Imagine um teatro, muito bem estruturado, novo em folha, com mais de 400 lugares, situado em um bairro do subúrbio. Imagine mais, gente descendo dos ônibus voltando do trabalho, olhando para o teatro e falando “Acho que hoje vou ao teatro hoje” como se fosse a coisa mais corriqueira do mundo. Sim isso existe, trata-se do Espaço Cultural Plataforma localizado na cidade baixa de Salvador. O lugar é mágico, tem uma energia maravilhosa e abriga pelo segundo ano consecutivo o Festival de Teatro do Subúrbio, que tem como objetivo “promover o desenvolvimento da pratica da atividade teatral entre os diversos grupos existentes no subúrbio”. Estes grupos que participam do festival (selecionados e convidados) se apresentam durante nove dias no Espaço Cultural Plataforma compondo também a programação com oficinas e palestras com as diversas técnicas e vivencias presenciadas nesta parte da cidade de Salvador.
E se você pensa que os espetáculos beiram ao amadorismo, não tem qualidade técnica, está muito enganado. É claro que existem peças e peças, mas no geral o produto que chega ao público e de uma qualidade forte. O festival abriu com nada mais que Frank Menezes no monólogo “Indignado”, sucesso do teatro baiano, a R$ 2,00 inteira. A praça situada na frente do teatro ficou lotada com gente de todo tipo e canto da cidade indo prestigiar Frank, seu espetáculo, o teatro e também conhecer o Festival do Subúrbio. O mesmo espetáculo localizado em teatros do centro da cidade ficou a preços de R$ 20,00 a meia. Ou seja, o festival entrega também grandes sucessos a um preço MUITO acessível ao publico da região e a quem estiver disposto a quebrar seu preconceito com o subúrbio e vir prestigiar o festival onde ele acontece.
Ontem fui ver O Vento. Foi minha primeira vez no festival, primeira também em Plataforma (pego dois ônibus de onde moro para estar lá) e primeiro contato também com a Cia Falando Sério de Teatro. A peça basicamente fala sobre duas coisas; feminilidade e fertilidade. Estes dois temas são cruzados por muita poesia, muita música – feita ao vivo pelos atores e músicos da Cia. – mitos africanos, Fernando Pessoa, Chico Buarque. Enfim um caldeirão. A história é básica, simples e boa: a grande mãe Gaia é germinada pelo vento e pare a humanidade, os filhos do mundo. E quem faz as mulheres que norteiam o espetáculo são os homens da Cia. Isso é um ponto muito positivo do espetáculo, pois os meninos não precisaram ficar femininos para convencer como mulheres, com suas vozes grossas e sem perder a masculinidade fazem sua performace sem muitos problemas.
Sim, a peça tem problemas, as vezes a junção de tantas culturas não fica concisa no palco. E a colagem do texto parece solta e em alguns momentos não combina. Isso destoa um pouco e mantém o público afastado da peça e a gente sabe que apesar do público estar lá sentado quietinho de alguma forma ele tem que participar da peça. Esse (acredito eu) é um dos encantos do teatro. Publico e atores se encontram de alguma forma. E em alguns momentos este encontro não era feito.
E se você pensa que os espetáculos beiram ao amadorismo, não tem qualidade técnica, está muito enganado. É claro que existem peças e peças, mas no geral o produto que chega ao público e de uma qualidade forte. O festival abriu com nada mais que Frank Menezes no monólogo “Indignado”, sucesso do teatro baiano, a R$ 2,00 inteira. A praça situada na frente do teatro ficou lotada com gente de todo tipo e canto da cidade indo prestigiar Frank, seu espetáculo, o teatro e também conhecer o Festival do Subúrbio. O mesmo espetáculo localizado em teatros do centro da cidade ficou a preços de R$ 20,00 a meia. Ou seja, o festival entrega também grandes sucessos a um preço MUITO acessível ao publico da região e a quem estiver disposto a quebrar seu preconceito com o subúrbio e vir prestigiar o festival onde ele acontece.
Ontem fui ver O Vento. Foi minha primeira vez no festival, primeira também em Plataforma (pego dois ônibus de onde moro para estar lá) e primeiro contato também com a Cia Falando Sério de Teatro. A peça basicamente fala sobre duas coisas; feminilidade e fertilidade. Estes dois temas são cruzados por muita poesia, muita música – feita ao vivo pelos atores e músicos da Cia. – mitos africanos, Fernando Pessoa, Chico Buarque. Enfim um caldeirão. A história é básica, simples e boa: a grande mãe Gaia é germinada pelo vento e pare a humanidade, os filhos do mundo. E quem faz as mulheres que norteiam o espetáculo são os homens da Cia. Isso é um ponto muito positivo do espetáculo, pois os meninos não precisaram ficar femininos para convencer como mulheres, com suas vozes grossas e sem perder a masculinidade fazem sua performace sem muitos problemas.
Sim, a peça tem problemas, as vezes a junção de tantas culturas não fica concisa no palco. E a colagem do texto parece solta e em alguns momentos não combina. Isso destoa um pouco e mantém o público afastado da peça e a gente sabe que apesar do público estar lá sentado quietinho de alguma forma ele tem que participar da peça. Esse (acredito eu) é um dos encantos do teatro. Publico e atores se encontram de alguma forma. E em alguns momentos este encontro não era feito.
Outro ponto que enfatizo é a plasticidade do espetáculo. Simples e boa. Nada que venha a mudar sua vida, te faça transcender, mas é correta. E diga-se de passagem, foi o primeiro espetáculo teatral que vi em 2010 que não saio aborrecido com o responsável pela iluminação. A luz surgia nos momentos certos, mudava nos momentos certos, tudo muito bem feito. Engraçado que encontrei perfeição técnica no subúrbio, longe de toda parafernália dos grandes teatros e dos majestosos profissionais com diplomas etc. Contraditório? Sei não viu...
O festival acontece até Domingo, com outras peças, outras temáticas, muito teatro, a dois (DOISSS) reais a inteira e tem meia entrada sim. Além disso, tem o encanto da cidade baixa e seu clima de cidade do interior, a pracinha e suas guloseimas gordurosas sendo vendidas (adoro coxinha de frango, pastel da hora, acarajé, abará, essas coisas...) e prazer de presenciar um teatro diferente feito em um local “diferente” e ótimo.
Você pode ver a programação do festival e as peças que acontecem clicando aqui.
Um comentário:
É um grande prazer fazer parte deste espetáculo na condição de músico. A fertilidade é algo por demais visto nesta arte maravilhosa que é o teatro.
Sou feliz por viver de minha arte e fazer parte da vida de pessoas tão especiais como estas do espetáculo "VENTO"
Kadu Fragoso
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