Estou eu lendo, tranquilamente, minha Men’s Health deste mês quando me deparo com a seguinte pergunta de um leitor, na sessão Pergunte à Men’s Health: “Sou negro. Que cuidados tomar na hora de combinar as roupas com o meu tom de pele?”. Olhe, pressenti na hora que vinha besteira por aí... Tentei não ler a resposta, dada pela consultora de imagem Milla Matias e pela responsável pela parte de moda da revista, mas... Olhei. E o que vejo como resposta? Isso:
“Segundo a consultora de imagem Milla Matias, de São Paulo você deve evitar tonalidades claras e opacas e investir mais em peças mais escuras, como turquesa, turmalina e roxo. Escolha cores que acompanhem seu tom de pele forte e escuro. Do contrario você ficará apagado. Lembre-se deste conceito especialmente ao vestir blazers e gravatas. Responsável pela moda da MH a jornalista Gabi Comis, sugere que você procure inspiração em figuras famosas como Denzel Washington, Barack Obama, Lázaro Ramos, por exemplo. Acho legal fugir de alguns estereótipos explorados na moda como jogadores de basquete e rappers e criar um estilo próprio. Arremata Gabi.”
Primeiro que ficou constatado que tive uma visão! Adivinhei que vinha besteira pela frente e veio! Segundo: Como assim eu só posso usar roupas escuras? Como assim o ROXO combina com minha cor de pele? Eu odeio roxo!!!! E a outra que acha que os rappers e os homens do basquete são referencias assim tão fortes? Ela vive onde, em um filme norte americano? Ela não conhece uma bata? Só sabe da existência de colares de prata? Só faltou dizer que nosso cabelo tem que ser cortado a máquina zero sempre! Me poupe viu.
Lembrei até de um colega meu dizendo que a sunga que queria comprar certa vez – azul claro – não deveria ser usada por mim, pois meu tom de pele não acoplava aquele tipo de vestimenta. É por essas e outras que acho que o editorial de moda da revista Raça deveria voltar URGENTEMENTE. A revista era a única que fazia seus leitores se sentirem confiantes para usar qualquer tipo de roupa.
A pele negra no mundo da moda é limitada a questões exóticas e olhe lá. No mundo dominado pelos brancos temos que ser acima de tudo discretos, já que isso para eles é tido como sinônimo de requinte. A cor da pele negra é algo tão negativizado a ponto de um leitor se sentir incomodado e perguntar a consultora de moda da revista como ele deve se vestir melhor para ajustar seu tom de pele às tendências do momento. Parece discurso da década de 70, que ouço falar dos mais velhos, que negro naquele tempo não podia usar nem vermelho que era chacoteado na rua.
Mais uma vez minha cor de pele não é considerada algo corriqueiro. Não chegou ao tom de normalidade que a pele branca exerce na nossa sociedade. Afinal de contas, maquiagens, roupas, calçados, pentes são feitos em sua maioria para combinar com o tom de pele claro. E o sujeito negro tem que pensar duas vezes antes de sair de casa usando uma moda que geralmente não condiz com sua cor.
O mundo da moda tem critérios radicais. Tendenciosos. Estereotipados. E no meio de tanta tendências o que parece sempre estar em off é a cor e o corpo negro, sempre sujeito ao escanteio dos editoriais e também do mundo das passarelas. Como o que é tido nas passarelas muitas vezes dita a moda fora delas, o negro também fica jogado a escanteio, nãos e vê nas vitrines e acaba tendo que adaptar a moda branca ao seu contexto.
“Segundo a consultora de imagem Milla Matias, de São Paulo você deve evitar tonalidades claras e opacas e investir mais em peças mais escuras, como turquesa, turmalina e roxo. Escolha cores que acompanhem seu tom de pele forte e escuro. Do contrario você ficará apagado. Lembre-se deste conceito especialmente ao vestir blazers e gravatas. Responsável pela moda da MH a jornalista Gabi Comis, sugere que você procure inspiração em figuras famosas como Denzel Washington, Barack Obama, Lázaro Ramos, por exemplo. Acho legal fugir de alguns estereótipos explorados na moda como jogadores de basquete e rappers e criar um estilo próprio. Arremata Gabi.”
Primeiro que ficou constatado que tive uma visão! Adivinhei que vinha besteira pela frente e veio! Segundo: Como assim eu só posso usar roupas escuras? Como assim o ROXO combina com minha cor de pele? Eu odeio roxo!!!! E a outra que acha que os rappers e os homens do basquete são referencias assim tão fortes? Ela vive onde, em um filme norte americano? Ela não conhece uma bata? Só sabe da existência de colares de prata? Só faltou dizer que nosso cabelo tem que ser cortado a máquina zero sempre! Me poupe viu.
Lembrei até de um colega meu dizendo que a sunga que queria comprar certa vez – azul claro – não deveria ser usada por mim, pois meu tom de pele não acoplava aquele tipo de vestimenta. É por essas e outras que acho que o editorial de moda da revista Raça deveria voltar URGENTEMENTE. A revista era a única que fazia seus leitores se sentirem confiantes para usar qualquer tipo de roupa.
A pele negra no mundo da moda é limitada a questões exóticas e olhe lá. No mundo dominado pelos brancos temos que ser acima de tudo discretos, já que isso para eles é tido como sinônimo de requinte. A cor da pele negra é algo tão negativizado a ponto de um leitor se sentir incomodado e perguntar a consultora de moda da revista como ele deve se vestir melhor para ajustar seu tom de pele às tendências do momento. Parece discurso da década de 70, que ouço falar dos mais velhos, que negro naquele tempo não podia usar nem vermelho que era chacoteado na rua.
Mais uma vez minha cor de pele não é considerada algo corriqueiro. Não chegou ao tom de normalidade que a pele branca exerce na nossa sociedade. Afinal de contas, maquiagens, roupas, calçados, pentes são feitos em sua maioria para combinar com o tom de pele claro. E o sujeito negro tem que pensar duas vezes antes de sair de casa usando uma moda que geralmente não condiz com sua cor.
O mundo da moda tem critérios radicais. Tendenciosos. Estereotipados. E no meio de tanta tendências o que parece sempre estar em off é a cor e o corpo negro, sempre sujeito ao escanteio dos editoriais e também do mundo das passarelas. Como o que é tido nas passarelas muitas vezes dita a moda fora delas, o negro também fica jogado a escanteio, nãos e vê nas vitrines e acaba tendo que adaptar a moda branca ao seu contexto.
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