domingo, 26 de janeiro de 2014

Batuk Freak, Karol Conká. Um álbum para...

... Ouvir sem parar, atentamente, em todos os lugares. Ouço Batuk Freak, primeiro álbum da rapper Karol Conká, toda semana. Seja no pc, no celular, indo para o trabalho ou academia, tô ouvindo. O cd é ótimo e algumas músicas são realmente viciantes. Fico me perguntando o por que demorei tanto para postar algo sobre este álbum. Por que meu Deus? Batuk Freak acabou o ano de 2013 emplacando 10 entre 10 listas de melhores álbuns ou melhores álbuns de rap no Brasil. E não é por menos, o trabalho de Conká é excelente, seja no nível das letras, seja na sonoridade – o grande achado do cd. Nada de rap com tom social, ops esse tom está no álbum sim, mas de uma forma diferente da que você costuma ver, em meio a todo universo “tradicional”, senhorita Conká aproveita para falar de outras coisas...
O álbum abre com Corre, Corre Êre. Perfeita música de abertura. Mistura de rap, com batida dos tambores. Mas o tambores vem de verdade na próxima batida Gueto ao Luxo. Tambores, se misturam ao ritmo frenético do rap e a sons de vídeo game tão em voga no hip hop norte americano. Mas aqui nada fica forçado e tudo casa perfeitamente. Terceira faixa, Vô Lá é um, digamos, rap nordestino cabra da peste, falando sobre trabalho, letra potente, sem rimas fáceis e as inspirações do repente na letra e no som são visíveis. Lindo de ouvir! Gandaia, primeira faixa que ouvi e vi no clip na “extinta” MTV é a primeira oficialmente despretensiosa. Gandaia fala sobre balada curtida por mulheres. faixa correta, nada demais!
Você Não Vai inaugura o lado baladinha do álbum. O ritmo fica devagar, mas a qualidade não. Bate a Poeira é a certinha do álbum, a faixa hippie, paz e amor, todos nós somos irmãos blá, blá, blá. A música é boa, mas sinceramente essa necessidade atual dos cantores (independente do ritmo) de evidenciar sua “universalidade” em seus trabalhos, me irrita as vezes... Logo depois, Sandália, mistura de rap e reggae, maravilhoso!!!!!!! Letra boa, swing de primeira. Mundo Loco é a viagem do cd. Só ouvindo pra entender rs Erikah Badu, trabalho, sensações, relaaaaaaaaaaxe e curta sua lompra rapaz rs!!! Já em Que Delícia, Karol vem "romântica", acordando pela manhã com o bofe escândalo ao lado, ali para servir seus pedidos... O álbum volta a subir, no quesito peso, com Olhe-se. É tonelada de primeira categoria, em um feat com Tuty. Boa Noite é um das minhas preferidas, novamente as referencias nordestinas batem a porta. A letra pede ao ouvinte posicionamento, independente daquilo que você seja. Muito boa. Caxambu fecha o álbum, de forma magistral. Letra simples, batida bem brasileira, jongo pegando fogo!

Desde 2010 fazendo pressão, Karol estréia com maestria com seu primeiro trabalho de estúdio. Lindo, bem cuidado, bem produzido, participações corretas, ao vivo tem presença de palco ótima, não imita ninguém, sabe sorrir sinceramente, é bonita, estilosa. Tem tudo pra prosseguir com uma carreira ma-ra-vi-lho-sa. Karol Conká não é somente um dos fortes nomes do rap feminino no Brasil. É um dos melhores nomes do Rap Nacional de todos os tempos!!!!

domingo, 19 de janeiro de 2014

Aos Meus Amigos Brancos...

