quarta-feira, 31 de março de 2010

A VITÓRIA NO BIG BROTHER BRASIL 10.

Não consigo ver a vitoria ontem do participante do BBB 10 como algo extremamente negativo. Em minha opinião, trata-se de um soco no estômago de proporções gigantescas no brasileiro que achava que o país estava melhorando... Pode até estar, mas a passos lentos.

Abri hoje, vários sites de vários movimentos sociais e alguns deles se posicionavam decepcionados com a vitoria do participante do programa. Chega a ser engraçado até as palavras surpresas, ou de indignação ao movimento da nação brasileira que votou maciçamente por um candidato que fazia declarações do tipo “homem que gosta de mulher não pega AIDS” ou afirmar que iria quebrar o dedo de outra participante, que tem uma suástica tatuada, mas não se diz neo nazista.

Por que o espanto? Este é o típico brasileiro que vem rondando o país desde os tempos do “descobrimento”, nossa identidade é formada por isso. Quem acompanhava o programa percebeu muito bem que o participante se adequou, até onde era possível, a tolerância e ao politicamente correto. Mostrava que mudava, que compreendia, mas atacava na hora certa para dizer o quanto não era compreendido dentro da casa e fora dela também. Dizia tudo e ao mesmo tempo não dizia nada. E aqui fora virou o “homem de atitude”, “nosso herói”, “brasileiro nato”, “injustiçado”, “tolerante” e finalmente campeão.

Mas o Brasil está acostumado de acobertar as coisas. O BBB 10 deu ao país a noção assumida que este é hipócrita, que tem seus pré conceitos (ou conceitos muito bem formulados) e finge que não os tem, na hora certa. Pois o brasileiro sim é o povo, a meu ver, mais hipócrita do mundo. É racista, homofobico, sexista, machista, dentre outros e não assume de jeito nenhum que o culpado das mazelas do outro é sim ele, às vezes. Faz até mais, convence o Outro que ele é o culpado pelo pré conceito que o dilacera, que este é complexado, diminuindo assim sua responsabilidade nas moléstias do Outro. por isso vemos frases no Brasil como “O próprio preto tem preconceito contra ele mesmo”...

Contra este movimento de hipocrisia nacional e também contra qualquer tipo de preconceito os movimentos sociais se posicionam, lutam, gritam até para serem ouvidos. Mas não se dão conta de que se deixam levar (ou são cercados até) pela hipocrisia. Como assim? Já que o brasileiro é um sujeito hipócrita, ele nunca vai transparecer suas opiniões sobre minorias marginalizadas ou maiorias subalternas... Principalmente se estes sujeitos “subordinados” estiverem no comando de um determinado movimento social. Sendo mais didático: branco racista nenhum vai dilacerar seu racismo com um negro que trabalha em ONG contra o racismo, pois sabe que este tem as ferramentas certas para fazer com que a violência verbal ou física seja punida.

Nesse movimento impera o silencio, o sujeito preconceituoso fica quieto não podendo opinar de forma verdadeira e o outro acha que está tudo bem com a sociedade, mas não se da conta que seu cargo, sua posição o coloca em um outro patamar diferente daqueles que são iguais a ele.

A vitoria no BBB 10 ontem fez brilhar estes dois movimentos. O preconceituoso que se viu representado por um sujeito que achava, mas não dizia tudo o que queria, ou dizia às vezes, ma só às vezes. E outro que tinha certeza que o participante iria perder por conta que o politicamente correto e o bom sempre vencem... Nem sempre! O Brasil venceu o BBB 10 e levou bem mais que um milhão e meio pra casa... Levou um alto retrato!...

domingo, 28 de março de 2010

RAPPERS, NEGROS E GAYS...

