Sou um homem racista... O argumento é mais ou menos o seguinte... Sou um homem racista, pois escrevo um Blog sobre cinema negro. Já que cinema negro não existe, pois cinema é cinema em qualquer lugar do mundo e eu estou com esta “categoria” inventando algo para separar a sétima arte. Um outro caminho para afirmar minha personalidade racista são minhas referencias... Leio Fanon, Biko, Carneiro, Sudbury, Nascimento, pessoas que escrevem sobre racismo e se leio eles também sou racista. Uma outra coisa, não ando me deslumbrando por qualquer coisa que a Europa faça. Acho o continente mais um no meio dos outros... E isso realmente é um absurdo, pois é de lá que vêem a o berço da cultura mundial. Eu deveria dar valor aos europeus, mas não dou. Sou racista por isso também. Tem mais coisa... Sou racista por não querer ouvir coisas do tipo, nigrinho, denegrir, mulato, pardo, o lado negro de tal coisa e outras terminações, o argumento é que estas categorias foram feitas ou não a partir de minha raça e estou criando assim um preconceito comigo mesmo... Ou seja, se está aqui lendo tudo isso e compartilha das minhas idéias, você leitor também é um racista!
O desejo de escrever sobre cinema não é de hoje, sempre gostei dessa coisa de critica, para que serve a critica, a boa e verdadeira critica de cinema. Quer queria ou não, apesar de o publico decidir o que vai ver no final das contas é pela critica que uma grande massa decide ver ou não tal filme. Imagine se você chegasse ao cinema, com 14 filmes diferentes passando e não soubesse nada sobre a produção e escolhesse tudo na sorte, pelo cartaz ou pelos atores que estavam no cartaz? A critica da o mínimo de garantia para o publico que está interessado nela. Escrevo sobre o cinema negro, pois acredito que o cinema tem o seu lado divertido e também político, não necessariamente militante, mas político (ver postagem sobre cinema negro mais abaixo). Um cinema pan africanista é político, cinema não precisa citar referencias, estatísticas, ele não deve ser feito para imitar conceitos acadêmicos, mas para fazer realidade ou fabricar a realidade ou destorce-la, você que é espectador quem sabe...
Há tempos não me deslumbro mais pela Europa. Sei hoje, até pela área em que sou formado, que África e Ásia e até mesmo a América, denominada de novo mundo, contribuíram e muito para a construção do mundo e reconstrução da Europa que precisava (e precisa!!!) se evidenciar como superior em meio aos outros! Movimento ridículo, mas real.
E tinha tudo para ser um homem deslumbrado. Fui criado em uma favela, mas por ser filho único, pude freqüentar os melhores colégios da minha cidade, meus colegas eram na maioria brancos e me inseriam em eu mundo aparentemente sem preconceitos. Tinha tudo pra ser um daqueles caras pobres, negros, que se acham maiorais por que de alguma forma estão dentro do mundo dos “civilizados, educados, bem vestidos”. Que volta para a favela no fim do dia, mas que apesar de lá estar não se mistura junto aos seus. Felizmente não sou assim. Não sou nenhum exemplo de “militância do gueto”, mas sei muito bem o meu lugar privilegiado, como negro que teve uma educação esplendida ao longo da vida (muito diferente de outros irmãos negros ao meu redor), que freqüenta lugares que alguns no lugar onde vivo só ouvem falar e às vezes nem isso, não tenho contato com a marginalidade etc etc... Também sei o meu lugar desprivilegiado nisso tudo: sou negro e por mais que tenha diploma, boas roupas, emprego e outras coisas, sou interpretado como negro, sendo negro sinônimo de exotismo, marginalidade, preguiça e apetite sexual fora do comum.
A poucos descobri um cinema que quando assisto bons exemplares seus fazem minha pele arrepiar, um cinema que me representa, um cinema que coloca todas as minhas convenções sobre a sociedade no lixo, um cinema que me desafia, que me orgulha, que faz minha mãe (que odeia cinema) às vezes chegar junto a tv e aprender junto comigo, filmes que me fazem ter esperança no mundo que estou, que constroem minha realidade, que desconstroem, que fabrica minha ilusão. Um cinema negro! E é sobre este cinema que vou continuar escrevendo...
Continuo lendo Fanon, Biko, James Baldawin, Walker meu povo que sempre tive de ler em movimento autodidata, pois as instituições nunca deram valor ao meu povo que escreve. Vou continuar ficando louco a cada lançamento de Spike Lee, de Joel Zito Araújo e de outros que ainda descobrirei... A Europa? Ah sim! Eles fabricam bons filmes...Mas não vou tratar o cinema inglês ou francês ou de outra parte da Europa com toda essa pompa só por que é europeu. Não faço a linha alternativa, não faço linha nenhuma. Gosto de cinema, se me tocar profundamente falo ate dizer chega! Sou apaixonado e todo o cinema, mas escrevo sobre o negro, pois é o negro que me representa!...
O desejo de escrever sobre cinema não é de hoje, sempre gostei dessa coisa de critica, para que serve a critica, a boa e verdadeira critica de cinema. Quer queria ou não, apesar de o publico decidir o que vai ver no final das contas é pela critica que uma grande massa decide ver ou não tal filme. Imagine se você chegasse ao cinema, com 14 filmes diferentes passando e não soubesse nada sobre a produção e escolhesse tudo na sorte, pelo cartaz ou pelos atores que estavam no cartaz? A critica da o mínimo de garantia para o publico que está interessado nela. Escrevo sobre o cinema negro, pois acredito que o cinema tem o seu lado divertido e também político, não necessariamente militante, mas político (ver postagem sobre cinema negro mais abaixo). Um cinema pan africanista é político, cinema não precisa citar referencias, estatísticas, ele não deve ser feito para imitar conceitos acadêmicos, mas para fazer realidade ou fabricar a realidade ou destorce-la, você que é espectador quem sabe...
Há tempos não me deslumbro mais pela Europa. Sei hoje, até pela área em que sou formado, que África e Ásia e até mesmo a América, denominada de novo mundo, contribuíram e muito para a construção do mundo e reconstrução da Europa que precisava (e precisa!!!) se evidenciar como superior em meio aos outros! Movimento ridículo, mas real.
E tinha tudo para ser um homem deslumbrado. Fui criado em uma favela, mas por ser filho único, pude freqüentar os melhores colégios da minha cidade, meus colegas eram na maioria brancos e me inseriam em eu mundo aparentemente sem preconceitos. Tinha tudo pra ser um daqueles caras pobres, negros, que se acham maiorais por que de alguma forma estão dentro do mundo dos “civilizados, educados, bem vestidos”. Que volta para a favela no fim do dia, mas que apesar de lá estar não se mistura junto aos seus. Felizmente não sou assim. Não sou nenhum exemplo de “militância do gueto”, mas sei muito bem o meu lugar privilegiado, como negro que teve uma educação esplendida ao longo da vida (muito diferente de outros irmãos negros ao meu redor), que freqüenta lugares que alguns no lugar onde vivo só ouvem falar e às vezes nem isso, não tenho contato com a marginalidade etc etc... Também sei o meu lugar desprivilegiado nisso tudo: sou negro e por mais que tenha diploma, boas roupas, emprego e outras coisas, sou interpretado como negro, sendo negro sinônimo de exotismo, marginalidade, preguiça e apetite sexual fora do comum.
A poucos descobri um cinema que quando assisto bons exemplares seus fazem minha pele arrepiar, um cinema que me representa, um cinema que coloca todas as minhas convenções sobre a sociedade no lixo, um cinema que me desafia, que me orgulha, que faz minha mãe (que odeia cinema) às vezes chegar junto a tv e aprender junto comigo, filmes que me fazem ter esperança no mundo que estou, que constroem minha realidade, que desconstroem, que fabrica minha ilusão. Um cinema negro! E é sobre este cinema que vou continuar escrevendo...
Continuo lendo Fanon, Biko, James Baldawin, Walker meu povo que sempre tive de ler em movimento autodidata, pois as instituições nunca deram valor ao meu povo que escreve. Vou continuar ficando louco a cada lançamento de Spike Lee, de Joel Zito Araújo e de outros que ainda descobrirei... A Europa? Ah sim! Eles fabricam bons filmes...Mas não vou tratar o cinema inglês ou francês ou de outra parte da Europa com toda essa pompa só por que é europeu. Não faço a linha alternativa, não faço linha nenhuma. Gosto de cinema, se me tocar profundamente falo ate dizer chega! Sou apaixonado e todo o cinema, mas escrevo sobre o negro, pois é o negro que me representa!...
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