Apreciada pelos homens (de bom gosto!) soteropolitanos, a marca
InCid do estilista Cid Brito (ao lado na foto da modelo Priscila em desfile no Ensaio do Cortejo Afro) vem crescendo a cada ano com coleções sempre coloridas e inovadoras. Cid concedeu entrevista ao Blog Película Negra esta semana. Nela ele fala sobre seu talento que desenvolveu no bairro do Engenho Velho de Brotas, além da moda masculina que edifica, seu trabalho junto ao Carnaval da Bahia e o processo de construção das coleções. Cid Brito, além de um talento enorme, é dono de uma simpatia forte, o que faz a visita ao seu showroom na Avenida Centenário, garantia de uma ótima conversa, além de looks maravilhosos que são certeza de um visual único dentro do seu guarda roupa.
PELÍCULA NEGRA - Salvador conhece o Cid Brito estilista, artista plástico e aderecista... Qual identidade de trabalho veio primeiro e qual a que toma mais parte do seu tempo?
CID BRITO - Comecei a desenvolver trabalhos como artista plástico ainda na fase da escola secundária, tendo meus trabalhos escolares sempre recebendo destaque. Ainda na adolescência, participando de quadrilha junina no engenho velho de brotas, comecei e a desenvolver figurinos e adereços temáticos, sendo premiado por diversas vezes. Hoje em dia, ocupo a maior parte do meu tempo elaborando novos looks e estudando tendências do mundo da moda sempre pensando nas próximas coleções.
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Primavera Verão 2011 - Enquanto o verão não vem” | | |
Você já fez os figurinos de bandas como Psirico, do qual concorreu ao premio Dodô e Osmar em 2009, 2010 e 2011. Cortejo Afro também foi agraciado pelo seu talento. Como é o processo de construção dessas roupas e adereços? Pode soltar a imaginação sem limites, ou existem espaços dentro da criação que você não pode “exagerar”?
A minha relação com o Psirico e o Corte Afro é bem parecida. Pelo fato de trabalhar com esses grupos ha muito tempo (10 anos com o Psirico e 04 anos com o Cortejo) acabou se criando uma relação íntima e de confiança. Existe a liberdade de criação obedecendo ao critério de cada grupo, tema e ocasião. O que torna mais fácil a comunicação entre o meu estilo e os estilos dos grupos Psirico e Cortejo Afro é relação com o moderno com toque de autenticidade... O exagero não pertence ao meu estilo, sou minimalista e procuro convencer meus parceiro-clientes que menos é mais... Com 20 anos na estrada como figurinista, recebi três indicações ao troféu Dodô e Osmar como melhor figurino masculino com O Psirico e duas indicações com Cortejo Afro, como melhor fantasia afro, sendo vencedor nas edições de 2010 e 2011.
Como é o processo de criação dos figurinos para blocos de carnaval e a sua marca InCid? Existe diferença entre os dois?...
O que se tem em comum entre os dois trabalhos é a pesquisa realizada para desenvolver uma coleção ou figurino. No caso dos figurinos dos blocos ou banda que tocam no carnaval, geralmente os responsáveis elaboram um tema e desenvolvo de acordo com o trabalho proposto. No caso da inCID, como sou o único responsável pela marca e criação, busco inspiração em coisas ou pessoas que fazem parte do meu cotidiano.
A grife InCid faz moda masculina. Por que justamente escolheu o homem para vestir?
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Verão Crítico 2010/2011 |
Lembro que minha relação com roupa começou com influência de minha mãe. Ela sempre mandou fazer minhas roupas de festa de natal, São João e aniversários de amigos e parentes. Com isso, sempre fui muito elogiado pela criatividade e exclusividade. Comecei a gostar daquilo... Alguns amigos chegavam a pedir os modelos emprestados para copiar ou para vestir em outros eventos. Mais tarde, comecei a criar minhas próprias roupas e customizava outras já existentes. Percebi que a moda masculina sempre foi muito básica, o homem moderno é mais exigente, tem mais ousadia. Pensando nisso, resolvi focar nesse público e criei a inCID, que veste o homem moderno e que tem atitude...
