sexta-feira, 14 de maio de 2010

UMA BLACK DIVA DE RESPONSA!!!


Assistir um show de Valerie O'Rarah é sempre presenciar uma apresentação fora do comum. Criada há seis anos pelo ator transformista Valécio dos Santos, Valerie tornou-se figura mais que querida na comunidade homossexual de Salvador. Em pouco tempo sua personagem tornou-se definitivamente diva. Em entrevista ao Blog Película Negra conversamos sobre a Cena LGBT de Salvador, a arte do Transformismo e claro, o uso da cultura negra em suas apresentações, já que em Valerie isto é um diferencial, um ótimo diferencial...


Como foi que surgiu a Valerie? Como foi o seu processo de criar e desenvolver uma das maiores personagens da cena LGBT soteropolitana atual? Quando nasceu a personagem há seis anos atrás, chamava-se Valentini O’rarah, e nasceu em casa aos domingos com um grupo de amigos que fazíamos reuniões dominicais bem divertidas e em uma dessas surgiu a personagem um tempo depois achava que o nome não era muito sonoro Valentini e substitui para Valerie O’rarah, que hoje segue uma linha afro pop brasileira de personalidade forte.*

2 Além de brilhar nos palcos no circuito LGBT de Salvador, você tem outra profissão? Sim, sou maquiador profissional, trabalho com make social e artística... no trabalho social o comum como noivas, formandos entre outros e artísticas com peças teatros, vt’s e filmes, além de lecionar o oficio a uma ONG chamada Omi-Dudu.*

3 A carreira de ator transformista Salvador tem sofrido um abafamento nos últimos anos. Aqui na cidade, poucos lugares dão espaço para a arte do transformismo, além dos cachês que são muitos baixos. Com toda essa dificuldade o que te move investir em algo tão caro e trabalhoso de se fazer? O PRAZER, todo artista tem seu ego acima de qualquer coisa. Se um artista for pra casa sem o aplauso do seu publico e com um cachê maravilhoso no bolso, ele fica insatisfeito, mas mesmo estando sem dinheiro porém, com o reconhecimento de seus seguidores, seu publico, seus fãs... nossa, é a gloria pra qualquer um artista.*

4 Em São Paulo e no Rio, por exemplo, as drags e atores transformistas estão migrando para o teatro depois que algumas boates se fecharam para seus shows. Aqui em Salvador a peça Loulou Atende também esteve em cartaz no Teatro Gamboa. Você pensa em migrar para os teatros, em exibir seu trabalho em outros lugares? SIM, tanto penso positivo como já fiz alguns trabalhos no teatro... fiz Salto Alto de Diorgenes Costa com a Direção de Guido Velansque, no Meia noite se improvisa ano passado fiz um trecho de Divorciadas, Evangélicas e Vegetarianas com a Direção de Iara Colin, lançamos um show em 2007 Star’s junto com Rainha Loulou e Suzzy D’Costa no teatro Gamboa e para 2010 tenho porjetos em lançar um novo show ligado aos orixás.*

5 Você em suas apresentações, vez por outra, adere à estética afro brasileira e africana. Em muitos shows a Valerie se diferencia das outras artistas por conta disso. Você usa perucas black, interpreta deusas negras do samba, usa roupas que usam características da cultura afro brasileira. Como surgiu o interesse em levar aos palcos a cultura negra através do transformismo?
Como Valécio, observei que a maioria dos transformistas em Salvador tem uma preocupação em ser a mulher branca bonita e se eu fosse fazer o mesmo papel estaria no grupo de mais uma. O engraçado que estamos em Salvador uma cidade negra e que poucos trazem a cultura negra na versão transformismo. Parei, pensei e executei e acho que deu certo! rs *

6 O Brasil é conhecido como país de racismo velado. Os negros geralmente sofrem racismo, mas de uma forma bem diferente das vistas em países como EUA, por exemplo. E para você, artista da cena homossexual em Salvador, existe racismo no meio LGBT? Nunca presenciei uma cena de racismos nos palcos em que pisei.*

7 Quem são as suas referencias artistas que você admira – cantoras, divas, atores transformistas?
Vixi, tenho muitos espelhos... cantoras são: Whitney Houston e Beyoncé (internacional)... Maria Bethania, Alcione, Daniela Mercury e Mariene de Castro (nacional)... Hebe Camargo e todo o seu carinho com o publico e seus convidados sem falar da elegância da mulher e atrz Fernanda Montenegro*

8 O show de transformismo, atualmente, se realiza por meio de uma combinação de técnicas que se dividem em três categorias: a dublagem (ou outra técnica artística possível), a performance e a produção visual. Sem estes três quesitos não há show, ou existem outras técnicas que vão além destes componentes básicos? Sim... o necessário, para uma boa apresentação. Dublagem em cima da letra, desempenho no palco e a produção q encanta os olhos. *

9 O mundo artístico é conhecido por sua concorrência acirrada, muitas vezes até desleal. Acabei visitando sites, blogs de artistas transformistas, drags, artistas travestis de todo Brasil e vi que existe muito bafafá, quem teve o melhor desempenho no palco, quem se apresentou com o pior vestido, muita treta, fuxico etc. Nos bastidores em Salvador também rolam estes burburinhos? Sim, muita critica desnecessária, muita picuinha, fofocas e outros. Cabe a cada um executar seu trabalho e ponto.*

10 Nestes seis anos de carreira você deve ter muitas historias para contar... Pode compartilhar um momento inesquecível e outro que infelizmente insiste em ficar na memória nestes anos nos palcos?
Foram tantos cravados na minha memória, muitos de aceitação popular, as vitorias nos concursos, a emoção das musicas que falam de amor e vc chega na historia de alguém que esta lhe assistindo isso é muito bom e os aplausos que alimenta a alma do artista.*

11 O que alguém que quer se enveredar pelo caminho da arte do transformismo pode dar os primeiros passos aqui em Salvador?
Como toda profissão tem que ter aptidão, e pra alguns só descobrem isso nos palcos, a ajuda de alguém que esta a mais tempo na estrada é um bom começo também e o principal... pra ser artista tem que ser artista!!!



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