Se tem uma coisa que 50
Cent gosta de falar é sobre poder. Seus filmes, sua música, falam muito sobre
este assunto. Nada de muito profundo. O rap do cantor não é do tipo que vai
fazer o público transgredir. É fútil, esnobe, violento e faz sucesso! Não estranho
nada o fato do assunto principal de uma série produzida por ele ser o poder a
qualquer custo. E o produto final é bom.
Mas o trunfo da série não
está no rapper, que faz um personagem na trama, mas está longe de pertencer ao núcleo
principal. A forma como a roteirista Courtney Kemp Agboh conduz a história é
que faz toda a diferença. Kemp pega elementos clichês e conduz isso num ritmo
totalmente sedutor. O roteiro não mostra reviravoltas espetaculares, mas
entrega informações que pouco a pouco vão conduzindo o espectador a perceber
relações chaves na história.
Em Power, Omari
Hardwick, vive o bem sucedido empresário James St Patrick, dono de uma das
melhores boates da cidade de New York. Bonito, rico, elegante, chefe de uma família
bem estruturada, James mantém por baixo dos panos outra vida. Uma carreira,
também bem sucedida, no tráfico de drogas. Neste novo mundo ele é o traficante
Ghost. Um negócio serve para acobertar o outro. Mas James, logo no começo da
série, já demonstra sinais que para ele a carreira de traficante precisa chegar
ao fim.
A cada capítulo vemos a
tentativa de James se afastar do mundo do tráfico, que se intensifica com a
chegada de um antigo amor, a latina Ângela. Ele não sabe, mas esse amor que
chega (E claro, começam um caso! Rs) é na verdade agente da C.I.A e investiga
uma organização de traficantes que age na cidade de New York controlando várias
frentes do crime...
Ou seja, a velha
história dos amantes que pertencem a mundos diferentes, não poderiam estar
juntos, tudo pode acabar da pior forma possível, mas seguem firme e forte. A
formula de manter essa historia aberta ao público desde o começo, instiga o
espectador de ver o que acontecerá quando os dois souberem um do mundo do
outro...
Mas não se engane com o
romance... Ninguém, eu disse, ninguém presta nessa série. Brancos, negros,
mulheres, homens, héteros, gays, ninguém vale nada e muitos são do pior escalão
possível de periculosidade. Aliás, me surpreendi quando o pior de todos é um
homem gay, efeminado, que é levado a sério e todo mundo se caga quando fala o
nome dele...
Nature Noughton, bela interpretação e o ator principal da série Omari Hardwick |
Além do roteiro, que
apesar de batido é bem conduzido, o elenco é bom também. Omari foi feito para
fazer o tipo de homem que por mais que a situação tenha saído do controle,
mantém a pose direitinho. Sabe o tipo, atormentado bonitão? Pois é! Esse tipo
de papel ele faz muito bem. 50 Cent vive uma variação de si mesmo. Mas quem se
destaca realmente, são Nature Naughton, atriz que vive a esposa e mãe dos dois
filhos de James e o amigo e sócio dele, encarnado pelo ator Joseph Sikora. Os dois
encarnam os melhores diálogos, as melhores performances e a construção dos
personagens deles é milimétrica e crescente. Muitos atores começam e terminam a
primeira temporada da mesma forma, mas esses dois atores, conduzem tudo num
arco muito bem feito.
Bom frisar também sobre
as cenas de sexo da série. Sem grandes moralismos. No começo fiquei me
perguntando se era um artifício para conseguir audiência (e sim era!), mas
depois vendo a primeira temporada toda e o desenvolvimento dos personagens, as
cenas realmente cabiam. É bom notar como James faz sexo com cada mulher. Como ele
começa de forma extremamente bruta com a esposa e depois com a amante. Nos
outros capítulos, ele está presente na cama de forma diferente com cada uma e a
forma também como é filmada as cenas de sexo vai mudando capitulo a capitulo. Essas
cenas também desaparecem, conforme a história fica mais concisa. E sim, todo
mundo nu!
A primeira temporada de
Power teve 8 episódios. Cada um com pouco mais de 50 minutos. Tem seus altos e
baixos na trama. Mas a boa condução fez com que a série fosse renovada para a
segunda temporada, onde terá dois episódios a mais que a primeira. Mas só em 2015. Gostei de
saber da renovação, pois o final deixa brechas grandes de todos os personagens,
além da promessa do crescimento do personagem feito pelo seu principal e mais
famoso produtor...