Estou deixando o meu cabelo crescer. Depois de muito relutar em deixar minhas madeixas maiores, resolvi que em 2014 vou tentar criar o black dos meus sonhos. Esse movimento simples, em uma sociedade extremamente vaidosa já tem um abalo em pequenas proporções. Quando o cabelo cresce rápido, as pessoas reparam, falam, mexem, é uma beleza. Agora imagina isso tudo com o cabelo black... As pessoas reparam o crescimento com um olhar estranho, de reprovação e vez por outra, você encontra alguém que fala pra você sobre o incomodo que SEU cabelo causa nele de forma despretensiosa, mas bastante complicada. Com gente estranha a gente se vira, mas o problema é das pessoas que convivem conosco há bastante tempo a ponto de considerarmos elas nossos amigos...
Nesse caso, tenho um amigo (branco), que sempre que meu cabelo cresce ele inventa de por pra fora sua insatisfação com o mesmo: “O cabelo tá crescendo”, como se eu não soubesse, “Tá na hora de cortar o cabelo rapaz!”, como se eu precisasse da paternidade dele nesse sentido. Ele sempre fala com um movimento tentando pegar na minha cabeça pra bater no cabelo, sempre da forma esportiva que ele acha não ofender...
Da ultima vez que nos encontramos, foi quando decidi que o cabelo não iria cortar, ele reparou, disse todas as frases acima entre outras e eu soltei um belo: ”E vai ficar assim, estou deixando crescer!”. Pra que eu disse isso? Um NÃO sonoro no meio do shopping veio, faltando pouco para os vidros das lojas quebrarem com tanto susto...
Que o cabelo black incomoda, isso – pra quem é preto – não é novidade. Se é mais que simples vaidade pra você que deixa crescer é também para as pessoas que veem. E com os brancos, o cabelo crespo grande adquiri significados maiores. O black realça sua identidade, você não é um negro qualquer, seu discurso sobre negritude realça no tamanho do cabelo. Você é negro e está lendo isso? Então sabe do que estou falando!!!
Claro que existem também os negros que não gostam do cabelo black alheio, mas este não é o ponto aqui. Não vamos desviar do assunto, até por que já falei sobre isso em outros posts. O assunto aqui é o incomodo deste meu amigo com o meu cabelo crescente. Do racismo dele, evidenciado nos grandes NÃOS que ele me da, mesmo ele sendo meu amigo... Ainda...

Tentando aprofundar mais o assunto, as amizades entre brancos e negros, na minha opinião sempre vão sofrer um abalo sísmico. Nem que seja em pequena proporção. Principalmente se o negro reconhecer sua negritude para além dos “modismos” de plantão. Já vivi experiências fortes de negação da minha negritude com TODOS os meus amigos brancos. Se você reparar na foto, sou um negro com a pele amarronzada, ou morena – como eles mesmo dizem. Ou seja, trocando em miúdos: não sou negro. Sou moreno, marronzinho, moreninho, morenaço, etc. além de negar minha negritude, isso dá aval a eles em explicitar seu racismo junto aos considerados por eles negros DE VERDADE, “da cor de carvão”, “preto retinto”, “negão da porra”... São palavras deles...
Não passa também pela cabeça deles, o porquê ao invés de disfarçar eu só ressalto meus traços negroides. Já que não tenho como escurecer de forma permanente (infelizmente), ressalto o cabelo deixando-o crescer. Por que eu não corto? Por que eu não quero caralho! Simples! Moro na periferia de Salvador, com um monte de homem preto que raspa o cabelo de 15 em 15 dias, você acha que não tenho referencias de cabelos cortados a vontade à minha vista?
Esses e outros movimentos acabam machucando. E no meu caso, como escolhi não falar nada, acabam afastando também. Quando estou cansado da atitude de alguém eu simplesmente me calo. O silencio, pra mim, afasta de coisas ruins. Só falo, esbravejo, com quem me importo...
É nessa hora, que ter um amigo negro, ou amiga ajuda. Concordo com a opinião de uma amiga que diz que tem horas que nós precisamos nos “aquilombar”. Negros para negros, sabe? Por que só um homem preto pra entender. Aquela amizade que entende o que você quer dizer, não fica julgando seu cabelo, mesmo o dele cortado na máquina 0. Mas ele é preto porra! Com orgulho em ser! Por que vai te ofender? Ai também não posso deixar de fora as amizades femininas, pois são pra mim muito importantes.
Isso tudo possibiliza a troca! A troca saudável de uma identidade bonita. Eu reparar que minha amiga trançou o cabelo e elogiar a linha de trançado dela, de ver meu amigo de bata e não chamar ele de macumbeiro por conta disso, ou minha amiga em um vestido amarelo e não dizer que ela não fica bem, naquele vestido, por conta da cor, por que não um mais escuro?!... Esse processo de amizade negra, além de te poupar de comentários horrendos sobre sua raça, também te fortalece. Sempre fico, mais bonito, com meu espírito renovado, sorriso forte no rosto, nessas reuniões. Pra mim essas amizades são fundamentais para renovação do meu espírito. Não vejo nelas nenhum grau exótico da minha cor, sexualmente, economicamente, religiosamente falando.
E os meus amigos brancos? Estão lá. As vezes me sinto mais amigos deles que eles meus amigos. Claro que tem aqueles que distorcem. Não fazem o discurso do “eu não sou racista”, “adoro a cultura negra”, “eu também tenho sangue negro correndo nas minhas veias”. Grandes hipócritas, mas daqui pra que eles se deem conta disso, é todo um trabalho didático que tenho que fazer e eu não estou mais disposto a isso tão facilmente como anos atrás.