InCid é uma marca bastante conhecida pelas suas cores. Aliás, muitos estilistas soteropolitanos usam e abusam das cores nas suas coleções. É quase um traço baiano o uso de tonalidades fortes. O que diferencia a InCid de outras marcas/coleções soteropolitanas?
As cores fortes é uma marca da Bahia, principalmente de Salvador. A moda criada numa determinada cidade, acaba obedecendo as influencias nela existente. A principal diferença da inCID em relação a outras marcas é, principalmente as modelagens de suas roupas, além dos outros atributos, como atendimento personalizado e exclusividade em muito de suas peças.
A sua marca já tem sete anos de existência. O que mudou no estilista Cid Brito do começo da experiência com público para hoje?
O contato com o público é sempre uma nova experiência. Todo o dia lido com pessoas de diferentes estilos e com diferentes formas de pensamentos e gostos. A cada dia aprendo com o que observo. Não sei se trata de mudança e sim de adaptação. Hoje, as coisas acontecem com mais rapidez, tenho que me adaptar a mudanças de acordo com as exigências das demandas.
Quais são as suas influências culturais e também no mundo da moda? Podemos ver traços da moda internacional no seu trabalho?
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Outono Inverno 2011 Metrópolis |
Fui criado em um bairro popular, onde a cultura faz parte do DNA de seus moradores. Participei de afoxé, fui idealizador de quadrilha junina, líder de equipe de gincana de bairro. Esse contato com as culturas de bairro foi fundamental pra o desenvolvimento da minha linha de trabalho. No mundo da moda me inspiro no comportamento das pessoas, no urbano, no dia a dia... Com a expansão da internet no mundo moderno e a globalização, a moda segue traços que é comum a todos os povos. É possível encontrar as mesmas tendências em Paris, em NY e aqui em Salvador, obedecendo às particularidades de cada local, como clima, por exemplo, sendo diferencias pelo tipo de tecido e adaptado com “pitadas” de regionalismo.
Voce já fez o trabalho para blocos de carnaval – considerado um grande teatro a céu aberto. Já passou pela cabeça de levar suas ideias para o teatro e cinema?
O carnaval é uma vitrine de tamanho imensurável. A repercussão de um trabalho realizado numa festa como essa extrapola fronteiras nacionais. Estou feliz com o reconhecimento e resultado dos trabalhos desenvolvidos aqui na capital baiana. Cheguei a participar de um projeto para teatro com elaboração de croquis, a peça não chegou a estrear, mas gostei muito da experiência. Adoraria receber outros convites e mergulhar nesse universo fantástico da arte de representar assim como a da sétima arte.
Alguma idéia feita exclusivamente para figurinos e adereços no Carnaval acabou migrando para suas coleções na grife InCid?
Isso ainda não aconteceu
Seus desfiles abrangem outros tipos de linguagens como por exemplo a cultura proveniente de religiões de matriz africana como o Candomblé. Como se dá a construção das performances no desfile. A concepção é inteiramente sua/ Como acontece o processo?
Fiz uma coleção no verão passado que tinha uma ligação muito forte com a água. Nada mais apropriado que homenagear a Mãe das águas, Iemanjá, num desfile temático. Tudo a ver com a Bahia e com o cenário onde ocorreu o desfile, palco dos ensaios do Cortejo Afro. A concepção dos desfiles é determinada a partir do tema proposto para coleção a ser apresentada. Em todos os desfiles realizados, fui responsável pela concepção, mas contei com parceiros importantes que alimentaram essas minhas ideias.
O que podemos esperar da InCid nas próximas coleções?
Atitude.
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Abaixo o modelo Ramirez Allenderr veste a grife InCid