Sejamos francos... O que você pensa quando o assunto é musica negra?... Pensa em rap, em r&b, em reggae, em zouk, soul, jazz, samba rock, samba reggae, samba, funk, até em gospel norte americano alguns pensam e não estão errados... Mais uma pergunta... A quais outros símbolos da cultura negra você liga esses ritmos? Com certeza ao orgulho de ser negro, ao movimento de luta contra o racismo, a liberdade de expressão, a forma dos homens e mulheres negros expressarem seus lamentos e alegrias, a tudo, menos a homossexualidade...
E o que a maioria das pessoas pensa quando lembram sobre homossexualidade e musica? Boate, gogo boys, homens pintosos dançando ao som do “hino” I Will Survive”, Village People com suas fantasias loucas... Muita gente não lembra do rock de Renato Russo, de Freddie Mercury, da mistura musical de George Michael, do poeta do Brasil Cazuza, da enfurecida Cássia Eller... As vezes tem gente que até lembra, mas a cultura do estereótipo, que rende devotos fervorosos tanto do lado homo quanto do lado hetero, é a que predomina.
Contra essa cultura do que é dito ser pertencente a uma identidade e o que pertence à outra, vem a leva de cantores homossexuais rappers. Não são um, ou dois. São vários. Além dos negros que dominam esse caldeirão de diversidade, existem até exemplo de cantores judeus que fazem rap e r&b de ótima qualidade.
O que esperar deles? Primeiro o posicionamento de serem assumidos. Existem muitos casos no mundo do rap e do movimento hip hop de cantores e ativistas que são homossexuais e por medo de represálias e também da sua fama acabar, se mantém no armário. Com estes “novos” cantores não. São assumidos e/ou falam sobre a sua homossexualidade de forma normal. O segundo ponto é que fazem musica de qualidade, muitos deles são produtores também e trabalham com grandes nomes da musica americana. E por último, não perdem a essência do rap, r&b, movimento hip hop, falam de mazelas sociais, das desigualdades de direitos para minorias nos EUA, sobre os acontecimentos da sociedade.
Quer exemplos? Vamos lá. Um que gosto é a batida do Tori Fixx, parece muito com o hip hop com batidas dançantes do Timbaland. Tem muita coisa remixada dele na net para você ouvir. Deadlee com sua abertíssima turnê intitulada Homorevolution Tour, o rapper tem força nos EUA e faz declarações abertas a Eminem que é de todos os cantores o mais homofóbico direto. As mulheres por sua vez são representadas por Dalyrical, nascida no Kansas, militante ativa e se apresenta em festivais em torno dos EUA. Existem mais outros grupos, de mulheres lésbicas até muito performáticos e com letras contra o racismo o machismo e também contra a homofobia.
Em tempos que a homossexualidade de certos cantores de rap e hip hop são colocados em cheque e a resposta negativa do publico quando ligam sua pretensa sexualidade e sua música vem à tona o exemplo de musica negra gay e homossexual que vive ativa é mais do que bem vindo. Recentemente Ne yo e Queen Latifah foram alvos de entrevistas e comentários sobre sua sexualidade homossexual. Os dois negam de pés juntos que são gays. Pode ser mais um exemplo de medo do “comodismo e sucesso do armário” ou por que realmente homofobia além de matar pode deixar muitos artistas no ostracismo.
A homofobia às vezes beira ao absurdo, em comunidades no Orkut e em outros sites, fãs colocam, por exemplo, que Ne Yo não é gay pois “ele é lindo” ou “por que ele pega garotas em seus clipes”, que sua música é de “macho”. O que podemos pensar a partir disso? Que a homossexualidade é uma deformação própria de homens feios que não conseguem mulher e por isso se reservam a esse tipo de prática? Então posso chamar gente como Sam Sparro, Wilson Cruz e Christian Vincent de homens feios? George Michael também pegava (MUITAS!!!!!!!!) mulheres em seus clipes antigos e foi símbolo de masculinidade da década de 80 com muito marmanjo tirado a macho imitando ele – para falar a verdade de se ele não tivesse assumido eles ainda o imitariam. E música de “macho”? Cazuza e Renato Russo fazia música para o Brasil inteiro cantar...
Ouvir estes artistas é reconhecer que a música é muito maior que as barreiras que a sociedade coloca entre as pessoas. Ouço Tori Fixx e danço com ele da mesma forma que faço com Ne Yo ou Timbaland (que gosto pra caramba por sinal) ou outros exemplares do gênero. A música está para todo mundo ouvir, “sexualizando” a rima, ou não...

quarta-feira, 24 de março de 2010

UMA VOZ ABENÇOADA.

Ed Shomer (ao lado) é um homem multiuso. Extremamente compromissado com seu trabalho e a arte negra ele é Cantor e Pesquisador da Música Afro-Brasileira e Afro-Americana e Diretor Musical do 1º Coral Afro de Alagoinhas. Aos 30 anos, esse alagoinhense além de se envolver com música, está envolto na política como Diretor de Combate as Opressões e Ação Social – SINPA e também é Editor e Colunista do Jornal Axé Bahia - Agreste de Alagoinhas / Litoral Norte Em entrevista ao PELÍCULA NEGRA ele fala sobre o sucesso do coral, da carreira, do gosto pela musica, arte em geral e outros assuntos urgentes...




Como a música apareceu na sua vida?

Na minha primeira eucaristia aos 10 anos de idade. Eu solei uma parte de uma das músicas da cerimônia, as pessoas levantaram pra me aplaudir e aquilo me marcou, me emocionou muito. De lá pra cá não parei mais.

Suas referencias musicais quais são? Você é fã de Brian Mcknight, não é mesmo?

Meu timbre sempre foi uma mistura do forte e melódico, isso fez com que eu me interessasse em ouvir pessoas que cantassem parecido comigo pra que eu pudesse ir comparando e vendo onde eu podia melhorar. Minha referência até a adolescência era apenas o gospel e com o tempo fui descobrindo que a música feita por pretos, principalmente os norte americanos, me fazia alcançar níveis mais altos de inspiração para interpretação. Passei a ouvir de tudo que se referia a música negra norte - americana (soul, jazz, blues, funk norte americano, R & B, etc). Depois de um tempo estendi ao que era feito em outras partes como reggae e o samba brasileiro e nisso fui tendo noção do que eu era capaz de fazer. Essa mistura fez com que eu me abrisse para outros estilos (de igual modo feito por negros) e hoje ouço desde as primeiras que citei até o samba – reggae e o afro pop (estilo batizado recentemente pela grande Margareth Menezes).

Sim, adoro o Brian. Tenho a discografia completa! (risos).

E o coral afro, a partir de que surgiu a idéia de fazer um coral com esse enfoque?

Eu sou Baba Alagbè (título dado no terreiro em que sou iniciado a quem é o principal responsável em cantar e dirigir os demais Alagbés na entoação das cantigas nas festas, ritos e cerimônias) e em 2008 surgiu a necessidade de se estender o xirê especial ao Orixá Iroko. Minha Yalorixá então pediu que eu reunisse os outros ogãs e ekedjis para que ficasse uma “coisa de peso” (palavras de Mãe Olga - risos). Como já fui diretor musical de alguns projetos não foi difícil encontrar algumas coisas boas vindas de Nigéria, Cuba e principalmente de nossa tradição Yorubá. Me reuní com o pessoal e cara, ficou muito bom! No dia da festa só via a turma elogiar o trabalho.

Chamamos a atenção do poder público e fomos convidados a cantar de novo. Foi aí que tudo começou.

Essa vontade de construir um coral afro foi influenciada na sua entrada no candomblé, já que é uma religião que lida com uma forma de musicalidade diferente e também uma cultura díspar da dita como oficial.

Como eu disse, foi exclusivamente por isso. Apesar de ser conhecido como conservador, o desafio me atrai. É um grande desafio fazer com que as pessoas parem pra ouvir músicas que não estão acostumadas ou está fora da mídia, principalmente quando se é música de preto e preto do candomblé.
A visão sobre cultura afro brasileira e africana fez com que você tenha uma opinião diferente da música como um todo?

Não. Pra mim a música em si tem uma força tão grande que transcende qualquer cultura ou religião. Ela tem vida própria entende? Eu já tinha essa opinião e só se confirmou.

Como está sendo a receptividade do coral?

Nos apresentamos poucas vezes fora das casas de axé. Mas quando nos apresentamos conquistamos e os integrantes foram entrevistados (risos). É tudo muito novo, ainda não temos a estrutura necessária para uma “explosão”, mas estamos trabalhando pra isso.

Reparei que Alagoinhas tem um “mercado musical” próprio. Com bandas e artistas que circulam pelas cidades que fazem divisa com ela e também pela região de Feira de Santana. Para você como anda esse mercado da música no interior?

Temos grandes artistas, isso é fato. Mas a música, assim como as demais vertentes da arte que é feita no interior ainda é muito desvalorizada e excluída. Pra você ter uma idéia, a maioria dos artistas de Alagoinhas e Região que são reconhecidos de alguma forma hoje, primeiro tiveram que mostrar seu trabalho em Salvador e em outros estados. E não é porque a turma não tem qualidade, porque tem. É porque os contatos que podem notar essa qualidade e proporcionar uma ascensão está na capital. Acho que o poder público deveria ajudar nesse processo, proporcionando um alcance maior de seus editais ao interior, tanto na divulgação eficaz quanto na “fatia do bolo”.

