terça-feira, 26 de janeiro de 2010

DISCO MUSIC É MÚSICA PRETA??????

Sim, é! E todo mundo sabe disso. Apesar de não haver um consenso de onde exatamente teria surgido a disco music – alguns dizem que o africano Manu Dibango gravou o primeiro exemplar de disco music em 1972, outros que antes disso já haviam músicas disco rolando pelos bairros negros sem grande alarde – todos sabem que foi a partir das batidas do soul e do funk (ritmos negros) que nasceu esse incrível fenômeno que perdura até hoje nas canções de muitos artistas. Além disso, a disco foi difundida primeiramente entre os negros norte americanos e latinos, e foi feita para animar e esquecer dos problemas que amargavam tanto estas duas comunidades no EUA. Mas por que a disco ao contrário do samba rock, do regaae, do soul, não repercute tanto quando o assunto é retratar/representar a comunidade negra? Por que a musica negra e vertente disco transita por outros aspectos um pouco diferentes.

O primeiro ponto é que a disco é um ritmo que exclusivamente não retrata a comunidade negra de uma forma bastante segmentada. A musica foi criada para divertir um povo que queria entrar na dança e esquecer, pelo menos durante uma noite, um final de semana, as agruras do racismo, do preconceito social, do machismo, da homofobia etc. Este fenômeno quase não lamenta e sim celebra constantemente. E celebra o que? Que ainda bem que é sexta feira e vou dançar até não querer mais. Na segunda-feira volto a pensar nas burrices que o mundo formula e entro na regras da sociedade novamente... A celebração dá corda para que outros povos – outros fragmentos da comunidade negra que geralmente não aparecem com tanta ênfase (mulheres e gays, por exemplo) tenham a sua vez e mostrem sua existência através da dança.

Também é um dos ritmos que se embranqueceram mais rápido que os outros ritmos negros. Não que outros ritmos como o rock não tenham seus exemplares brancos também, mas o rock formulado por Jimmy Hendrix e o feito por Elvis são coisas completamente diferentes. A disco feita por Donna Summer, Imagination, pelo grupo Chic ou Odyssey e construída pelo ABBA ou pela dupla italiana Baccara é quase que a mesma coisa. Falam geralmente sobre a noite de sábado, sobre alguém que arrasa na pista e sobre celebração. Nada muito, além disso. A disco music não tem letras extremamente demarcadas, territórios restritos, ela é black e celebra a atitude negra de se revigorar, o povo negro dança, celebra, brinca, se liberta através das batidas.

A disco acima de tudo é um fenômeno gay! E este ponto é algo bem demarcado quando se compara ela com outros tipos de musica negra que são extremamente heteronormativos. Ok, não existe nenhuma placa, nenhum aviso dizendo que é proibido uma pessoa homossexual celebrar com o soul, por exemplo. Mas é com a disco que cantores negros gays como, alguns ate assumidos como Sylvester, fazem sucesso e passam a cantar em todas as pitas. Além disso, era nas pistas de dança disco que os homossexuais (femininos e masculinos) poderiam se “libertar”, nem que fosse um pequeno espaço de tempo em que a boate estava aberta durante a noite. E cada minuto para quem não tem nada durante a semana é muito valioso.

Em minha opinião a DISCO é o fenômeno que mais abrange a diversidade da comunidade negra. Mulheres, homens, héteros e homossexuais, crianças, velhos, todos foram feitos para celebrar. Por conta de toda essa celebração virou sucesso no mundo inteiro, tem vertentes nos mais variados países – alguém se lembra da Eurodisco e das Frenéticas aqui no Brasil? – e foi o primeiro ritmo negro a ter grande alcance pop por todo o planeta. A alegria pura e simples é muito mais fácil de vender também.

Hoje a disco ainda está na cabeça de muita gente. Artistas como Madonna, Donna Summer, Kelye Minogue, Bee Gees, Ne-yo, entre outros reinventam referências que surgiram lá no meio da década de setenta. E viva a disco, viva a celebração! Dance, dance, dance...

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