Película Negra – Começando pelo começo... Quando iniciou o interesse pela fotografia e por que logo ela e não uma outra arte visual?...
Saulo Salles – O meu pai já era fotógrafo e de modo geral e involuntário tenho a tendência natural de copiar as suas ações। Acho a fotografia um tipo de arte menos autentica, porque em geral, ela por si só, não faz arte e sim retrata realidade. E criar arte da realidade é o q me fascinou.
Película Negra – Existem fotógrafos que em seus trabalhos pretendem evidenciar a realidade através do mundo visto pela fotografia। Mostram o que existe de belo e triste em camadas diferentes da sociedade através das fotos. No “mundo” construído pelas lentes de Saulo Salles o que o público pode esperar?...
S।S – Beleza por onde sempre passaram e nunca notaram, pelo menos é esta a minha pretensão.
Película Negra – Reparei dois pontos curiosos em alguns de seus trabalhos। A primeira é o uso de modelos negros e a segunda o uso do preto e branco. Só vi até agora uma fotografia colorida. O porquê dessas duas escolhas? Elas se completam de alguma forma?
S.S – Eu comecei a estudar fotografia em Florença na Toscana, a beleza e as cores daquela região italiana são intraduzíveis, e acho que nada teria o mesmo sentido sem elas. Já
Película Negra – Hoje na mídia em geral há uma valorização maior e também a problematização das questões que norteiam a negritude। A identidade negra, sua cultura, religião vem sendo reformuladas a cada momento. Você se considera de alguma forma, com seu trabalho, também repensando a visão do povo e da cultura negra em geral?
S।S – Sim. E um sim bem grande rsrs. PELES PRETAS propõe uma releitura de padrões de beleza e de conceitos em relação aos afro-descendentes, já que, até o início do século, os objetos das fotos desta exposição não eram ou não podiam ser vistos como belos.O projeto faz referencia ao aspecto ETNICO para designar a presença das varias etnias negras que formam o povo brasileiro, e evidencia a necessidade de ações proativas para a comunidade negra, em particular, atividades de ampliação de auto-estima, valorização e preservação das tradições culturais negras.
Película Negra – Tem alguma técnica especifica que desenvolve para o seu trabalho?
S।S – Sim, mas isso eu não conto.
Película Negra – Poderia citar algumas das suas referências como fotógrafo e o que elas te ensinaram para dar um “up” na sua técnica no modo como encara a fotografia?
S।S – Admiro muitos fotógrafos, os portugueses principalmente. Tenho amigos-ídolos em Portugal, adoro isso. Nenhum deles, porem, me ajudou na definição de minha técnica, cheguei a ela a muito pouco tempo e ao improviso. As minhas primeiras fotos de “peles” não têm a mesma cara das ultimas, isso graças ao “acidente”.
Película Negra – Dá para viver de fotografia em Salvador? Existe mercado para este tipo de arte visual na cidade? Por quê?
S।S – O mercado de arte é pequeno em Salvador como um todo, fotografia ainda mais. Viver de fotografia de arte é pra poucos. Mas quem faz essa opção deve está atento a ações culturais antes de tentar vender. Vender fotos é uma decisão q só pode ser tomada na hora certa, se for antes do ponto, vc tá fadado ao fracasso e se for depois quer dizer q o fracasso já chegou a vc. O fotógrafo precisa de um bom produtor ou ser um bom produtor.
Película Negra – Para você quais os prós e os contras do “bum” que a fotografia teve com as câmeras digitais?
S।S – Eu acho q ficou mais prática, e mais fácil a ação de fotografar. Sou da teoria da constante evolução. Não vejo contras nisso.
Película Negra – O que falta para a fotografia tornar-se uma arte mais consumida, mais valorizada pelo público। Digo valorização fora do senso comum. Que seja apreciada como arte. Ou já existe esta valorização?
S.S – O mesmo q falta às outras artes, educação da população. Não acho q a musica de qualidade seja apreciada pela maioria, ou o cinema realmente bom, por exemplo। Chamamos filmes horríveis de
filmes de terror, e há quem acredita q vê Cinema, vendo aquilo. Assim é também na fotografia. Realmente não acho q as pessoas compram revistas pornográficas para lerem seus textos. As pessoas compram fotos porque somos todos muito visuais. Se não fosse assim, as revistas teriam textos em suas capas. O q falta é cultura de arte visual e cultura geral.
Película Negra – E como anda a repercussão do seu trabalho a partir do público? Você também já fez exposições fora da Bahia। Fale um pouco dessa experiência.
S.S – Isso é algo que seu próprio público vai poder responder ao ver minhas fotos. Já minha mostra
Película Negra – Como hoje alguém que quer se enveredar pelo mundo da fotografia pode dar os primeiros passos aqui em Salvador?
S.S – Primeiro passo em minha opinião é fotografar varias coisas diferentes e só depois perceber o q vc fotografa melhor, passar para o processo de descarte, sabe?. Vc pode ter variações de gênero fotográfico, mas ter uma base de referencia profissional é fundamental para um artista. Acho importante fazer um curso, e estudar a arte, por que não se deve fundamentar algo em pura intuição. Definir uma técnica própria, ou copiar uma técnica e por características suas é fundamental para não ser mais um no mercado. E por fim, o mais importante, TER UM BOM PRODUTOR, SEM PRODUTORES ARTISTAS SÃO SONHADORES, E POR MAIS BELOS Q SEJAM OS SONHOS,ELES SÃO APENAS SONHOS।
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