Amo todas as pessoas independente da raça. Mas não tem como ressaltar uma amizade que te respeita, que não te humilha, sem brincadeiras ofensivas na esportiva, que sorri pra você de forma sincera e despretensiosa. Aos amigos, independente da cor, que souberem me respeitar, como homem negro que sou, serão sempre bem vindos em meu coração...

domingo, 5 de janeiro de 2014

Duas faces do Rap... MV Bill e Facção X...



O rap é sempre algo polêmico. Se ele fala o que quer, por falar dessa forma, fala sem rodeios coisas que queremos sempre esconder. Até dentro da nossa comunidade, que tanto defendemos, nossos dogmas, as vezes não são tão invencíveis assim. O Rap é protesto, mas será que ele é protesto sempre? Me parece que não e a onda do funk ostentação também passa para outros ritmos. O pagode foi no caminho e agora o rap também vai na onda...
Vespera de Natal, o rapper MV Bill resolveu lançar seu mais novo clip, musica mais lenta, comportadinha, letra sobre positividade... Soa diferente, mas ao mesmo tempo igual. Explico: letra com nome em ingRes errado + rap vibe positividade + mulheres bonitas ao redor de cantor sentado em cadeira de rei + a festa vai rolar (por sinal, das duas uma: ou ninguém foi ou é uma comemoraçãozinha só pros íntimos...) + roupas brilhantes + morenaço ao lado no carrão ostentação + ombreira no terno = Você com certeza já viu isso em inúmeros lugares. O Clip tá ai pra você tirar suas próprias conclusões.




Mas em contrapartida, o rap brasileiro também protesta. E as vezes a crítica é interna. Uma porrada bem dada, mas tão bem dada, que dói até quem faz diferente. O grupo FACÇÃO X em Não Sigo Exemplo Torto protesta contra os homens negros que ascendem socialmente, preferindo mulheres brancas para ficar ao seu lado. Até ai, uma coisa que todo mundo sabe. O problema é que a letra dá nome aos bois e passeia por TODAS as esferas! Dos jogadores de futebol ao povo da academia... Nem Abdias do Nascimento escapa!!! E o mais importante: são homens negros fazendo a crítica. O video abaixo não é o clip, mas a música/porrada/nocaute que o Facção X faz e traz consciência. Na minha opinião um dos melhores que já vi. NINGUÉM sobra...


quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Um blog dentro do outro...

Casal feliz!!!

Um novo ano começa, com nova postagem e nova seção. Então vamos lá: está é a UM BLOG DENTRO DO OUTRO, pois graças a Deus não sou o único que escreve sobre cultura negra, negritude etc.
Neste primeiro post, o romantismo está em alta com o Blog da Noiva Negra. Coisa mais linda de ser vista!!! Construído pelas blogueiras Annanda Baptista, Laís Brás, Michelle Veríssimo e Rebeca Brito as postagens são constituídas, em sua maioria, por fotos das noivas e seus respectivos amores... Lindo demais ver a felicidade estampada no rosto de cada casal.
Por mais que digam que o casamento é uma instituição falida blá blá blá, esta junção ainda é uma prova consistente de amor que um sente pelo outro para mostrar a sociedade. Sim, existem outras. Mas se você prefere o casamento, então casa ué rs!
Impossível não sorrir vendo a felicidade alheia. São casais de diferentes estilos, o clássico, o despojado, o gordinho, mas todos com noivas lindas e com a felicidade estampada nos clicks. As fotos vão de momentos corriqueiros, até a cerimonia em si, ou os bastidores da preparação para o grande dia. As noivas tem um espaço para contarem suas histórias de amor e em seguida vem as fotos. Mas não é "só" isso, o blog também oferece dicas para preparação da sua festa e dos vários momentos da mesma. Tudo feito com um delicadeza incrível.
Ideia simples e genial, para você propagar pela família! Lindo de ver.

para visitar o blog: