Demorei com um post sobre a RAÇA, mas aqui está. Afinal de contas, escrever sobre a única revista que trata sobre negritude no Brasil não é algo fácil. A RAÇA apesar de muitos anos no mercado editorial brasileiro e de ter se mantido com muito sucesso ainda provoca polêmica em um país insatisfeito em possuir uma revista com os dois pés na negritude e que vem de forma séria e contundente abordando o universo da cultura negra no país.
O primeiro numero que vi da raça tinha um Martinho da Vila na capa, uma edição bem antiga. Me surpreendi com a revista desde a primeira vez que vi. “Cadê os brancos?” eu perguntava, naquela época em que minha consciência sobre a questão racial não estava “viva”. A RAÇA me despertou em primeiro lugar para uma coisa, peguei uma VEJA e uma NOVA de minha tia, e comecei a procurar... “Cadê os pretos?” e não encontrava nenhum... Ou seja, a Raça abriu meus olhos pra que eu procurasse me enxergar nas publicações em que gastava meu rico dinheirinho.
A RAÇA mudou e muito com o passar dos anos. Era uma revista fútil, hoje trata-se de uma revista pseudo intelectual para a elite negra... Já passou por várias fases, uma delas que eu odiava que era a da chapinha e cabelo liso, depois começaram a publicar nego com cabelo crespo (lindos e lindas por sinal) e virou uma revista quase que exclusivamente estética – o que não era de todo mal (rsrs). Com a entrada de Mauricio Pestana na publicação a revista parece que deu um up e mesclou durante um bom número de edições entre informações sobre cultura negra nacional e estrangeira e estética negra feminina e masculina de primeira qualidade. Hoje, não existe mais o editorial de moda (que tanto amava!) e a parte sobre cabelos, maquiagem acessórios foi banida (queria saber o sabido que teve esta excelente idéia!!!!!!!Jesus!), dando forma a um conteúdo que nem sempre surpreende ou informa de verdade.
Tem seus méritos, é claro. Ainda continua sendo uma das publicações brasileiras mais baratas, traz a tona gente que você nunca conheceria por conta do showbizz racista nosso de cada dia, traz negros e negras artistas, militantes de uma forma muito positiva e tem uma qualidade gráfica impar. A raça aqui em casa ainda é um xodó, confesso. Ela trouxe inúmeras possibilidades que poderia fazer no meu cabelo, balck, tranças, raiz, moicano black, moicano black com trancas, dread, trançado de dois, cabelo raspado com desenhos inspirados na cultura africana, tanta coisa, descobri que posso usar roupa coloridissima sem problema, as batas de todas as cores... Devo muito da minha estética atual a revista. Também informação sobre artistas, CDs, livros (não muito!!!!!) dentre outros quesitos. Não sigo a risca tudo que ela faz, mas que me deu capacidade de imaginar muitas coisas isso ela me deu! Hoje compro a revista esperando que ela traga uma mistura perfeita entre informação de primeira qualidade e estética, já que não sou só cérebro... Um dia quem sabe!
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