Voce já deve ter
participado de um fenômeno desses: Assunto vai, assunto vem, do nada surge o tópico
preconceito que pula para o capítulo racismo em dois tempos e daqui pra ali, o
sujeito que estava falando sobre preconceito abre o bojo e expõe seus conceitos
(geralmente contra) sobre o sistema de cotas raciais no Brasil. Pronto!
Polemica! Confusão! Gritaria! Argumentos pra lá, conceitos de origem/raça/mestiçagem
tudo misturado, a velha noção que no Brasil todo mundo é todo mundo, nosso país
na verdade é uma grande vitamina de banana... No final, ninguém chegou a lugar
algum que realmente vá mudar a nação, mas em um ponto a conversa com certeza
andou: inimizade dos envolvidos
O nervosismo é geral
quando se fala de racismo. Uma parte daqueles que estão envolvidos na conversa
sempre acham os negros politicamente coretos demais, chatos, complexados,
nervosinhos, radicais, doentes. E a outra fica, geralmente, tentando convencer
o outro que está certo, ou reconfigurar o outro e tirar o racismo presente nele.
Um fator importante presente nessas conversas é quando não se tem argumento
contra os argumentos a favor das cotas, começa uma chacota/humilhação dos contextos
de quem é a favor. Daí para o nervosismo é um pulo.
E ai me vem a pergunta:
Por que o stress?
Aprendi com os anos,
que é contraproducente argumentar de forma civilizada com quem se acha o dono
da razão. Com que objetivo mesmo? Só para VOCE ficar nervoso, não é mesmo? Os
movimentos negros neste país estão cheios de militantes que por conta do
politicamente correto, do uso adequado das leis, acabam entrando em embates ideológicos
e saem muitas vezes machucados, e estigmatizados como radicais, ruins, nervosinhos,
chatos e afastam por conta de um auto controle inexistente a possibilidade de
agregar gente ao NOSSO pensamento.
Também aprendi com a
arma do outro contra argumentar. Simples assim. Ironia, e chacota, certamente
são coisas não ensinadas por mamãe e papai, mas o mundo instrui neste quesito! Então,
antes de usarem contra voce que use contra eles. Desenhando para os que não entenderam:
o politicamente incorreto faz bem para a pele. Primeiro que a ironia quando
objetivada te dá um censo de superioridade, pode até ser passageira, mas é
deliciosa!!! Segundo: contra argumentos ditos com sabor de “leve na esportiva”
o nervosismo e o racismo pensam duas vezes antes de se manifestar. Voce
geralmente nesses casos simplesmente ri, os músculos da face se movimentam e o
botox natural é acionado.
Dia esses uma sujeita
no ônibus, que eu nunca tinha visto na vida, começa a jogar conversa fora
comigo e cai logo no assunto cotas raciais. Ela era contra, negra e dizia a
todo momento que não precisou de cotas para entrar na universidade. Emputeci e
de forma irônica, falando baixo, calmo joguei o veneno: Voce está fazendo o que
para que as cotas acabem? Já que é contra, para voce o sistema é errado. E aí?
Faz o que? Só reclama? Só é contra? Só isso? Só?... Ela calou-se. Melhor segundos
depois mudou de assunto...
Quando eu deixava meu
cabelo crescer e colocava tranças nele, ouvia todo tipo de comentário. Um dia
ouvi de uma senhora branca: “Voce lava seu cabelo? Por que Bob Marley não
lavava!”. Retruquei: “A senhora conhecia ele? Devia ser intima pra ver Bob não tomando
banho...” Depois ela me pediu desculpas pelas besteiras que perguntava. Fui
mais venenoso: “Por que as desculpas?” nem ela soube responder o por que. Outro
dia estava passando com um colega no Pelourinho, passam duas meninas negras e
um homem negro no meio delas. Ele diz: “Olha pra aquilo. Gosto assim, com cara
de suburbano, gostoso!” abri meu lindo sorriso e joguei: “Mas ele não é do subúrbio,
conheço ele mora na Graça. (cara do sujeito no chão. Sem deixar ele respirar)
Por que ele tem cara que mora no subúrbio?”... Vocês não sabem o quanto me
diverti nestas e outras ocasiões.
Os brancos no Brasil
sabem que são brancos, sabem que a cor da sua pele lhe dá vantagens em uma
sociedade racista, mas nunca vão assumir este tipo de coisa. Afinal de contas,
o problema é do negro, a questão é negra e não branca... E se eles foram acostumados a rir do nosso cabelo, da nossa cultura, a dizer o que somos o que nao somos, qual é o nosso lugar, o que temos cara e o que não temos. Vou apelar para a ironia, para a chacota. Não tenho mais a idade de ficar no ponto de coitado, de sofredor, tenho o direito de olhar por cima. Às vezes voce chama
ate o racista de burro e ele não se dá conta da burrice própria. Como uma
conhecida que foi indagada sobre como lavava a suas tranças. Ela: Com shampoo!
Outro: Só isso? Ela: Ah!!! E condicionador, né?!... Falava num tom de criança irônica
entende? O racista de plantão nem sentiu que estava sendo chamado de idiota.
Repito: o politicamente
incorreto faz bem para a pele. Claro que há momentos em que é válido (eu disse
VÁLIDO) brigar e gritar. Mas existem momentos que a velha e boa ironia deve ser
usada, sem culpas. Para o seu próprio bem. O sorriso que voce vai abrir caro
leitor, é negro!!!!!!!!!!!! Rsrsrs. Entenda a frase anterior da forma como
quiser...
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