Essa semana ouvi de uma professora, atuante no movimento negro há anos, segundo ela mesma, suas opiniões sobre o poder negro no território brasileiro. Ela dizia que os negros aqui no Brasil não tem poder efetivo, que são representações mixurucas e conversa vai conversa vem inventou de comparar o poder negro com a visibilidade que homossexuais tem na mídia brasileira.
Ela dizia mais ou menos assim, “a parada gay leva 3 milhões de pessoas para a s ruas... vê se na marcha zumbi dos palmares leva a mesma quantidade? Não leva! Os gays nas novelas tem representação. Os negros não tem”. Na verdade, não é a primeira vez que ouço isso aqui na Bahia. Já ouvi alguns militantes de diversas causas opinando primariamente sobre o “poder” do movimento homossexual e da não visibilidade sobre seus respectivos movimentos...
Para eles, a Parada Gay de São Paulo leva três milhões de pessoas (não sei ao certo se eles pensam que essas três milhões de pessoas são homossexuais mesmo) por conta a organização que a comunidade LGBTT tem e do seu alto poder de persuasão perante ao país. A mídia passa para eles (de forma bastante equivocada, diga-se de passagem) que homossexuais tem dinheiro, que podem fazer e acontecer, que estão nas novelas, são autores da Globo etc etc... Quando comparam com seu mundo, vêem que não tem possibilidade e se inserir nos lugares da mesma forma. Pelo menos da maneira como eles pensam.
Senti um rancor vindo da comparação feita pela professora. Uma inveja absoluta e profunda de um poder que todos (pelo menos os que se informam direito) sabem que não é efetivo. Afinal de contas do que adianta Aguinaldo Silva (gay) ser autor de novela das oito de sucesso e não poder concretizar um personagem homossexual principal em sua trama, ou pelo menos um personagem homossexual que tenha vida ativa da mesma forma que seus personagens heteros tem? – leia “vida ativa” como beijar, cenas de sexo, convivência normal.
Que poder é esse que tanto é invejado pela professora?... Um poder nenhum? Ou um quase-poder? Será que a comunidade LGBTT presa em guetos e não podendo exercer sua sexualidade livremente tem um poder efetivo. Será que estar em postos altos significa estar inserido de forma verdadeira? Quantas perguntas... Para todas há uma resposta, deixar o achismo invejoso de lado e passar a se informar direito, com referencias que valem à pena. E acima de tudo, aprender que inserção definitivamente não significa poder real!...