Dias atrás, o FIAC, Festival Internacional de Artes Cênicas, aportou em Salvador em mais uma edição. Em todos os cantos da cidade tinha um exemplar de espetáculo teatral passando, ruas, teatros, até boate foi transformadas em espaço cênico. Grupos de tudo quanto é parte estavam no festival... Mas o tom europeu dava o toque que marcava as apresentações. Olha, eu odeio falar do obvio. Não tinha manifestações pretas no festival. Esperava algo diferente? Não! Até hoje não entendo como um festival internacional não consegue abranger a diversidade dos grupos teatrais... Aliás eu entendo sim e é tudo tão obvio que dá vontade de vomitar. O diretor Ângelo Flavio fez uma performance em protesto a exclusão do negro nestes festivais... Só assim, pra o povo acordar! E como sempre muita gente não gostou. Claro o negro invisível é estimado, mas aquele que grita e faz protesto é consdierado como um mal, algo a ser afastado.
Voltei a fazer teatro tempos atrás. Estou aprendendo, engatinhando, mas é engraçado (na verdade é curioso...) como recebo recados de cautela quase todos os dias quando algumas pessoas sabem que quero/posso/almejo tratar da “questão do negro” no meu trabalho. Ouço cada tipo de coisa. “Você tem que tomar cuidado pra não ficar datado”, “voce tem que tomar cuidado por que pode ficar como complexado”. Eu eim! É um fato: o teatro afro centrado na Bahia incomoda pra caralho!!! Atualmente aconteceu uma explosão de teatro na vertente negra aqui em Salvador e no resto do estado. A gente durante anos não se via, não se enxergava nos pretensos auto intitulados clássicos da literatura universal (!!!), eu ia pro teatro ver Shakespeare, realismo russo, Nelson Rodrigues... Voltava pra casa e tentava me lembrar o nome da peça que acabei de ver...
Não que não existisse teatro afro centrado antes. Existia sim! Mas hoje, existe um novo teatro afro centrado formulado na cidade. Isso é conspícuo. Mas o que tem ele de novo que incomoda tanto? Primeiro: ele é comandado por negros. O corpo negro não está somente no palco, mas também em todos os estágios da peça. A concepção agora é negra!!!! Acabou o apadrinhamento! Graças a Deus! Segundo: os editais. Tem edital voltado exclusivamente pra questão negra. E tem gente que fica puta com isso. É a branquitude perdendo espaço, deixando de ser exclusiva. Mesmo com dificuldades os editais estão ai. Terceiro: atores com consciência do que é ser verdadeiramente negro. Os atores querem ser respeitados, querem se ver no teatro, não desejam ser aceitos. Querem respeito! Outra, eles estão atrás de um teatro que os represente. Claro, fazem todo tipo de coisa, de teatro europeu a musical inspirado na Broadway, mas fazem com consciência. Quarto: o público não engole mais qualquer tipo de baboseira. Tem que ter qualidade, respeito, tem que ser bem feito e ter antes de tudo comprometimento. Tem um monte de gente agora querendo tocar na temática do candomblé, por que acha que lota fácil sala de espetáculo. Não lota assim fácil não, ok? Até por que o povo de santo não é burro! Tem que ser bom! Lembro até hoje da experiência louca que foi ver Vixe Maria, Deus e o Diabo Na Bahia... uma cena passada em um terreiro... que negocio era aquele? Aquilo não era um terreiro, era um brega. Uma colega minha vira pra mim é exclama: “Que porra é essa, Filipe?” e sai da sala e não volta mais. A peça fez o maior sucesso, até por que o humor atinge de formas diferentes pessoas diferentes...
