domingo, 18 de outubro de 2009

DISTRITO 9. Pregando peças...

Às vezes o cinema prega peças na gente... Vamos a uma sala somente para se divertir e saímos chocados, com queixo no chão, espantados com o que acabamos de ver... A primeira vez que isto aconteceu comigo foi quando eu tinha uns doze anos e fui ver Jurassic Park. Sai do cinema sem noção, como um moleque que ganha a primeira bicicleta, ver todos aqueles animais daquele tamanho... Nossa! E a tela no BAHIA era gigante, pelo menos naquela época. Anos depois em 1999 em um multiplex desses da vida sai novamente de queixo caído vendo um tal “escolhido” para derrotar o poder das máquinas em um mundo paralelo. Matrix fez com que eu não falasse de outra cosia durante toda a semana. No ano seguinte, vi minha segunda experiência no mundo construído por Spike Lee, A Hora do Show uma das melhores coisas que já vi na vida, meus olhos arregalavam a todo momento, ficava boquiaberto com o texto, a direção perfeita, os enquadramentos, tudo me fascinava. Em 207 um documentário me deixou perplexo, OLHOS AZUIS tirou meu sono, minhas idéias não conseguiam se controlar, o filme é tão bom que ganhou que tem sua própria postagem aqui no blog.

Este ano, o cinema me apronta uma novamente. Distrito 9 balança minhas idéias e torna-se uma das surpresas mais incríveis e doloridas que já tive. O filme é uma ficção cientifica, muito bem feita, de um diretor estreante, com orçamento reduzidíssimo, passado na África do Sul, com efeitos de primeira, história impecável, atores maravilhosos, texto equilibrado, emoção no lugar certo. E ainda de Peter Jackson... Sou fã dele desde Almas Gêmeas e Os Espíritos (meus filmes preferidos dele!). Ok, só elogios para Distrito 9? Sim! Claro que o filme tem seus defeitos como exagerar as vezes na sacarina, mas conta sua historia de forma explicita sem rodeios... Tá tudo ali na sua cara, se vire para assistir, se puder...

Distrito 9 fala sobre uma nave alienígena que para em uma cidade da áfrica do sul e o governo do país decide averiguar o que existe por lá. Acham então uma imensidão de aliens subnutridos e descobrem que a nave na verdade quebrou e eles não tem como voltar para casa. O que o governo faz? Aloja esses seres em um local bem em baixo da nave e este logo vira, devido a total falta de organização do governo, uma favela aos moldes das brasileiras. A criminalidade cresce no lugar, junto coma prostituição e outras mazelas. Forma-se então um novo apartheid entre humanos e aliens que são tratados pela alcunha de camarões. Com o tempo a população do distrito chega a um tamanho exorbitante e o descontrole entre população humana e alien é geral. Convoca-se então um novo distrito o 10 que abrigará longe da cidade os aliens tão indesejados por todos.

A partir dessa pequena história o filme cresce de tal forma que não tem como você se envolver com o que esta sendo posto na tela. Dirigido por Neill Blomkamp e com elenco desconhecido para aumentar o estilo documental do filme DISTRITO 9 choca pela violência, pelo politicamente incorreto vomitado na tela e por descascar o ser humano em toda sua individualidade, egoísmo, desespero, agressividade, revelando que o quanto nós somos hipócritas. Em alguns momentos do filme, concordei com a critica Isabela Boscov (Revista Veja) quando diz que ficou envergonhada de pertencer à raça mostrada em DISTRITO 9. realmente o filme impacta o espectador com uma historia absurda, mas que usa de uma alegoria para provocar suas idéias e pensar o que realmente acontece entre seres humano de raças, sexualidades e religiões diferentes.

Sai da sala de exibição meio perplexo, meio triste, mas definitivamente fascinado com o espetáculo que acabei de ver. Infelizmente assisti ao filme mas não volto a vê-lo tão cedo. É forte demais, não chorei, mas tive vontade de sair do cinema varias vezes. Não por que fosse ruim em alguns pontos, mas realmente me incomodava com algumas falas e acontecimentos que corriam pela tela. Mas tenha a sua experiência, veja o ótimo DISTRITO 9e prepare-se para ser exposto pelo filme, com certeza você não vai se arrepender.

Nenhum comentário: