como negros, humilhados, zombados, separados... e viver como um negro, para elas, não é uma coisa boa...
A partir desse exercício, a professora Eliott começou a fazer vários workshops por todo o EUA com esta mesma temática. Sempre usando aprendizes brancos. Variando, entre jovens e adultos. O documentário propriamente dito, centra-se em um desses workshops em que adultos brancos são separados pela cor dos olhos e tratados como pessoas de QI dispares.
Revelam-se as várias naturezas existentes no racismo. Os pequenos detalhes, as relações de poder que não são vistas abertamente no dia a dia, a forma como o racismo coloca o homem branco num lugar superior na sociedade e dizimam aos poucos todos os outros que vão diferente de sua fisionomia. Evidencia de onde vem o racismo, para que ele serve e quem precisa da existência dele. E de como o racismo é algo tão bem formulado que chega um momento que não precisa mais de seus inventores para se propagar, pois ele se instaura como uma praga no outro e faz com que os subalternos briguem entre si em favor dos considerados superiores.
O filme OLHOS AZUIS surpreende pela sua protagonista, uma mulher branca, professora que aplica um teste violento em outros brancos e cria uma validade por falar que são os brancos os grandes propagador-responsáveis e usufruem de todos os mecanismos alcançados pelo racismo e são eles que não querem que o racismo deixe de existir. Muitos falam que não são responsáveis por tudo que acontece com negros, gays, latinos... Mas ela chama os liberais à responsabilidade com mãos de ferro! Em vários momentos vemos adultos (homens e mulheres) chorando, abatidos, por serem separados, humilhados. A seguir o argumento da professora: vocês não agüentam por uma hora o que toda pessoa negra vem agüentando desde quando nasce?... Isto é no mínimo, arrebatador.
Algo extremamente interessante é o complexo que os subalternos estão sujeitos. O racismo convence o sujeito que ele é incapaz e que está numa situação subordinada, pois é diferente. E aqueles que pensam de forma diferente, que também são inteligentes, que também são capazes, devem ser silenciados.
Estamos hoje num momento impar no nosso país. Ao mesmo tempo em que o racismo é combatido de frente pelos vários Movimentos Negros, vários liberais entram na luta para (dizem eles!) lutarem também contra o preconceito, seja ele de que forma for. Eles dizem que vem para ajudar e não são racistas, não são responsáveis pelos preconceitos formulados no planeta, são diferentes. No filme, a professora Eliott chama estes brancos liberais à responsabilidade: Sim vocês são responsáveis! “Mas eu não faço nada com ninguém!” diz um deles revoltado. Mas não fazer nada, segundo ela, já é uma grande coisa para que o racismo se propague... O reconhecimento na verdade, é o primeiro passo para uma luta mais concisa.
O filme OLHOS AZUIS evidencia o obvio: que o racismo atinge ao branco e ao negro de formas diferentes. Que o negro sempre é levado a pensar sua negritude, seja como subalternidade ou como resistência e alegria entre os seus. Ao contrário, o branco nunca é levado a pensar sua branquitude, já que ela nunca foi testada, nem humilhada, nem posta em xeque... A branquitude para o branco não existe. Não é uma identidade. É nada... E é neste caminho que a professora traça sua pedagogia... Colocando a identidade branca em xeque, da maneira mais violenta e desumana possível... Para quem sabe ser reformulada e mudar num futuro, verdadeiramente...
O filme OLHOS AZUIS evidencia o obvio: que o racismo atinge ao branco e ao negro de formas diferentes. Que o negro sempre é levado a pensar sua negritude, seja como subalternidade ou como resistência e alegria entre os seus. Ao contrário, o branco nunca é levado a pensar sua branquitude, já que ela nunca foi testada, nem humilhada, nem posta em xeque... A branquitude para o branco não existe. Não é uma identidade. É nada... E é neste caminho que a professora traça sua pedagogia... Colocando a identidade branca em xeque, da maneira mais violenta e desumana possível... Para quem sabe ser reformulada e mudar num futuro, verdadeiramente...
4 comentários:
Caramba!!!
Achei exceletne a resenha que fez do filme, apesar de que pra mim não é nenhuma surpresa o talento que esbanja em sua crítica! Fiquei tão envolvida com ad escrição que fez que vou procurar com urgência o filme pra assistir e tirar minahs próprias conclusões! Mas antes de tudo que mesmo parabenizá-lo pelo trabalho e torcer para que outras pessoas tenham essa excelente oportunidade que eu tive!SUCESSO FILIPE!!!
Caramba homem... gostei de ler suas criticas, e vou sempre acompanhar suas postagens..ah quero ver esse filme, vou procurá-lo...pela resenha que fez deve ser muito interessante, e lendo sua critica antes, me falicitará enxergar o que há por tras de todo o roteiro....
Vou ver esse documentário, achei no YouTube digite Olhos Azuis, Blue Eyed 1996. Parabéns por seu Blog amigo. Paz.
Valeu a todos que acompanham o blog!!! Valeu mesmo!!!!!!!!
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