As coisas estão mudando. A gente está ficando muito mais consciente. Sabendo o que quer da vida e escolhendo com muito cuidado. Não precisamos de padrinhos e isso irrita o outro quando esta característica nova se evidencia. Fazemos nossos espetáculos de igual pra igual. E como o liberalismo frustrado está perdendo território sai atirando pra todos os lados. “Ser branco e artista na Bahia ta difícil”, “Agora só tem coisa pra negro”, “Meu perfil não é do espetáculo por que nasci assim, amarela!”... O teatro europeu deixou de ser feito na cidade? Não! E que isso nunca aconteça. Quero teatro de todas as vertentes sendo feitas. Mas existe um incomodo uma insatisfação com esse novo teatro negro, que não pede licença, não baixa a cabeça hora alguma. E aí, como perde espaço evidencia que o problemático é o outro... Cada um se defende como pode e esconde seus defeitos da maneira que acha melhor...
Voltei a fazer teatro tempos atrás. Estou aprendendo, engatinhando, mas é engraçado (na verdade é curioso...) como recebo recados de cautela quase todos os dias quando algumas pessoas sabem que quero/posso/almejo tratar da “questão do negro” no meu trabalho. Ouço cada tipo de coisa. “Você tem que tomar cuidado pra não ficar datado”, “voce tem que tomar cuidado por que pode ficar como complexado”. Eu eim! É um fato: o teatro afro centrado na Bahia incomoda pra caralho!!! Atualmente aconteceu uma explosão de teatro na vertente negra aqui em Salvador e no resto do estado. A gente durante anos não se via, não se enxergava nos pretensos auto intitulados clássicos da literatura universal (!!!), eu ia pro teatro ver Shakespeare, realismo russo, Nelson Rodrigues... Voltava pra casa e tentava me lembrar o nome da peça que acabei de ver...
Não que não existisse teatro afro centrado antes. Existia sim! Mas hoje, existe um novo teatro afro centrado formulado na cidade. Isso é conspícuo. Mas o que tem ele de novo que incomoda tanto? Primeiro: ele é comandado por negros. O corpo negro não está somente no palco, mas também em todos os estágios da peça. A concepção agora é negra!!!! Acabou o apadrinhamento! Graças a Deus! Segundo: os editais. Tem edital voltado exclusivamente pra questão negra. E tem gente que fica puta com isso. É a branquitude perdendo espaço, deixando de ser exclusiva. Mesmo com dificuldades os editais estão ai. Terceiro: atores com consciência do que é ser verdadeiramente negro. Os atores querem ser respeitados, querem se ver no teatro, não desejam ser aceitos. Querem respeito! Outra, eles estão atrás de um teatro que os represente. Claro, fazem todo tipo de coisa, de teatro europeu a musical inspirado na Broadway, mas fazem com consciência. Quarto: o público não engole mais qualquer tipo de baboseira. Tem que ter qualidade, respeito, tem que ser bem feito e ter antes de tudo comprometimento. Tem um monte de gente agora querendo tocar na temática do candomblé, por que acha que lota fácil sala de espetáculo. Não lota assim fácil não, ok? Até por que o povo de santo não é burro! Tem que ser bom! Lembro até hoje da experiência louca que foi ver Vixe Maria, Deus e o Diabo Na Bahia... uma cena passada em um terreiro... que negocio era aquele? Aquilo não era um terreiro, era um brega. Uma colega minha vira pra mim é exclama: “Que porra é essa, Filipe?” e sai da sala e não volta mais. A peça fez o maior sucesso, até por que o humor atinge de formas diferentes pessoas diferentes...
As coisas estão mudando. A gente está ficando muito mais consciente. Sabendo o que quer da vida e escolhendo com muito cuidado. Não precisamos de padrinhos e isso irrita o outro quando esta característica nova se evidencia. Fazemos nossos espetáculos de igual pra igual. E como o liberalismo frustrado está perdendo território sai atirando pra todos os lados. “Ser branco e artista na Bahia ta difícil”, “Agora só tem coisa pra negro”, “Meu perfil não é do espetáculo por que nasci assim, amarela!”... O teatro europeu deixou de ser feito na cidade? Não! E que isso nunca aconteça. Quero teatro de todas as vertentes sendo feitas. Mas existe um incomodo uma insatisfação com esse novo teatro negro, que não pede licença, não baixa a cabeça hora alguma. E aí, como perde espaço evidencia que o problemático é o outro... Cada um se defende como pode e esconde seus defeitos da maneira que acha melhor...
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