Essa semana fui dar uma palestra sobre Música e Cultura Negra e lá também estava minha irmã de fé e grande amiga Fernanda Júlia (Diretora Teatral de um talento espetacular) que também é de Alagoinhas. Depois de palestrarmos tivemos tempo de colocarmos o papo em dias e um dos assuntos em pauta foi justamente esse. É uma opinião geral: temos grandes artistas e pouca valorização no interior.
Nos EUA há uma tradição de musicalidade negra que tomou conta do mundo desde o século passado. Aqui no Brasil também existe uma tradição de música negra, desde Jorge Ben, Margareth Menezes, a Paula Lima, mas vemos que esses artistas não fazem tanto sucesso quantos outros... Por exemplo, Daniela Mercury, Ivete Sangalo... A cor da pele é um fator importante para o sucesso ou não de determinado artista?

Eu estou tentando lembrar de um único artista negro brasileiro que seja uma celebridade com a mesma popularidade das artistas brancas que você citou agora e não estou conseguindo. Tem o Carlinhos Brown que arrasta multidões na Bahia, o Djavan que lota casas de espetáculo famosas e outros artistas que podem ser considerados monstros sagrados da arte brasileira, mas pra lotar um estádio de futebol como o Maracanã, deixa eu ver... não, não estou conseguindo lembrar. Mas, talvez seja só coincidência.

O racismo aqui no Brasil é conhecido por se manter de forma velada. Como é isso para você negro, musico, sacerdote...

Vedada e cínica! Outro dia me disseram mais uma vez que o racismo está na cabeça de nós negros, que racismo não existe. O racismo é real, o pré-conceito pela cor da pele existe e está no meio da arte também. Meu povo sofre na pele a intolerância por integrar uma religião de negros, que desde a chegada dos nossos antepassados aqui no Brasil sofre uma tentativa de sufocamento quando “demonizam” tudo que nos pertence. Li um comentário sobre uma famosa cantora brasileira outro dia quando diziam pejorativamente: “aquela macumbeira até que canta bem”.

Na hora da televisão parece que tudo é perfeito, mas aqui em baixo, na vida real e cotidiana vejo sim a diferença no tratamento a artistas negros. Aqui na Bahia somos maioria e veja quantos de nós estamos na mídia. Somos centenas de negros e negras fazendo arte de qualidade, mas são poucos os que conseguem um destaque tal como outros não negros. Agradeço ao universo pela vida do Lázaro Ramos, Margareth Menezes, Sandra de Sá e tantos outros que conseguiram, mas a verdade tem que ser dita.

Você se envolveu no moimento negro, participou do CEN, fundou junto com outros amigos o JUNA também trabalha na Prefeitura de Alagoinhas. A política e a arte negra sempre andaram juntas ou são coisas que precisam andar separadas para se desenvolverem?


Eu ainda sou filiado ao Coletivo de Entidades Negras, mas não me chamam pra fazer muitas coisas por lá (risos). Adoro o pessoal e acho que é um dos movimentos com maior representatividade no que concerne a militância negra. A JUNA foi uma tentativa de fazer com que jovens das comunidades periféricas de Alagoinhas e Região tivessem melhores oportunidades. Eu saí da liderança 2008 e não ouço mais falar neles enquanto grupo, mas individualmente tenho uma boa relação com todos e sim, sou um servidor municipal e músico (nunca deixo de mencionar).

E justamente por ser músico eu vejo que a arte e a política precisam ser parceiras, mas independentes uma da outra. Se eu vivo da música, não posso chegar ao cara que está no poder e dizer a ele que não vou cantar (e fazer o meu melhor) em um evento organizado por sua equipe. Eu não pensava assim, hoje eu penso. E não é porque eu não tenho um lado ou não deseje o melhor pra meu povo, é porque com a idade a gente vê que temos que escolher nossas prioridades e definir quais valores em nossas vidas deverão falar mais alto, com o desafio de nunca, jamais se vender. Como negro sinto prazer em militar pelas causas que corroboram com a equiparação humana. Como músico ganho vida quando dou alívio às almas dos seres humanos com minha voz.

Como ultima pergunta: Qual a sua visão de musicalidade negra atual e como enxerga essa vertente musical daqui a alguns anos?

Nossa música é forte, emociona, encanta e alegra. Nossas vozes são marcantes e nossos ritmos tomam conta do corpo. Essas coisas como digo, falam mais do que as dificuldades que encontramos pra vivermos da arte. Tanto no Brasil como em todo o continente americano temos crescido e isso não vai parar. O mercado está se saturando de “mauricinhos” e “patricinhas” nas telas, e o diferente faz-se necessário. Espero que os governos se abram mais e mais para a equiparação social e cultural contribuindo com isso para um fortalecimento da arte negra e regional como um todo.

terça-feira, 23 de março de 2010

ELES ESTÃO CHEGANDO...

