Um dia desses, nessas conversas de bar, tava conversando com uns amigos sobre filmes, atores, atrizes. Conversa vai, conversa vem surgiu o nome do ícone e máquina de fazer dinheiro Will Smith. Falamos sobre os seus filmes, todos animados, até que uma hora a vida do astro foi colocada em xeque devido ao seu desinteresse pela comunidade negra norte americana. Foi colocado na mesa que Smith era rico, mas que toda aquela pompa e poder somente serviam para si, ele não ajudaria em nada e viveria em um universo paralelo dos (poucos) ricos e famosos negros americanos. Uma outra vez lembro que tiveram oportunidade de assistir ao programa de Oprah Winfrey e acharam horrível, sem grandes surpresas e a comparação veio de imediato, o programa parecia mais uma versão norte americana de Hebe, que não tinha qualidade e que era simplório demais. Para que nem todos os artistas fossem jogados no lixo, ressaltou-se Denzel Washington como o “Midas”, ele sim faria personagens enriquecedores e contribuiria para o crescimento da comunidade negra com sua arte. Ou seja, uns heróis somente na tela e outros estendiam seus papéis também á realidade.
Fiquei pensando se todo artista negro realmente tem a função/obrigação de estar sempre envolvido em produções que tivessem uma carga dramática referente às vivências da comunidade negra?! Não tem! Ele tem direito de fazer o que quiser. Recentemente saiu a noticia que Smith estaria envolvido em um “projeto ancestral” fazendo o papel de um dos últimos faraós negros do Egito antigo. A provável super produção serveria para consolidar a carreira de Will Smith em um projeto sério que ao mesmo tempo envolvesse “suas raízes”. Ou seja, responsabilidade estritamente planejada com marketing absoluto.
O caso de Oprah é um pouco diferente. Tudo que ela toca vira ouro. Seu programa é o mais assistido nos EUA faz tempo, recebe celebridades de grande porte se emocionando ou pagando micos hilários e faz tanto sucesso que seu formato foi exportado em todo mundo – se não fosse por Oprah não teríamos, por exemplo, o sofá da Hebe e programas como Márcia e Casos de Família (entenda isso como quiser!). Apesar de o seu programa ter um gosto duvidoso Oprah consegue separar o joio do trigo, com o dinheiro que consegue desenvolve projetos como A Bem Amada e Aos Olhos de Deus, duas obras clássicas literárias negras mundiais e se envolve em filmes inesquecíveis do porte de A Cor Púrpura. Se ela lê um livro, gosta e anuncia em seu programa, no outro dia o livro entra na lista dos mais vendidos do país. Além de tudo é a mulher negra mais rica do mundo, a personalidade negra mais rica do mundo e a segunda celebridade mais rica do mundo. Ufa!
Colocar a responsabilidade do destino de toda uma comunidade nas costas de uma pessoa não é um movimento saudável. Como todos os artistas do mundo, esses e outros artistas negros tem seu ego, suas vontades e envolvem-se em projetos que bem entendem. Há uma cobrança com estes artistas negros com real poder, pois eles são poucos, geralmente são envoltos na máquina feroz da cultura branca que coloca os negros “no seu devido lugar”. As pessoas esperam deles projetos reveladores, dramáticos, que falem sobre sofrimento, racismo, superação. Como uma obrigação e não de livre e espontânea vontade. O artista negro que chegasse a um patamar diferente de seus colegas de trabalho, renegados ao figurino de empregados domésticos e cenário da cozinha, teria que construir sua carreira evidenciando os heróis e dramas da comunidade negra por todo o mundo. Mais ou menos como Denzel Washington que já participou da guerra civil americana como um soldado que luta por liberdade e justiça, fez Malcolm X, o lutador Huricanne e Steve Biko. Para ele só falta Fanon! Mas é bom frisar que mesmo ele fez filmes horrendos (O Diabo Veste Azul), e que não acrescentavam nada a história da comunidade negra como Chamas da Vingança, O Gangster e Dia de Treinamento. E é um grande ator, sem dúvida!
Colocar demais a responsabilidade de uma comunidade em cima de um artista significa que o sujeito não tem coragem de mudar dentro do seu espaço a sua comunidade. Aqui no Brasil casos como o de Lazaro Ramos também volta e meia são citados. Ele seria a salvação da arte negra, sendo reconhecido pela sua responsabilidade e talento. Temos que fazer valer uma coisa: o caso da arte negra no Brasil é bem mais complicada que o norte americano, ninguém disso duvida. O mesmo Lázaro que fez riquezas como Madame Satã e o programa Espelho faz coisas como a série O Pai Ó! Projetos completamente diferentes, que envolve ideologias diferentes e feito para públicos distintos. Mas como se trata de arte o público vai entender de forma distinta estes projetos. Uns gostam outros odeiam, jogam pedra e tudo! E cabe ao público tirar proveito ou fazer as críticas sobre o projeto, é para o público que o artista faz o seu ofício.Fiquei pensando se todo artista negro realmente tem a função/obrigação de estar sempre envolvido em produções que tivessem uma carga dramática referente às vivências da comunidade negra?! Não tem! Ele tem direito de fazer o que quiser. Recentemente saiu a noticia que Smith estaria envolvido em um “projeto ancestral” fazendo o papel de um dos últimos faraós negros do Egito antigo. A provável super produção serveria para consolidar a carreira de Will Smith em um projeto sério que ao mesmo tempo envolvesse “suas raízes”. Ou seja, responsabilidade estritamente planejada com marketing absoluto.
O caso de Oprah é um pouco diferente. Tudo que ela toca vira ouro. Seu programa é o mais assistido nos EUA faz tempo, recebe celebridades de grande porte se emocionando ou pagando micos hilários e faz tanto sucesso que seu formato foi exportado em todo mundo – se não fosse por Oprah não teríamos, por exemplo, o sofá da Hebe e programas como Márcia e Casos de Família (entenda isso como quiser!). Apesar de o seu programa ter um gosto duvidoso Oprah consegue separar o joio do trigo, com o dinheiro que consegue desenvolve projetos como A Bem Amada e Aos Olhos de Deus, duas obras clássicas literárias negras mundiais e se envolve em filmes inesquecíveis do porte de A Cor Púrpura. Se ela lê um livro, gosta e anuncia em seu programa, no outro dia o livro entra na lista dos mais vendidos do país. Além de tudo é a mulher negra mais rica do mundo, a personalidade negra mais rica do mundo e a segunda celebridade mais rica do mundo. Ufa!
Colocar a responsabilidade do destino de toda uma comunidade nas costas de uma pessoa não é um movimento saudável. Como todos os artistas do mundo, esses e outros artistas negros tem seu ego, suas vontades e envolvem-se em projetos que bem entendem. Há uma cobrança com estes artistas negros com real poder, pois eles são poucos, geralmente são envoltos na máquina feroz da cultura branca que coloca os negros “no seu devido lugar”. As pessoas esperam deles projetos reveladores, dramáticos, que falem sobre sofrimento, racismo, superação. Como uma obrigação e não de livre e espontânea vontade. O artista negro que chegasse a um patamar diferente de seus colegas de trabalho, renegados ao figurino de empregados domésticos e cenário da cozinha, teria que construir sua carreira evidenciando os heróis e dramas da comunidade negra por todo o mundo. Mais ou menos como Denzel Washington que já participou da guerra civil americana como um soldado que luta por liberdade e justiça, fez Malcolm X, o lutador Huricanne e Steve Biko. Para ele só falta Fanon! Mas é bom frisar que mesmo ele fez filmes horrendos (O Diabo Veste Azul), e que não acrescentavam nada a história da comunidade negra como Chamas da Vingança, O Gangster e Dia de Treinamento. E é um grande ator, sem dúvida!
Mas independente do rumo da carreira, a responsabilidade da nossa comunidade é de todos nós. Do ator que realiza o papel maravilhosamente bem, do roteirista que escreve e reescreve a história que inventa (ou não), do diretor que comanda pondo ordem em toda a produção, do exibidor que se compromete em colocar determinado filme com boa temática nos cinemas, do patrocinador que vê que toda aquela história pode também gerar lucro com responsabilidade e finalmente o público que avalia o produto final, coloca tudo na balança, lembra dos ensinamentos que a arte lhe proporcionou ou joga tudo fora no primeiro lixo que encontrar pela frente e esquece. O papel é nosso, afinal de contas, todos nós somos heróis.