Novos filmes e velhas idéias sendo recicladas... Essa é Hollywood! Dois filmes estão chegando brevemente nos cinemas, o primeiro recicla uma das mais famosas séries de todos os tempos ESQUADRÃO CLASSE A. No cinema a história do quarteto que assume várias operações sigilosas enquanto fogem do exército americano, parece que ganhou uma versão bem grandiosa, com direito a cena de ação bombástica nos ares e tanques de guerra voando (!!!). Outra idéia aproveitada é a do filme com vários personagens e pequenas histórias... Esse é o caso de Mother and Child, com elenco de estrelas, contando a história de três personagens centrais e seus dramas, uma mulher de 50 anos, a filha que ela deu para adoção e uma jovem mãe que deseja adotar uma criança. É só esperar e ver o que acontece, se o aproveitamento de baos idéias do passado deram bons frutos ou não...

segunda-feira, 22 de março de 2010

OBSESSIVA.

Certa vez ouvi uma critica dizer que existem dois tipos de atores/atrizes em Hollywood. O primeiro é o tipo de ator que se transfigura, se metaforiza, se reconstrói, deturpando sua figura a favor do personagem. Por mais famoso que seja, ele (a) se esconde em uma interpretação tão bem feita que deixa sua figura pública de lado, fazendo com que o público que vê seus filmes realmente só veja o/a personagem e não somente o famoso na tela. O segundo tipo de ator/atriz é aquele que por mais esforço que faça sua vida pessoal se sobressai ao seu personagem, seja qual for ele. O publico acaba reparando muito mais no sorriso dele (a), como está magro (a) ou não, que roupa está vestindo etc.

Dentro desses dois patamares no primeiro encaixam-se profissionais como Meryl Streep, Robert de Niro, Denzel Washington, Johnny Deep, Forest Whitaker, Juliane Moore. Do outro lado estão Martin Laurence, Van Dame, Sarah Jessica Parker, Robert Pattinson... Recentemente um que pertencia ao segundo lado e passou para o primeiro foi Leonardo DiCaprio que tinha tudo para ser o eterno Romeo e Jack de Titanic, mas catapultou seu nome para o primeiro time em Hollywood.

Nesta segunda categoria de atores que ofuscam seus personagens com sua figura pública está sem sombra de dúvidas Beyonce. Ela que já protagonizou filmes como Carmen: A Hip Hopera, Austin Powers e o Membro de Ouro, Resistindo às Tentações, A Pantera Cor-de-Rosa, Dreamgirls, Cadillac Records, portanto já tem uma vasta carreira em frente às telas, mas por mais esforço que faça deixa o nome Beyonce “em cima dos créditos” de seus personagens. Tudo bem que seus filmes nunca foram grande coisa, excluindo os dois últimos da lista acima. A própria cantora disse em entrevista que só começou a atuar para valer quando fez DreamGirls. Concordo com Beyonce em parte, pois por mais infinitamente melhor que seja em comparação a seus outros filmes DreamGirls, com seus atores majestosos, consegue ofuscar a figura de Beyonce fácil, fácil.

Com este Obsessiva não acontece diferente. Ela “interpreta” – com aspas mesmo! - Sharon Charles dona de casa típica do sonho americano que vê seu casamento ameaçado pela psicopata secretaria do seu marido. Trata-se de mais um filme de mulheres com mente doentia, que fazem tudo para conquistar e também para manter um homem perto dos seus domínios... Isso já foi feito no cinema americano um milhão de vezes e essa cópia de Atração Fatal bem produzida (pela própria Beyonce e seu pai) não passa de mais um produto genérico. Beyonce faz a protagonista, mas não consegue colocar no público a certeza de que ali na tela está uma mulher comum e não a cantora dona de cifras gigantescas que engata um sucesso atrás do outro. E olha que ela tenta!...

Obsessiva não é um filme ruim. Está muito longe de ser. Trata-se de mais uma cópia bem feita até... E ninguém vê filmes como os genéricos de Alien e Indiana Jones esperando presenciar uma obra prima... O que falta nele é justamente o apagamento da cantora pop mais famosa da década... Que não acontece... Infelizmente.

terça-feira, 16 de março de 2010

NOVO CD DE SADE... SOLDIER OF LOVE.

Existem artistas, que a todo momento mostram coisas novas, seja cds ou escândalos novos , já outros demoram anos para mostrar novos trabalhos. Estes últimos não se dão conta que o seu público fiel, que ele conquistou com tanto esforço, sente saudades e quer ter sua voz sempre por perto, representada em novas canções.
Um desses casos é Sade. Depois de 10 anos, isso mesmo, dez anos de puro ostracismo (!!!) a cantora volta com um cd recheado de boas intenções... A capa do CD é linda!
E quer saber?... A espera valeu a pena. A minha canção preferida é a que dá nome ao novo álbum. Ela nao se reinventa, continua mostrando suas baladas, seu soul, sua influencia com a bossa nova, um pouco de r&b talvez também é bom... Sade voltou e continua diva!

Se ficou curioso e deseja baixar, clica ou copia abaixo no link e siga em frente. http://www.megaupload.com/?d=1Y61STB0

UM DESAFIO CHAMADO GILBERTO FREIRE...

Casa Grande e Senzala faz mais de 30 anos que foi publicado. É considerado um dos marcos da antropologia no Brasil e também um ponto “fundamental” na literatura sobre o negro no Brasil colônia. É contestado por alguns, ovacionado por outros. Mas acima de tudo, onde esteja provoca polêmica entre seus leitores. Nunca vi um livro que mesmo depois de tanto tempo publicado, gerado outros estudos sobre o mesmo assunto, ainda provoca polêmicas e dissabores. Daqueles de causar inimizade mesmo, que esquenta o ambiente – geralmente acadêmico – ou mesa de bar, ou banco de praça, seja onde for o debate esquenta.

Semana passada, presenciei mais um debate. Sala de aula cheia, de um lado Nina Rodrigues e sua teoria da miscigenação negativa e Gilberto Freire com sua idéia de valorização da mistura entre as raças. Estes dois autores na verdade, são os dois “pólos” sobre miscigenação e sobrevivências negras no Brasil, antes da grande virada que o movimento negro vai propor sobe uma concepção de ser negro durante a década de 70. depois de todos na sala serem contra Nina Rodrigues aconteceu a explanação sobre Gilberto e seus feitos... Ai o circo pegou fogo!...

Gente que defendia sua obra como “homem de grande valor e defensor da cultura negra”, ou aqueles que não leram a obra e sim gente que fez comentários sobre ela, ou pessoas que leram capítulos da mesma, ou gente que leu teóricos que leram outros teóricos que leram Casa Grande e Senzala. Do outro lado, estudantes contra Gilberto Freire e seus escritos e os neo-freireanos que fizeram nascer o conceito de “democracia racial brasileira”. E conforme o debate vai aumentando, as pessoas começam a falar mais alto e mais alto e o ambiente começa a ficar confuso a ponto de ninguém mais saber o que é debate acadêmico e racha entre grupinhos e seus valores ideológicos.

Gilberto e sua “obra fundadora” edificaram muitos conceitos e serviu para o alívio de uma burguesia sedenta de revoluções negras nulas, de uma não consciência negra, da negação do ser negro como objeto e sujeito da sua história. Da interpretação dos seus discípulos sobre Casa Grande Senzala e outros livros escritos por ele, nasceu o mito da democracia racial, o famigerado “jeitinho brasileiro” e a noção que os negros e indígenas sobreviveram por conta do heroísmo branco português. Independente de qualquer coisa é uma obra que deve ser lida, deve ser debatida em suas minúcias e suas várias armadilhas. Tudo por que Gilberto aidna sobrevive. É uma das poucas obras acadêmicas que conseguiram perpassar todas as barreiras da intelectualidade, da universidade e atingir a rua, as pessoas, mesmo aquelas que nunca ouviram falar em um livro... O vampiro do senhor de engenho, branco, descendente de portugueses, heterossexual, cristão e dono de seu pequeno império ainda continua vivo...

sábado, 13 de março de 2010

(Aperte o Play!!!) UMA AGULHA NO PALHEIRO... Algebra Blessett - U Do It For Me

O clip é "velho", 2006, mas muito bem feito e mágico também. Além que a música é também muito legal. É só ouvir. Mistura muita coisa ao mesmo tempo, mas mantem-se original. A voz de Algebra é tranquila e suas músicas contagiam. E a última cena do clip é muito legal...


sexta-feira, 12 de março de 2010

(Aperte o Play????) PARE O MUNDO QUE EU QUERO DESCER!!!... Neyma - Kina Marrabenta

Bem... Neyma é uma cantora de Moçambique... fez um clip da sua nova música Kina Marrabenta.

Mais uma cantora que repete a receita das divas de r&b norte americanas, cabelo escovado que voa + visual perua rapper + corpão + simpatia para "esconder" a voz mediana... Repare no momento da chuva... sem comentários!!!

segunda-feira, 8 de março de 2010

DEZ MOTIVOS PARA VER (E REVER) PRECIOSA – UMA HISTÓRIA DE ESPERANÇA.

1) É um filme emocionante. Simples e incrivelmente bem feito. Direção firme, roteiro muito bem escrito, interpretações seguras, produção perfeita. Apesar de te dar pancadas no estômago a todo o momento, trata-se de um grande filme justamente por trazer o drama de uma menina com inúmeros problemas sem ser piegas.

2) Traz Mariah Carey como nunca se viu no cinema americano. Sem o glamour de diva que estamos acostumados, sem maquiagem, com direito a bigodinho e cabelo despenteado. Além dela e de sua interpretação primorosa, traz também Lenny Kravitz no papel de um enfermeiro que cuida de Preciosa no hospital quando esta tem o seu segundo filho.

3 ) O filme é produzido por Oprah Winfrey e Tyler Perry. Não preciso falar muita coisa a mais sobre isso.

4) O filme concorreu a 6 Oscar. Filme, direção, roteiro, atriz, atriz coadjuvante e edição. Sei que o Oscar não é mais medidor de filme bom há muito tempo, mas tem ainda sua respeitabilidade.

5) Dos seis Oscar que concorreu, ganhou duas estatuetas. A de melhor roteiro adaptado e também a de melhor atriz coadjuvante. Muito merecidos por sinal.

6) Apesar de não ter ganhado o Oscar de melhor atriz a interpretação de Goubourey Sidibe é maravilhosa. Estreante com tipo de veterana na arte de atuar. Passa direitinho a horror e a esperança de Preciosa.

7) Sim, é um filme de professor que ajuda o estudante desalmado a ser alguém na vida. Mas é totalmente diferente daquilo que você já viu ate hoje. Eu te garanto!

8) É baseado em um livro semi biográfico, escrito em primeira pessoa, de uma autora chamada Sapphire. O livro é muito bem escrito e também bem humorado.

9) Apesar da historia se passar em 1987, o filme simplesmente não esta parado no tempo. É grande o suficiente para abranger os assuntos que trata em todas as épocas.

10) Eu já escrevi tanto sobre este filme aqui... Por que ainda você não viu?..

domingo, 7 de março de 2010

Oscar Oscar Oscar...

Loucura, loucura... O Oscar esse ano eu gostei. Vi em TV aberta, ou seja, fiquei mais uma vez puto da vida por conta da Globo dando espaço a inutilidade do Big Brother... Fazer o que!... Preciosa levou dois! Melhor atriz coadjuvante para Monique, simples maravilhosa e também roteiro adaptado. Adorei ter ganhado estas duas categorias. E Tyler Perry? Negão todo charmoso, muito bonito, começou bem, jogando veneno, dizendo que nunca mais iria estar ali no Oscar, já que ele não é quisto pela critica hollywoodiana, infelizmente depois desatou em piadinhas sem graças. Mas tá perdoado produziu Preciosa. Hehehe.

Na homenagem póstuma, apresentada por Demi Moore, o lugar de Michael Jackson, mesmo tendo feito filmes horrendos, estava lá, outra presença marcante foi a de (infelizmente) Patrick Sweyzer na mesma homenagem. Gostei também da apresentação de dança de rua misturada com balé e dança contemporânea para apresentar o prêmio de melhor trilhar sonora. Muito boa mesmo. E ainda bem que tiraram a cantoria provinda do prêmio de melhor canção. Anos atrás acompanhar música por música era um porre, esse ano foi rápido a apresentação e também a entrega do prêmio.

A apresentação dos indicados a melhor ator e atriz foi ímpar. Lindo mesmo! Todos os profissionais sendo homenageados por atores que dividiram a tela com eles. Muito bem feito. E na hora em que Oprah subiu ao palco eu realmente me arrepiei da cabeça aos pés com ela falando sobre a protagonista de Preciosa, Gabourey Sidibe. Lindo de morrer!

Não vi também Guerra ao Terror ainda, mas uma mulher ganhando a estatueta dourada mais cobiçada do cinema foi inacreditável, ao mesmo tempo em que também tem cheiro de campanha de marketing de última categoria para a Academia, o mesmo aconteceria com Lee Daniels, diretor de Preciosa, que seria propagado como primeiro negro vencedor do Oscar... ai ai... Ah! Sandra Bullock ganhou. Adoro ela, não vi o filme, que nem chegou aos cinemas aqui no Brasil e já esta disponível nos camelôs de Salvador... Das que vi preferia Gabourey Sidibe, obvio! Interpretação impecável... Mas Sandra foi melhor aos olhos da academia, que sabe não foi mesmo?...

E filme?... Dez filmes?... O que Distrito 9 e Up estavam fazendo ali?... Bastardos Inglorius levando muito pouco para o grande filme que é... E eu com medo de Avatar ganhar... E graças a Deus não ganhou! Sim, não vi Guerra ao Terror, estava torcendo para Preciosa, mesmo sabendo que não iria ganhar, mas pela garra da diretora e pela coragem da produção de bancar um filme criticando a guerra e dele ser bem feito, mereceu!

É isso. O Oscar foi legal! Não ganhou Avatar, que como José Wilker falou já ganhou o prêmio a que era predestinado – maior bilheteria da história. Preciosa ganhou dois, estou satisfeitíssimo, a Academia não fez a mesma besteira de anos atrás com A Cor Púrpura, graças a Deus! A crítica somente vai para a Globo, horrível como sempre. Sinceramente preferia os anos que o SBT comprava os diretos de exibição do Oscar e passava tudo conforme o combinado. Além que no SBT não tem Big Brother... E que venham mais filmes bons e mais prêmios! Até o próximo ano.

terça-feira, 2 de março de 2010

AÚ.

Essas é um daqueles exemplares que você lê em uma sentada. Não se engane caro leitor, isso não é um propriamente um elogio! Criado pelo cartunista Flávio Luiz Aú, o capoeirista conta a história de um garoto, como o próprio titulo entrega, capoeirista que mora em Salvador, mais precisamente no Pelourinho, tem como fiel companheiro um macaquinho de estimação chamado Licuri e vive mil e uma aventuras junto com sua turma pela cidade de Salvador.

Aú é o típico “pelôboy”, negro, dono de um corpo definido, exibe um sorriso farto, é hospitaleiro com os turistas, chama atenção das gringas que passam por ele, sabe mais de um idioma – fruto da convivência com pessoas de todas as partes do mundo no Pelourinho – é capoeirista (tem algo menos clichê não?) e tem uma mãe quituteira de mão cheia. A Salvador em que Aú vive é hiper colorida, com Sol brilhante sempre, cheia de turistas fotografando cada detalhe, movimento contínuo, quase um O Pai Ó.

A historia é super simples. Aú e sua turma são ameaçados por um mafioso tipo gangster italiano (!) chamado Aramando Confusionni (!!) por conta de um casarão em que o bandido está interessado em transformar em hotel. Tramando um incêndio para acelerar seus planos de tomada do casarão os capangas de Confusionni acabam sendo vistos por Nathalie, uma adolescente francesa que é raptada pelos mesmo para uma ilha particular. Do mais a historia se segue como típica caçada ao vilão pelo mocinho, nada demais.

Au, apesar da publicação ser de 2008, foi criado em 1992 pelo cartunista Flávio Luiz feito para a exposição Bandes Dessinée – Quadrinhos Franco-belgas, em parceria com a Aliança Francesa, em Salvador. Depois de muitos estudos, esboços etc etc chegou-se ao personagem principal e seus companheiros. A historia passa fácil, é simples, conta com personagens realmente carismáticos. Mas o que incomoda mesmo são os clichês. Não sei como será a visão do público alvo, mas a historia do “peloboy” que salva a francesinha indefesa do mafioso com ares italianos não encheu meus olhos. Além disso, a francesinha não é um interesse romântico central de Aú, mas uma baiana, negra, chamada Bezinha que é descrita no site da revista (http://www.auocapoeirista.com.br/) como “namorada” de Aú. Quando li a historia não entendi bem o que havia entre eles dois e achei que Nathalie seria o par romântico do capoeirista, mas no final nem bezinha namorada entre aspas, nem a francesa indefesa.

A revista, com 48 páginas, coloridissima, no formato 21,5 x 29 cm, com capa dura custa a bagatela de R$ 48,00 (!!!). Com certeza acessível a todas as crianças e pré-adolescentes baianos, soteropolitanos, brasileiros etc... Fica a pergunta para que construir um herói popular se o publico que é parecido com ele não irá desfrutá-lo. Parece uma tentativa de divulgar a cultura baiana, o Pelourinho, a cultura negra até, mas para quem acontece esta divulgação?... Por R$ 48,00 fica difícil!... A revista é super bem estruturada, a qualidade é impar, mas faltam uma história com menos chavões e um preço mais acessível para a maioria das pessoas pelo menos. Aú salvou o dia... somente dentro da sua revista e poucos irão ver.